Tato (Falamansa)
Foto: Pinguim (@arthisdd)

A virada de 1999 para 2000 foi marcada por promessas, sonhos e expectativas. Enquanto isso, nas rádios e na televisão, as coisas ficaram na mesmice. O pagode e a MPB dominavam as rádios. No entanto, essa transição também coincidiu com a popularização do forró universitário, gênero jovem que, com raízes no revolucionário gênero nordestino, era diferente da estética pop da nova geração, de nomes como Sandy & Junior e KLB.

Um dos principais protagonistas deste movimento foi a Falamansa. Formada por Tato (voz e violão), Alemão (zabumba), Dezinho (percussão) e Valdir (acordeão), a banda surgiu em 1998 e não tardou para emplacar sucessos, fazer shows por todo o Brasil e ganhar o devido reconhecimento. A consagração da crescente visibilidade, no entanto, veio no ano de 2000, quando, pela gravadora Deck, o grupo lançou o disco de estreia Deixa Entrar.

Além de dar um novo fôlego para o forró, a banda paulista ajudou a dar ao gênero uma amplitude mais nacional. Completando 20 anos em 2020, o álbum é recheado por sucessos que hoje são certos em qualquer playlist de festa junina. Inclusive, nesta época do ano, temos a certeza de que estaríamos em uma festa dessas dançando agarradinho com alguém ao som de “Xote dos Milagres” ou “Rindo à Toa“.

 

“Pensei que seria engraçado, no meio de um evento de rock, chegar cantando uma música mais calminha”

Aproveitando o gancho do aniversário do disco, entramos em contato com Tato, que bateu um papo muito legal conosco. Os assuntos foram diversos, onde desde a interessante história de formação do grupo até a comunicação virtual dos tempos modernos.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

TMDQA!: Você começou a carreira como DJ de forró e a banda em si surgiu para participar de um concurso. Nesse concurso, vocês tocaram “Asas” e se deram muito bem. Como foi essa fase inicial até a parceria com a Deck e a explosão do primeiro disco?

Tato: Eu tinha acabado de voltar da Alemanha e fui fazer faculdade em São Paulo. Eu não tinha banda ainda, apesar de escrever desde moleque. Eu tinha vergonha de tocar, mas quando voltei do exterior me vi no lugar de uma pessoa que ninguém conhece e que pode ser quem quiser ser. Nessa época, conheci Itaúnas, no Espírito Santo, que pode ser considerada o berço desse movimento do forró universitário do final dos anos 90. Foi dali que o gênero passou a se espalhar para outros estados do Brasil. Por causa disso, conheci meus primeiros amigos de São Paulo. Inspirados, começamos a fazer eventos de forró só para poder juntar a galera. Como eu era, teoricamente, o que mais se aproximava da música, eu acabei ficando no som. Isso foi o que me levou a ser DJ. Era uma coisa tranquila, de colocar o som para a galera dançar.

Só que durante todo esse tempo, eu me mantive escrevendo coisas. E, por causa da presença do forró na minha vida, as minhas composições começaram a sair no ritmo de xote, de forró, de baião. “Asas”, por exemplo, eu fiz como baião. Eu vi a chance de, nesse festival, poder apresentar a minha música. “Não preciso ter uma banda em si”, pensei. Só que, quando eu cheguei lá, descobri que eram inscrições apenas para bandas. Eu falei na hora da inscrição que eu tinha banda e, quando ele perguntou o nome, fiquei pensativo. Como tinha só galera do rock, falei “Falamansa”, porque pensei que seria engraçado, no meio de um evento de rock, chegar cantando uma música mais calminha. Aí fizemos a inscrição.

Terminando esse festival, em que ficamos em segundo lugar, um cara que era produtor de eventos nessas noites de forró sugeriu de fazer uma noite só com a gente de apresentação. A ideia era fazer na terça, um dia da semana que sequer tinha forró, para começar por baixo mesmo. Aí começamos a fazer toda semana, e isso deve ter vingado uns dois anos, até que não foi mais possível. Com o passar do tempo, passamos a fechar a rua. Cabiam umas 800 pessoas no lugar, mas ficavam umas 3.500 do lado fora fechando a rua. Foi surreal, e foi justamente nessa época que a Deck chegou até nós. Eles viram todo esse alvoroço que nasceu espontaneamente e não de um grande empresário. Chamaram a gente para fazer um disco.

A Falamansa, naquela época, já era uma banda autoral. Nos primeiros shows já mandávamos “Rindo à Toa” e “Xote dos Milagres”. A gente também tocava covers, mas não era a nossa praia. A gravadora, pensando como tal, queria fazer um disco de covers, só com clássicos. Foi um fiasco! Eles pediram isso e, quando chegamos no estúdio, estávamos desanimados porque queríamos as nossas músicas. O pessoal concluiu que estava ficando “uma bosta”, e eu vi a minha carreira, que mal tinha começado, acabando. Sem falar que não tínhamos muito tempo para estúdio. Na época, a gente tocava quase todos os dias.

TMDQA!: Mas de alguma maneira vocês conseguiram dar a volta por cima, certo?

Tato: A gente passou a ver uma galera fazendo disco nosso e vendendo no camelô. Eu lembro de uma coletânea de quatro volume vendendo por aí, que na verdade era um show nosso. Mas ninguém sabia que era de fato nosso, porque a nossa cara não aparecia. As capas tinham umas caveirinhas, umas rosinhas… Era muito louco, porque eram discos que não eram nossos, mas com as nossas músicas e a gente tocando.

Nesse meio tempo, a gente entrou no estúdio e tentamos nos autoproduzir, mas não saía. A galera do estúdio viu que estávamos perdidos e Roberto Lazzarini e Sizão Machado se ofereceram para produzir. Nessa, a gravadora, que havia desistido do projeto, recebeu do nosso empresário o disco quase finalizado, e aí eles se convenceram. Acho que nisso tudo, de sermos iniciantes, tem uma certa pureza e uma certa simplicidade. Daí lançamos o disco pela gravadora, agora completamente autoral. Aí a história segue.

TMDQA!: Acredito que a galera tenha comprado esse som por essa questão de sinceridade e de simplicidade. Acho que existe essa “aura” natural.

Tato: Na época, era algo muito único. Era novidade. Tentar fazer esse som, teoricamente antigo, mas renovado por uma molecada, não era muito comum. As músicas em si ajudaram muito, porque na época reinava o pagode romântico. Nossas letras falam mais de alegria, de positividade… Querendo ou não, naquele momento, existiam muitas coisas por trás daquela sonoridade. Era a galera que já estava conhecendo o forró, que ia para uma festa e já sentia vontade de dançar junto. Na nossa história musical, quantos movimentos fizeram as pessoas se juntar para dançar junto? Pouquíssimos! Tivemos fases, é claro, mas, quando veio a bossa nova e a Jovem Guarda, as pessoas foram se afastando. Com nossas músicas, os jovens acharam uma “balada” para ter brecha para chamar alguém para dançar. O primeiro disco acabou vindo muito carregado por essas descobertas.

 

“Uma abertura muito maior sobre a própria palavra ‘forró’”

TMDQA!: E qual você considera a principal fórmula para o sucesso do Falamansa? A gente tem os palpites de que é um disco leve e bem humorado, mas o que você acha que foi o Falamansa e não outro grupo surgido por essa época?

Tato: Eu acredito que a Falamansa era a “tecla SAP” daquilo tudo. O meu lado compositor é muito ligado a escrever uma música que não limite público. Eu acho que pegamos aquilo tudo e explicamos de uma forma simples e bem pura. Tinham bandas novas que já tinham o intuito de soar mais tradicionais. O bom da Falamansa não está na musicalidade em si. Eu ouvia indie rock antes e não tinha uma leitura como essa galera já tinha. Eu fiz do jeito que a minha cabeça entendia. As linhas melódicas da banda não partiram necessariamente do forró, mas sim de referências melódicas da época. Isso fez com que o som soasse mais “universal”, sem regionalizar tanto. Eu sequer uso palavras como “sertão”, porque soaria até falso eu falar de algo que não faz parte da minha vivência. Isso fez a diferença.

TMDQA!: Eu vejo esse movimento do forró universitário como um divisor de águas no entendimento do brasileiros sobre o forró. Antes, era visto como algo super regional. Era impensável um artista do Sudeste fazer isso. Como você mesmo disse, esse movimento ajudou na expansão da sonoridade do forró por um lugar que não é o local de origem. Qual a sua visão sobre a regionalização desse gênero?

Tato: A gente está falando de um gênero que tem mais de 120 anos, então temos que analisá-lo como uma linha do tempo de altos e baixos. O Luiz Gonzaga trouxe o forró à tona nacionalmente. Depois, isso tudo voltou a ficar em evidência por causa do Gonzaguinha. Veio um novo boom na década de 70 com uma coisa mais regionalizada. O forró carrega consigo um preconceito forte por parte da população, que impede que ele fique em evidência por muito tempo. O movimento do forró universitário fez o gênero reaparecer com uma preocupação em respeitar as raízes do ritmo. Isso permitiu uma abertura muito maior sobre a própria palavra “forró”, que passou a ser fantasiada com outros elementos musicais, como vemos hoje com Wesley Safadão e Xand Avião. É um outro gênero musical que se aproxima mais até do sertanejo universitário.

Inevitavelmente, ainda é estereotipado demais. Se você pegar todo o repertório da MPB de depois dos anos 60 e 70, muito dela tem fundamento no xote, baião ou rastapé. Está em tudo: Gil, Caetano, Djavan, Maria Gadú, Vanessa da Mata… Se você analisar toda essa galera e muitos outros, você percebe esses elementos. É muita gente que faz baião, mas ninguém fala sobre. A gente fala muito sobre a influência do samba, mas pouco sobre a do forró. É engraçado.

 

“Forró soa segmentado, enquanto a MPB abrange tudo isso”

TMDQA!: Hoje em dia, muito por causa dos avanços tecnológicos e a consequente facilitação da produção musical, as canções têm ficado mais fluidas, incorporando vários elementos ao mesmo tempo e evitando ao máximo ser algo “classificável”.

Tato: O Criolo é um ótimo exemplo disso. Eu estava conversando com o [Daniel] Ganjaman sobre essa presença e ele falou que em vários discos do Criolo ele coloca a batida da zabumba. Realmente, é algo muito presente. Mas é mais fácil um artista se intitular MPB do que forró, porque forró soa segmentado enquanto a MPB abrange tudo isso. É legal ver essa presença sempre constante nas músicas. Hoje mesmo, você pega um grupo como a Melim, por exemplo, e ali tem tudo: xote, baião, folk… O nosso pop, o pop tupiniquim, é isso!

TMDQA!: Na época, vocês imaginavam o barulho que a banda faria no país inteiro e na percepção de parte do público sobre a música nordestina? Como foi assimilar que o Falamansa se tornou, de um ano para outro, a nova “face” do forró? Eu, por exemplo, sou incapaz de imaginar uma festa junina sem músicas do Falamansa nas playlists.

Tato: O Falamansa é uma banda relativamente nova na história do forró. Ver ela inserida em algo tão folclórico, como as tradicionais festas juninas, é algo muito louco. A gente não imaginava isso acontecendo. Somos uma banda muito de estrada. Não temos férias. Sempre amamos o “fazer”. Temos a sorte de compartilharmos esse desejo. Somos concentrados. Em nenhum momento nós questionamos o nosso som, o que é ótimo. Sempre nos mantivemos assim, e acho que isso ajudou a manter o foco da banda.

TMDQA!: Isso é uma questão legal de fidelidade. Hoje em dia, vemos artistas novos e artistas mais consagrados tentando se habituar às inovações musicais, o que é ótimo também. Temos bandas como Barão Vermelho convocando artistas mais novos para chamar um novo público para suas músicas. Temos artistas como a Anitta, que foi trilhando sua carreira musical de forma a seguir um padrão mercadológico. O Falamansa, em contrapartida, tem essa coisa raiz, mesmo com vários novos estímulos musicais, inclusive no que diz respeito ao forró. Em nenhum momento foi plantada uma “sementinha” em vocês de buscar algo mais “atualizado”?

Tato: Nós criamos uma raiz muito forte, por mais que coloquemos guitarra ou ukulele nas músicas. Mas foram precisos 21 anos para isso. Não é algo que se faz rapidamente. É algo que eu vejo nos Titãs, no Barão ou em qualquer outra banda. Eles têm raiz tão atrelada às suas origens que agora os outros estilos estão chegando neles. Não são eles que estão chegando nos outros estilos. Agora, pela primeira vez na história da banda, a Falamansa sente essa liberdade. Estamos vendo essa galera mais nova querendo chegar na gente. Henrique & Juliano nos chamaram para gravar música com eles. Falaram que ouviam a gente quando era menores. Para nós, o legal disso tudo é exatamente isso: conseguir ser uma representatividade do nosso estilo. É o que você falou da festa junina, por exemplo.

 

“A gente ainda não conseguiu encontrar um elo entre o que a gente faz e a internet”

TMDQA!: Vocês trazem muito a estética do “ao vivo”, do contato físico. Como vocês estão se adaptando à pandemia? Que alternativas vocês têm encontrado para acalmar o coração dos fãs?

Tato: É difícil, cara. Na minha particularidade de músico, o que eu faço é show. Eu não consigo ainda entender muito bem a live como um show. A live não é o meu barato, mas a ideia de fazer é justamente entregar algo para os fãs e especialmente entregar bem estar. Em contrapartida, a Falamansa é uma banda extremamente ligada aos princípios. Falamos sobre festa, alegria, amor, consciência coletiva, amizade. Fazer lives é uma coisa que foge um pouco dos nossos princípios. A gente entra em um conflito. Fizemos a “Live do Falamansa” recentemente, respeitando as regras, mas é algo que é difícil se manter fazendo, porque envolve muito dinheiro para fazer algo legal. Por enquanto, é a saída que estamos encontrando.

TMDQA!: Talvez isso gere certa dualidade, porque a Falamansa é justamente uma banda do movimento, do “dançar junto”, da união…

Tato: A ideia já acaba no “dançar junto” [risos]. É um momento delicado. A cura vai ser a vacina mesmo, mas tenhamos esperança de que isso vai passar logo. Enquanto isso, estou aproveitando para passar um tempo maior com minha família. É importante a gente pensar isso também. A gente está em uma época do ano em que eu não conseguia parar em casa, e eu estou com um filho recém-nascido de cinco meses. Se estivesse tudo normal, provavelmente eu não estaria aqui. Quantos feriados de São João eu passei tocando longe de casa, mas desejando estar perto da minha família?

TMDQA!: Essa questão das lives me leva a uma outra pergunta. A banda vivenciou essa transição abrupta da mídia física para o foco total no streaming. Como foi isso para a Falamansa e como foi encontrar esse novo tipo de público engajado na internet?

Tato: Honestamente, eu acho que a Falamansa ainda não encontrou esse caminho da internet. Somos uma banda que ainda foca nos shows. A gente ainda está engatilhando nas redes sociais. Talvez porque a gente ainda não conseguiu encontrar um elo entre o que a gente faz e a internet. O que mais aproxima a gente da internet hoje é o fato de que somos uma banda de mensagens positivas, que é, de certa forma uma vertente da internet. Eu acho que a gente ainda não se encaixou nesse contexto virtual. Podemos dizer que, para esse mundo digital, os conteúdos da Falamansa ainda são conteúdos “alternativos”. Pode demorar, mas achamos que é uma vertente que tem seu público. Não sou eu dentro de uma piscina de miojo, por exemplo. Sou eu falando que “um sorriso ajuda a melhorar”.

Acaba que isso mexe muito no processo da banda também. Hoje o sucesso é muito medido através de views e seguidores, e o Falamansa não tem números expressivos nesse contexto. Isso prejudica muito a gente hoje. Eu sinto que a gente é maior no nosso existir do que nas redes. Dá para fazer uma comparação entre algum artista novo com 5 milhões de seguidores e uma banda de 21 anos com 100 mil. Mas a gente quer mesmo são os seguidores verdadeiros. Aí a gente chega em um ponto. A gente não tem 100 mil, mas a gente faz shows para 200 mil. Que contagem é essa? O que vale mais? Os 100 mil que a gente vê todo mês ou os 100 mil que estão no Instagram?

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TMDQA!: Ao mesmo tempo, essa subversão mercadológica ao mundo digital é algo recente, de uns 5 anos para cá. A internet ainda precisa entender melhor como reagir com essas métricas e qual é o valor delas para a carreira de um artista.

Tato: A internet pode gerar uma falsa ilusão, que pode ter a ver com muita coisa. Por exemplo, no caso de shows, não é todo mundo que está na internet que vai em shows. Mas todo mundo que vai em show está na internet. Tem muito fã na internet que é menor de idade para comparecer a shows. A verdade é diferente. Não dá para achar um novo medidor para isso justamente porque a coisa já nasceu assim. Mas acho que a coisa é justamente aprender a não se iludir ou se frustrar com isso. Se a gente for medir o nosso próximo trabalho através dos números das redes sociais, a gente chora [risos]. Mas compara um show nosso com o show de um artista com milhões de seguidores. Ele fala 80% com crianças e adolescentes. A gente, não.

Eu acho que tudo se resume justamente no “ser” e no “fazer”. Se colocarem um microfone na sua mão, o que você vai saber mostrar ao público? Então, o seu mérito está aí. A internet só me incomoda quando ela eleva o que não é palpável, o que não existe. O cara que é famoso porque fala um bando de coisa e a mina que é famosa porque posta foto de oitocentos ângulos diferentes por dia. Se tirar isso deles, eles são o quê? Sem a internet, o carpinteiro pode fazer um móvel e o cantor pode cantar, mas e essa galera? Chega a ser preocupante, porque a vida de internet vai passar a ser o objetivo de muitos jovens por aí que vêm isso como sucesso. Se “puxar a tomada”, eles ficam sem ter o que fazer.

TMDQA!: Nesse tempo de estrada e com essa vivência de carreira, como você vê a evolução do Falamansa?

Tato: Nesses 21 anos, é bem visível o nosso amadurecimento musical, mas eu diria que talvez o nosso maior mérito pessoal seja exatamente o que não mudou. Eu acho que não mudar em algumas coisas é muito difícil para o ser humano, que quer sempre se reinventar. Isso não só com relação à fidelidade musical, mas também com relação aos princípios, sabe? Não mudar o jeito de ser, o jeito individual, é para poucos. Vemos muita gente por aí subindo um em cima do outro. A gente assistiu tudo isso de um barquinho simples, sem almejar um iate. Isso é difícil em qualquer profissão. Isso mostra também o nosso amadurecimento. Também foi muito importante termos essa conectividade de pensamento.

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