Hayley Williams, do Paramore
Foto por Lindsey Byrnes

Hayley Williams é uma das vozes femininas mais poderosas no cenário musical e não é de hoje que ela faz questão de usar sua plataforma para ajudar em causas sociais dos mais diversos tipos.

Em uma publicação recente, no entanto, ela falou especificamente sobre a cultura do abuso que tem estado tão em evidência nos últimos tempos e especialmente nos dias que antecederam a postagem por conta dos casos que envolvem a Burger Records.

Usando seu Instagram, a vocalista do Paramore e dona de um dos melhores discos do ano com sua estreia solo em Petals for Armor se dirigiu a todos os membros da indústria pedindo uma melhoria nos comportamentos e incentivando as vítimas de abuso a continuarem expondo os casos, acreditando que é só assim que esses valores passarão a ser intrínsecos à cultura musical.

Ela ainda citou por nome dois casos específicos. Um foi o de Clementine Creevy, frontwoman da banda Cherry Glazzer que relatou ter sofrido abuso ao se relacionar sexualmente com Sean Redman, da banda The Buttertones, quando tinha 14 anos e ele tinha 20.

O outro foi o de Lydia Night, que contou situação parecida sobre seu envolvimento com Joey Armstrong — filho de Billie Joe Armstrong (Green Day) e baterista do SWMRS — enquanto tinha 16 anos e ele tinha 22. Você pode saber mais sobre este caso nesta matéria.

Abaixo, você confere o texto de Hayley na íntegra com nossa tradução logo em seguida.

Hayley Williams e poderoso texto sobre cultura do abuso

https://www.instagram.com/p/CC4sFj6pJuI/

Tenho lido várias mensagens de amigos e colegas da cena musical que viveram abusos sexuais e de outros tipos nas mãos de caras de bandas ou de outras partes da nossa indústria. Faz o meu estômago doer e deixa meus olhos vermelhos. É muito doido para mim como as ‘frontwomxn’ podem ser inspirações tão poderosas para tantas pessoas jovens, que nos veem como estando muito ’em controle’ de nós mesmas e de nossos arredores imediatos quando estamos em um palco. Eu sei que esse sentimento ‘poderoso’, para mim, é real — eu realmente sinto esse empoderamento, que transcende qualquer noção de gênero; a liberdade de ser tão mais do que a soma das minhas partes literais — quando estou no palco.

Mas a verdade é que, todos nós ‘pessoas da música’ somos primeiramente seres humanos. As ‘frontwomxn’ são vulneráveis e sentem vergonha assim como qualquer pessoa jovem que siga qualquer outro caminho na vida. E os caras das bandas? Bom, eles definitivamente também são vulneráveis e infelizmente — conscientemente ou não — estão enrolados na toxicidade de uma cultura que existe desde antes de muitos de nós nos tornamos fatores nela. É imperdoável e não há nenhuma forma de mudá-la a não ser chamar a atenção e cortá-la.

É com um tipo pesado de gratidão que eu reconheço que eu de alguma forma passei por toda a minha carreira majoritariamente sem cicatrizes. Ainda que eu tenha as minhas próprias histórias e perspectivas nos relacionamentos que envolvem desequilíbrios de poder impróprios, narcisismo, e só o fato de ser uma jovem mulher na ‘cena emo’ do começo ao meio dos anos 2000, eu sou um raro caso de quem não tem nenhuma história realmente horripilante.

Toda essa divagação é realmente para dizer que eu tenho tanto orgulho das minhas colegas que recentemente se livraram do peso dos segredos que elas guardavam por medo de vergonha ou culpa. Eu estou junto com elas para continuar ajudando a nossa causa coletiva: proteger as mulheres e as pessoas jovens na cena da música.

Para não tomar mais espaço do protagonismo das vítimas do que já tomei, eu só vou finalizar com isso: Procurem em seus corações se vocês estão fazendo tudo que podem para reconhecer o sexismo e a misoginia — até em suas formas mais diluídas — nas nossas cenas musicais. GRAVADORAS, EMPRESÁRIOS, BANDAS, ETC… nós todos somos responsáveis por criar a cena, o padrão, a cultura. Nós devemos continuar expondo o comportamento inapropriado e termos uns aos outros em um padrão maior de respeito e empatia! Isso vale para as pessoas que estão nos palcos, por trás deles, *e* à frente deles.

Todo o meu respeito a Clem [Clementine Creevy, frontwoman do Cherry Glazzer, que relatou abusos de Sean Redman, do The Buttertones] e Lydia [Night, do The Regrettes, que relatou abusos de Joey Armstrong, do SWMRS] e às outras que deram um passo à frente. Vocês são corajosas e têm valor.

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