Nick Cave no palco cantando ao microfone
Foto de Nick Cave via Shutterstock

Nick Cave voltou a expressar seu descontentamento com alguns feitos relacionados à inteligência artificial.

Em uma nova entrevista ao The New Yorker (via Brooklyn Vegan), o icônico vocalista australiano aprofundou sua visão sobre o uso do robô ChatGPT, conhecido por usar IA para conversar e dar respostas sobre tudo, na composição de músicas.

Ao ser questionado pela repórter Amanda Petrusich se ele ficava preocupado em ver a tecnologia sendo usada dessa maneira, Nick declarou:

Minha objeção não é com a IA em geral. Para o bem ou para o mal, estamos imersos em IA. É mais uma espécie de sentimento triste e desapontado de que existem pessoas inteligentes por aí que realmente pensam que o ato artístico é tão mundano que pode ser replicado por uma máquina. Acho que isso é um insulto. Não há nenhuma razão terrena para que precisemos inventar uma tecnologia que possa imitar esse ato criativo tão bonito e misterioso. Especialmente escrever uma música.

O problema de escrever uma boa música é que ela diz algo sobre você que você ainda não sabia. Essa é a coisa. Você não pode imitar isso. A boa música está sempre avançando. Ela aniquila, até certo ponto, as canções que você escreveu anteriormente, porque você está avançando o tempo todo. O impulso criativo é isso — é criativo e destrutivo e está sempre um passo à sua frente. Esses impulsos não podem ser replicados por uma máquina. Talvez a IA possa fazer uma música indistinguível do que eu posso fazer. Talvez até uma música melhor. Mas, para mim, isso não importa – arte não é isso.

Nick Cave ainda entrou em mais detalhes sobre como a arte está ligada às limitações do ser humano e, por isso, afirma que a inteligência artificial não é capaz de atingir alguns pontos necessários para “habitar a verdadeira experiência artística transcendente”. Ele disse:

A arte tem a ver com nossas limitações, nossas fragilidades e nossas falhas como seres humanos. É a distância que podemos percorrer de nossas próprias fragilidades. Isso é o que há de tão incrível na arte: que nós, criaturas profundamente imperfeitas, às vezes podemos fazer coisas extraordinárias. IA simplesmente não tem nada disso acontecendo. Em última análise, não tem limitações, portanto não pode habitar a verdadeira experiência artística transcendente. Não tem nada a transcender! Parece uma zombaria do que é ser humano. A IA pode muito bem salvar o mundo, mas não pode salvar nossas almas. É para isso que serve a verdadeira arte. Essa é a diferença.

Então, eu não sei, na minha humilde opinião, o ChatGPT deveria simplesmente dar o fora e deixar a composição de lado.

Nick Cave e o uso de inteligência artificial

No início deste ano, Nick Cave compartilhou em seu blog a letra de uma música que tinha seu estilo, segundo um fã, que foi criada com o ChatGPT.

Ao expor sua opinião, o músico deixou claro que para ele todo material criado a partir da IA será uma réplica. Ele argumentou:

O ChatGPT pode ser capaz de escrever um discurso, um ensaio ou um obituário, mas ele não pode criar uma música. Talvez possa até fazer uma música que seja, superficialmente, indistinguível da original, mas sempre será uma réplica. Músicas surgem do sofrimento, da complexa e interna batalha humana da criação, e pelo que eu saiba, algoritmos não têm sentimentos. Dados não sofrem. O papel melancólico do ChatGPT é imitar, ele nunca poderá ter uma autêntica experiência humana, não importa o quão desvalorizada e inconsequente a experiência humana possa se tornar com o tempo.

Quem também se manifestou recentemente sobre o uso da inteligência artificial na indústria da música foi o lendário Peter Gabriel.

Em uma entrevista, ele apontou que nenhum trabalho está seguro com o avanço da tecnologia e questionou se a música gerada por IA poderia ter o efeito emocional de canções escritas por artistas humanos. Te contamos mais detalhes aqui.

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