cena de Assassinos da Lua das Flores
Foto: Reprodução

O ano de 2023 foi de grandes desafios para a indústria cinematográfica. As greves de atores e roteiristas, que duraram mais de dois meses, atrasaram a produção de muitos filmes e Hollywood, que começava a juntar os cacos pós-pandemia, já se viu obrigada a lidar com mais uma crise.

Apesar desses desafios, o ano também foi marcado por alguns filmes excelentes. Com a má fase absurda dos filmes de heróis (tanto na DC quanto na Marvel), algumas surpresas positivas ganharam espaço e conquistaram o público e a crítica.

O TMDQA fez uma lista dos 10 melhores filmes de 2023 para que você pule direto para as produções que são a nata dos catálogos atualmente. Confira abaixo!

10. AIR: A História por trás do Logo (Prime Video)

“Um tênis é só um tênis até que alguém o vista”. E quando esse alguém é Michael Jordan? AIR é um filme de ficção inspirado na história real de como a Nike conseguiu assinar um contrato com a maior promessa do basquete nos anos 1980, um garoto chamado Michael Jordan. Para quem não sabe, a Nike não era lá essas coisas antes de ter MJ como seu principal garoto-propaganda, e o contrato entre a empresa e o atleta revolucionou a forma como as fornecedoras de materiais esportivos passaram a lidar com jogadores dos mais diversos esportes.

Ben Affleck dirige de forma muito inteligente, com uma excelente ambientação na década de 80  por meio de figurinos, maquiagem e fotografia. Matt Damon, seu grande parça, não está genial como em seus melhores papéis, mas consegue levar um filme desse com o pé nas costas. A reação de praticamente todo mundo ao assistir a AIR é que ele é muito mais divertido do que parece.

9. Fale Comigo (YouTube, Apple TV+ e Google Play, para aluguel)

Filmes de terror geralmente são ignorados em temporadas de premiações, mas não podem ficar de fora das listas de melhores do ano. Em 2023, foram vários títulos satisfatórios e Fale Comigo acabou sendo uma grande surpresa.

A história é criativa e não precisa de muitas explicações: jovens utilizam uma mão embalsamada para fazer contato com espíritos, mas tudo sai do controle quando uma jovem abalada psicologicamente tenta participar da brincadeira.

Além de cenas assustadoras, o filme levanta questionamentos relevantes sobre superexposição nas redes sociais e a importância de observar se pessoas próximas estão em momentos de vulnerabilidade e fragilidade. Bom demais!

8. O Assassino (Netflix)

A combinação David Fincher + Michael Fassbender + Netflix trouxe um filme que passou abaixo do radar de grande parte do público brasileiro, mas que merece bastante atenção.

O Assassino é um thriller sobre um matador profissional que busca vingança após consequências trágicas de um dos seus trabalho. Este é um grande trabalho do diretor, que, depois de tantos anos fazendo suspenses psicológicos, está cada vez mais refinado e menos propenso a utilizar firulas desnecessárias.

O Assassino é um filme direto e conta com a experiência para entregar uma experiência excelente. A trilha sonora é dos ótimos Trent Reznor e Atticus Ross e a atriz brasileira Sophie Charlotte está no elenco.

7. Ninguém Vai Te Salvar (Star+)

Suspense com ficção científica é uma combinação maravilhosa, não é mesmo? Apesar de vez ou outra surgirem surpresas como A Vastidão da Noite (2020), não é sempre que isso acontece. Mas aqui o raio caiu novamente nesse lugar e Ninguém Vai Te Salvar está aí para provar!

Quase sem nenhum diálogo, o longa transita entre sustos e uma interessante análise sobre ansiedade, empatia e pertencimento. “Se eu me sinto excluído diariamente por colegas, família e toda a sociedade, será que a ideia de uma invasão alienígena seria realmente tão ruim?” Filmaço, com cara daqueles filmes antigos de ficção.

6. Retratos Fantasmas (Netflix)

Tem sido uma tendência em Hollywood a produção de filmes sobre a vida e as memórias dos próprios diretores. Belfast (Kenneth Branagh, 2021) e The Fabelmans (Steven Spielberg, 2022) são alguns exemplos dessa fase, então não é surpresa ver algo parecido surgindo no Brasil.

Ainda bem que isso aconteceu justamente com Kléber Mendonça Filho, um dos nossos maiores diretores da atualidade, que usa o documentário Retratos Fantasmas para visitar a cidade de Recife do passado, conferindo como os cinemas de rua espalhados pela capital pernambucana sofreram transformações ao longo dos anos.

A maioria das análises de portais especializados atribuiu a “melancolia” como uma sensação constante ao assistir à obra, mas vale a pena conhecer a história do porquê desses locais tão queridos terem virado ruínas do que já foram um dia.

5. John Wick 4: Baba Yaga (Prime Video)

Quando uma franquia se estende muito, já fica aquela sensação de que um filme bem ruim está prestes a chegar. Para a nossa alegria, não foi isso que aconteceu em John Wick 4: Baba Yaga e, na verdade, foi exatamente o contrário.

O quarto longa do assassino profissional superou seus antecessores e ficou no mesmo nível do excelente filme de estreia, algo inimaginável mesmo nas sagas mais populares.

Aqui, Keanu Reeves repete uma atuação protocolar como o protagonista, mas dando continuidade ao padrão elevado de coreografias de luta com o uso de objetos inusitados em combate e cenários deslumbrantes.

JW4 expandiu a mitologia, apresentou personagens maneiríssimos e deu uma esperança enorme pelo que pode vir pela frente.

4. Oppenheimer (YouTube, Apple TV+, Prime Video e Google Play, para aluguel)

Uma das metades da laranja “Barbenheimer” também merece reconhecimento pela pompa midiática que conseguiu.

Toda estreia de Christopher Nolan já é um grande evento, mas Oppenheimer fez parte de um momento histórico para o cinema devido à “competição” com Barbie. O filme ainda é focado em um dos maiores gênios da história, J. Robert Oppenheimer, criador da bomba atômica, outro atrativo natural para suas sessões no cinema.

O destaque do filme se dá pela ótima viagem pelo processo de crescimento profissional, a escolha para liderar o Projeto Manhattan e a consequente elucubração sobre a herança terrível que seus estudos poderiam deixar.

Alguns aspectos deixam a desejar, como minimizar o lado pessoal do cientista e forçar uma reviravolta no final do arco político apresentado, mas Oppenheimer continua sendo uma grande obra. Cillian Murphy finalmente ganhou um papel principal e olha… provou que é um dos melhores atores da sua geração!

3. Barbie (HBO Max)

É simplesmente impossível ignorar o maior fenômeno midiático do cinema em 2023.

Além de protagonizar uma histórica batalha por bilheterias ao estrear no mesmo dia que Oppenheimer (de Christopher Nolan), Barbie conseguiu colocar nas mesas de todo o mundo debates sobre padrões de beleza inalcançáveis, objetificação, patriarcado e políticas nefastas de consumismo endossadas pelas mesmas empresas que juram ser engajadas socialmente. Tudo isso com Margot Robbie e Ryan Gosling inspiradíssimos sob o comando da diretora Greta Gerwig.

Como definido aqui no TMDQA, Barbie é “uma obra criativa, surreal, colorida e espalhafatosamente debochada”. O filme não é restrito à audiência feminina, mas quem não gostar dessa perspectiva já não fazia parte do público-alvo que assistiria ao filme de qualquer jeito.

2. Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (HBO Max)

Em um período de crise na indústria dos super-heróis, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso pediu licença e mostrou como se faz.

Conseguindo a proeza de elevar o nível apresentado no seu antecessor, de 2018, a aventura de Miles Morales pelo multiverso aprofundou as questões pessoais dos protagonistas, criou novos dilemas éticos e morais que são clássicos do personagem e, de quebra, foi um deleite visual, explorando ainda mais formas de animação para contar todas essas histórias.

Que honra presenciar nas telonas os filmes desta saga, que será encerrada em 2024 com o terceiro filme da trilogia.

1. Assassinos da Lua das Flores (YouTube, Apple TV+, Prime Video e Google Play, para aluguel)

Apesar de Martin Scorsese estar envolvido em discussões bem chatas ultimamente sobre o que é cinema ou não, o experiente diretor sabe do que está falando e provou isso com mais uma obra-prima.

Assassinos da Lua das Flores toca em um assunto delicado, propondo reflexões sobre os crimes cometidos contra o povo Osage, nos Estados Unidos, depois que reservas de petróleo foram descobertas em seu território, ali na década de 1920.

O filme é um primor técnico, com ótimas atuações, como já esperado de Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, e com a surpreendente Lily Gladstone roubando a cena. Porém, além disso, ele se torna uma ótima ferramenta para questionar a origem da liberdade conquistada por estadunidenses a partir da violência contra povos originários, algo que também pode ser transposto para a realidade da América Latina, África, Ásia e Oceania.

É um filme longo, pesado devido à temática indigesta, mas que definitivamente vale a pena.

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