Lucas Sfair, Beatles, Guns n Roses
Crédito: Divulgação

Parece que faz muito tempo, mas a inteligência artificial generativa só ficou disponível para o grande público em escala global há pouco mais de 1 ano, com o lançamento do ChatGPT. De lá pra cá, muitos debates sobre as implicações éticas da IA vieram à tona – e com razão.

No mercado da música, não foi diferente. Muitos lançamentos passaram a usar esses recursos, alguns de forma criativa, outros recreativa. Artistas começaram a experimentar mais, seja na produção das músicas, seja na realização dos clipes; e, por outro lado, as plataformas foram inundadas por artistas “fantasmas” que geram faixas artificiais em busca de plays.

Embora a preocupação seja válida, a verdade é que a inteligência artificial já faz parte das nossas vidas há anos. Na indústria musical, ela se faz presente em vários aspectos, desde a composição até a distribuição e lançamento das faixas. 

Abaixo, você descobre um pouco mais sobre a forma como a IA está presente, da música alternativa ao mainstream.

Como a inteligência artificial é usada na música?

Colaborações

A IA facilitou o famigerado feat, ou seja, a colaboração e a combinação de diferentes vocais – reais ou não.

Veja o caso do produtor musical e DJ Ed Lopes, que se uniu a Murphy e Mandraks em “Robotics”. Com uma atmosfera melódica e batidas de techno, a música apresenta um vocal inteiramente criado por inteligência artificial, desafiando o ouvinte ao repetir em inglês: “Você está pronto para o futuro?”

Parece que o futuro já chegou.

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Mixagem e masterização

O mercado da música já conta com plataformas que utilizam IA para masterizar automaticamente músicas de forma rápida e eficiente. Basta o artista enviar sua canção para que a plataforma a analise e aplique as melhores técnicas de masterização, de acordo com o estilo musical e as preferências do usuário.

Os Beatles recorreram à IA no lançamento de “Now and Then”, utilizando uma demo feita por John Lennon em seu apartamento em Nova York em 1978. A inteligência artificial foi utilizada para separar a voz de Lennon do piano que ele tocava. Isso foi feito através de um processo chamado demixing, que utiliza algoritmos para identificar e separar diferentes fontes sonoras em uma única gravação. 

A IA também foi utilizada para remover ruídos e imperfeições da gravação original, como chiados e distorções. Isso resultou em uma voz mais clara e nítida. A equipe de produção ajustou a melodia e o ritmo da gravação original para que se encaixassem com a nova versão da música. Isso foi feito através de técnicas de edição de áudio e manipulação de pitch.

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Clipes

Ferramentas como Midjourney, Disco Diffusion e Nightcafe permitem que artistas criem imagens e animações realistas e personalizadas usando apenas prompts de texto. Isso pode ser usado para criar cenários, personagens e efeitos visuais que seriam muito difíceis ou caros de produzir de forma tradicional.

Plataformas como RunwayML e Kapwing oferecem ferramentas de edição de vídeo baseadas em IA que podem automatizar tarefas como corte, sincronização de música e adição de efeitos. Isso pode economizar tempo e dinheiro para os artistas, além de permitir que eles explorem novas técnicas de edição que não seriam possíveis com ferramentas tradicionais.

Este ano, por exemplo, o Guns n’ Roses tentou inovar no clipe para uma das suas músicas mais esquecíveis, “The General”. E, no Brasil, Lucas Sfair, nada menos que o mais jovem a integrar um júri em Cannes, usou a ajuda da IA em seu clipe “O Outro Lado”

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Lyric videos

Há um grande número de plataformas que já facilitam a edição de vídeo online, permitindo criar lyric videos com animações de texto, imagens e fundos personalizados.

Um exemplo marcante e bem mais avançado do uso da IA veio ainda em 2017. Naquela época, o Muse lançou o lyric de “Dig Down” de forma inovadora. Usando as mais avançadas capacidades de aprendizado de máquina do momento, a IA vasculhou a internet em busca de vídeos contendo palavras da letra da música. 

Mas não só isso: esses trechos são, então, colados utilizando informações cronometradas da música original para criar um lyric video onde cada letra é dita por uma pessoa diferente. O processo foi repetido todo dia durante um mês. E isso foi há quase 10 anos!

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Streaming

Fã usa app do Spotify em Smartphone
Foto de app do Spotify via Shutterstock

As plataformas de streaming, como Spotify e Deezer, utilizam IA para recomendar músicas e criar playlists personalizadas para seus usuários. A inteligência artificial analisa o histórico de escuta do usuário, seus gostos musicais e outros fatores para recomendar músicas que ele provavelmente irá gostar.

A IA também é utilizada para ajudar na descoberta de novos artistas. Plataformas como o “Soundcharts” utilizam IA para analisar dados de streaming e redes sociais para identificar artistas emergentes com potencial para alcançar o sucesso.

A Inteligência Artificial faz parte da indústria da música

Com tudo isso, fica claro que a inteligência artificial na indústria da música já é uma realidade. Enquanto o mercado ainda busca soluções éticas e legais para lidar com os desafios provenientes desse avanço rápido, os artistas continuam testando os novos limites dessa parceira de criação. 

De uma coisa, não há dúvidas: a IA tem o potencial de revolucionar a forma como a música é criada, distribuída e consumida. 

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