Elza Soares
Foto: Divulgação

Nesta quinta-feira (20), o Brasil perdeu Elza Soares, um dos maiores nomes da música brasileira.

A cantora e compositora faleceu aos 91 anos em sua casa no Rio de Janeiro exatos 39 anos depois que seu ex-marido, Garrincha, nos deixou. Ele morreu em 20 de Janeiro de 1983, aos 49 anos, vítima de cirrose causada pelo alcoolismo que transformou sua vida e inclusive seu casamento.

O craque do futebol que defendia as cores da camisa do Botafogo nos anos 1950 e 1960 foi companheiro de Elza por quase duas décadas, tendo uma relação bastante conturbada. Os dois se conheceram em 1962, quando o jogador era casado com sua primeira esposa.

No ano seguinte, Garrincha e Elza assumiram seu relacionamento, mal visto pela imprensa e pelo povo brasileiro. Ambos perseguiram o casal por anos e acusavam a cantora de ter destruído o primeiro casamento do jogador.

União com Garrincha e revolta popular

Em 1966, eles oficializaram o matrimônio e a cerimônia foi motivo de revolta, pois Elza continuava sendo vista apenas como uma amante. Como se estivesse nos tempos da Inquisição, ela precisou vender sua residência no Rio e se mudar com o marido para São Paulo, a fim de diminuir os ataques que sofria.

Além de pedras arremessadas em sua porta, a artista chegou a ser impedida de realizar um show na Mangueira por causa da multidão que não aceitava seu casamento e precisou sair disfarçada do local.

Em outra situação desagradável, Elza, ao se hospedar em um sítio no Rio com Garrincha, ouviu tiros em determinado momento e, ao correr pela casa, levou um tombo e perdeu um bebê que ela ainda nem sabia que esperava.

Elza Soares não baixa a cabeça

Como resposta, Elza gravou o samba “Eu Sou a Outra”, registrado no álbum Um Show de Elza (1965). Na época, a letra incomodou ainda mais a opinião pública e a imprensa. Inclusive, alguns radialistas quebravam o disco com a canção no ar, o que era comum para demonstrar descontentamento quando um lançamento acontecia.

Depois que a primeira esposa de Garrincha morreu, Elza resolveu adotar as seis filhas do jogador. Elas foram morar na mesma residência em que o casal vivia com dois dos três filhos do primeiro casamento de Elza — um deles morreu de fome na década de 1940.

Em 9 de Julho de 1976, nasceu Manoel Francisco dos Santos Júnior, apelidado de Garrinchinha. O único filho da cantora com Garrincha morreu tragicamente em um acidente de automóvel em 1986, três anos depois do pai.

Antes da morte de Garrincha, Elza sofreu muito por conta do vício do marido em álcool, o que foi motivo de brigas homéricas que culminaram no divórcio em 1982. Há relatos inclusive de agressões e abusos sofridos pela cantora. No ano seguinte, o jogador faleceu.

Outros relacionamentos depois de Garrincha

A cantora passou diversos anos sem querer se casar, mas deu nova chance ao amor em 2002, quando conheceu Anderson Lugão, que introduziu Elza ao meio do Hip Hop, da música eletrônica e outros movimentos da atual cena brasileira.

Em 2008, ela se separou e conheceu seu mais recente marido, Bruno Lucide, com quem se casou no civil pouco tempo depois. Em 2012, os dois terminaram, apesar do divórcio ter sido oficializado apenas em 2018.

Com mais de 60 anos de carreira, Elza Soares seguiu ativa mesmo quando sua saúde já estava debilitada e lançou três discos importantíssimos na última década: A Mulher do Fim do Mundo (2015), Deus é Mulher (2018) e Planeta Fome (2019).

Que descanse em paz.

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