Pink Floyd premia clipe feito com IA e recebe críticas
Reprodução/YouTube

O Pink Floyd tem recebido duras críticas depois de ter anunciado um dos vencedores do seu concurso em comemoração aos 50 anos do aclamado disco The Dark Side of the Moon.

Há algum tempo, a banda propôs que fãs de todo o mundo que trabalham com animação criassem vídeos para as 10 faixas do seu disco de maior sucesso. Porém, o uso de inteligência artificial em um dos clipes que ganhou a disputa tem deixado muitas pessoas inconformadas.

No final da semana passada, o lendário grupo de Rock Progressivo anunciou que o vídeo vencedor da música “Any Colour You Like” foi uma obra criada por Damián Gaume. No entanto, em um registro divulgado pelo próprio Pink Floyd sobre o processo de criação do clipe, o vencedor revela que usou IA para criar as imagens:

A técnica que utilizo para criar minha animação é IA. Como artista 3D, tentei seguir um caminho completamente diferente e tentar algo novo, então usei o Stable Diffusion. Instalei localmente, não usei online, treinei meus próprios modelos e usei o Blender para criar algumas imagens de referência para que eu pudesse obter algumas ideias novas da IA que usei. Foi muito divertido e agora estou me aprofundando e criando mais e mais em IA.

Pink Floyd é criticado por premiar clipe criado com IA

A declaração de Gaume gerou revolta em muitos internautas e, nos comentários da publicação do vídeo em que o Pink Floyd anunciou a vitória do clipe, os admiradores da banda de David Gilmour fizeram muitas criticas à escolha. Um deles, por exemplo, apontou:

IA não deveria contar, não requer nenhum esforço real ou talento artístico. [Não há] nenhuma visão aqui. Não eleva a música. Eu digo que o vencedor desta música precisa ser escolhido novamente.

As duras críticas pelo uso de inteligência artificial chegam após cerca de 200 artistas assinarem uma carta aberta direcionada às empresas de tecnologia para que elas se comprometam a utilizar a IA generativa de forma responsável, sem infringir ou diminuir os direitos dos criadores de música.

Nesse sentido, outro internauta complementou a reclamação:

Vocês não podem estar falando sério. Isso é gerado por IA. Eu me sinto tão mal por muitos dos artistas que dedicaram horas de suas agendas lotadas para criar obras-primas e vocês selecionam um prompt gerado por computador? Não, não pode ser isso. Melhorem, pessoal.

Já um outro fã do Pink Floyd acusou o vencedor de usar “arte roubada”, levantando outro debate importante com relação à IA:

Que vergonha! Uma banda conhecida por se preocupar em criar sua arte, escolher um vídeo que foi gerado por IA sem nenhum tipo de elaboração, usando arte roubada de outros artistas… Realmente decepcionante…

Ainda nas respostas à publicação, teve gente até ironizando a situação e lembrando de uma música da própria banda: “Welcome to the Machine”. Já no Twitter, um animador que também participou da competição criando um clipe para a faixa “Eclipse” expôs sua insatisfação por um participante ter ganhado US$100 mil usando IA na disputa:

Estou muito triste por uma criação de IA ter vencido para uma música diferente. Lamento a todas as pessoas que se esforçaram de verdade para fazer um vídeo apenas para perder para a IA.

Vale o debate, no mínimo. Até o momento, a banda não se pronunciou sobre essa vitória polêmica e você pode conferir o clipe (por enquanto oficial) da edição comemorativa de 50 anos de “Any Colour You Like” ao final da matéria.

Brasileiro venceu concurso de clipes do Pink Floyd

Ao contrário da obra vencedora de “Any Colour You Like”, um vídeo que recebeu muitos elogios foi o da música “The Great Gig in the Sky”, criado pelo animador brasileiro Bruno Mazzilli. Você pode conferir o resultado aqui.

Entre os jurados convidados para escolher os vencedores da competição, vale ressaltar, estavam o baterista fundador do Pink Floyd, Nick Mason, e o cineasta Terry Gilliam, que integrou o grupo humorístico Monty Python.

Também participaram profissionais relacionados ao mundo do Rock, como o fotógrafo e diretor Anton Corbjin, autor de diversas imagens clássicas do rock, como a capa de The Joshua Tree, do U2, e o cartunista Gerald Scarfe, que fez o design gráfico do álbum The Wall e criou as animações vistas na turnê do álbum e no filme baseado no disco.

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