Lars Ulrich no Senado contra o Napster

Você, jovem, acostumado aos serviços de streaming e a ouvir praticamente à distância de um rápido botão de play, pode não saber, mas em 2000 o baterista do Metallica, Lars Ulrich, travou uma grande batalha contra um certo programa de Internet, o Napster.

Em uma época onde a qualidade das conexões era bem diferente da que temos hoje, o streaming era apenas um sonho distante e a realidade era ter seus arquivos guardados no computador para poder ouvi-los quando você quisesse.

Em 1999, uma dupla de estudantes universitários resolveu permitir que diversos usuários utilizassem a Internet para compartilhar os arquivos que guardavam em seus computadores, já que à essa altura era fácil transformar um CD em arquivos MP3 através de programas baixados gratuitamente.

O que Shawn Fanning Sean Parker não imaginavam é que, despretensiosamente, eles se tornariam um dos maiores fenômenos da história da tecnologia e fariam impacto gigantesco na indústria da música.

Napster

O Napster surgiu a partir da ideia dos seus criadores que já conheciam outras redes e programas de compartilhamento de arquivos, mas queriam transformar a troca de MP3, especificamente, em algo simples.

Para isso, criaram uma interface gráfica amigável e se especializaram na distribuição desses arquivos de áudio: deu certo.

No auge, o Napster chegou a ter 80 milhões de usuários registrados e, basicamente, virou sinônimo de download de músicas em uma era onde as pessoas começavam a trocar figurinhas, desde as demos raras que tinham gravadas em fitas, até lançamentos comerciais mais quentes. E foi aí que começaram os problemas.

Problemas Legais

Ao permitir o compartilhamento de arquivos de áudio na Internet, o Napster era uma forma simples e gratuita de fazer com que um novo disco estivesse lá minutos após o lançamento oficial, já que bastava que alguém tivesse um CD e o transformasse em MP3.

Mais que isso: discos inteiros começaram a vazar antes das datas de lançamentos das mais diversas formas e iam parar na rede um ou dois meses antes do programado, causando grandes dores de cabeça aos artistas e às gravadoras.

Lars Ulrich, em especial, se sentiu verdadeiramente violado: o Metallica descobriu que uma demo da música “I Disappear” já estava circulando na plataforma antes do lançamento e, inclusive, sendo tocada em rádios de todo país por DJs que baixaram o som no Napster.

Depois da faixa, a banda rapidamente descobriu que era simples baixar toda sua discografia gratuitamente por lá e ficou furiosa, entrando com um processo contra os fundadores em 13 de Março de 2000.

Um mês depois, o rapper Dr. Dre fez o mesmo após o Napster se recusar a remover seus CDs da plataforma, e esse foi o início do fim da “brincadeira”.

Em Março de 2001, a empresa fez acordos tanto com o Metallica quanto Dr. Dre, mas a questão já tinha ido adiante, já que ela foi fechada pelo governo em outro processo movido pelas grandes gravadoras.

“Episódios”

Toda essa história teve alguns episódios, como esse que aconteceu há exatos 20 anos, em 11 de Julho de 2000, onde Lars Ulrich foi até o Senado.

Por lá, testemunhou em um Comitê de Música Digital e apresentou argumentos como “a única alternativa para alguém que não tem condições de ter um computador fazer o que um usuário do Napster faz é o roubo. É entrar em uma loja de discos, pegar um CD e sair sem pagar. Mas aí ela é presa.”

Outros episódios envolvendo a lenda do Heavy Metal se deram no VMA, a premiação da MTV, como quando Shawn Fanning foi convidado ao palco para apresentar Britney Spears e por lá apareceu usando uma camiseta do Metallica.

Ao som de “For Whom The Bell Tolls”, ele fez piada, dizendo que a roupa era “compartilhada com um amigo, mas estou pensando em comprar uma pra mim”, e quando a câmera cortou para Lars na plateia, ele estava claramente incomodado.

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Em uma esquete, também da MTV para o VMA, Lars Ulrich contracenou com o comediante Marlon Wayans, que interpretou um fã de Rock baixando “I Disappear”, do Metallica, no Napster.

Lars Ulrich chega e, com a ajuda de amigos, começa a “compartilhar” coisas do jovem, levando seu computador e outros pertences embora.

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Repercussão e Legado

Ao final das contas, mesmo com a justiça determinando que o Napster encerrasse as suas atividades, o “perdedor” da história acabou sendo Lars Ulrich.

Ele foi muito mal visto pelos fãs de música e pela própria comunidade artística, já que diversas bandas entendiam que não havia problemas em compartilhar canções pela Internet.

Além disso, o programa de computador só iniciou algo inevitável com o surgimento da Internet e a forma como a tecnologia evoluiu, sendo que a indústria da música demorou demais para ter uma resposta à altura e quando reagiu, já era tarde.

Shawn Fanning, hoje com 39 anos de idade, fundou outras empresas de tecnologia, mas não se destacou novamente com um nome tão forte.

Já Sean Parker ficou conhecido como o primeiro presidente do Facebook e inclusive é retratado no filme A Rede Social, em um trecho onde conhece o site “The Facebook” no computador de uma colega e vai atrás para saber do que se trata.

Após uma reunião com Mark Zuckerberg, ele se torna presidente e sugere uma mudança simples, porém histórica, remover o “The” do nome e consolidar a plataforma como “Facebook”.

Aos 40 anos de idade, sua fortuna é estimada em 2.6 bilhões de dólares. A de Lars Ulrich, aos 56 anos de idade, está em torno de 350 milhões de dólares.

 

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