Esse texto vai ser diferente, tá?

Eu me mudei de São Paulo há um mês. Estou em Dublin para fazer uma pós-graduação e, obviamente, sinto muita falta dos meus amigos de São Paulo e até de outros lugares do Brasil (falar pela Internet não é a mesma coisa). Okay Rakky, o que é que eu tenho a ver com isso? Bom, se você está numa cidade nova em que você não conhece muita gente e provavelmente não conhece muita gente com os mesmos gostos musicais que você, talvez você tenha algo a ver com isso sim.

O Liam Gallagher veio fazer um show aqui. Sim, foi a coisa mais perfeita que aconteceu na minha vida esse mês, ele tocou músicas que eu nunca esperava que ia ver ao vivo, eu quase morri, mas isso é assunto para outro post. O fato é que eu comprei o ingresso e percebi que em São Paulo eu teria um milhão de amigos para ir comigo nesse show. Em Dublin, ninguém. Vamos postar no Facebook e ver se eu acho alguém para ir comigo? É, não rolou. Nem nos posts do evento? Uma menina apareceu, mas cancelou depois. Será que tem algum aplicativo para conhecer gente nessa cidade e talvez ir num show junto? Talvez. Joguei umas palavras no Google e achei o Badoo, descrito em vários sites como “o maior app de descoberta social do mundo”. Eu sempre tive um pouco de preconceito com o Badoo, porque na época do Orkut eu recebia um milhão de convites de um monte de gente para entrar lá e sempre me falavam que era só gente estranha e umas conversas sem pé nem cabeça. Mas eu resolvi tentar, porque, vai que?

Fiz um perfil bonitinho, botei umas fotos legais, e coloquei na descrição que eu queria uma companhia para ir ao show comigo. Aí veio o primeiro susto: ao contrário de outros aplicativos desse estilo, você não fica necessariamente zapeando e dando “like” e “dislike” nas pessoas até alguém que você deu “like” dar “like” em você também (essa construção de frase ficou confusa, mas é exatamente isso que acontece, eu juro!). Se alguém curtiu você, pronto, vai aparecer lá para você na hora e você decide se quer curtir ou não. Também é possível começar um chat com uma pessoa diretamente, mesmo que ela não tenha te curtido. Aí, se você receber um chat estranho ou simplesmente não quiser conversar com a pessoa que te mandou mensagem, sempre é possível não responder, bloquear ou deletar a conversa. Isso pode ser bem legal ou bem estranho, dependendo do uso que você faz do app. Eu achei interessante.

Perfil no Badoo

Algumas conversas foram começando. Umas com gente dizendo que não faziam ideia de quem era Liam Gallagher. Outras dizendo que não poderiam ir no show, mas que a gente poderia sair para tomar uma cerveja qualquer dia desses. De repente eu estava com uns 30 likes, 5 chats abertos e muita gente interessante para conhecer.

Quando estava conversando com algumas pessoas, o perfil de uma garota me chamou a atenção. Nos interesses em comum, apareciam o Oasis, o Liam, o Noel e várias bandas inglesas. Dei “like”. Era um “Match”. Eita, aparece uns coraçõezinhos quando você dá “Match” em alguém. Isso é meio diferente quando você não está necessariamente procurando por um relacionamento, mas, vamos lá, a Isobel abriu o chat e perguntou se eu já tinha achado companhia para ir pro show. Eu disse que ainda não e que adoraria ir ao show com ela. Ela disse que iria com uma amiga, a Lara, mas que eu poderia me juntar a eles sem problemas. Caraca, será que isso deu certo mesmo? Vamos descobrir!

Perfil no Badoo

Badoo: uma experiência

Nossa. Lá estava eu tendo uma conversa real oficial com um ser humano dessa cidade nova que eu conheci num aplicativo de relacionamentos e que iria no show do Liam Gallagher comigo. Isobel, estudante de Direito, americana, também acabou de mudar para cá, ainda não tem quase ninguém conhecido na cidade, menos ainda gente que gosta das mesmas bandas que ela. Duas vegetarianas recentes, duas fãs de britpop, duas leitoras ávidas. Percebemos que tínhamos várias coisas em comum. A Lara, amiga dela, mora na Espanha e veio passar o Halloween por aqui e claro, aproveitou para ver o irmão caçula da família Gallagher. Ponto de encontro marcado, descobrirmos que moramos bem perto, lá vamos nós, já é Domingo!

Encontrei Isobel e Lara num Starbucks perto do ponto de ônibus sentindo Weston Airport (sim, o show aconteceu num Hangar, dentro de um aeroporto da cidade). Foi bom ir antes tomar um café junto com eles, conhece-los e claro, tentar adivinhar que músicas Liam tocaria. Isobel queria muito ouvir “Wonderwall” ao vivo, essa já sabíamos que ele com certeza tocaria, mas ficamos sonhando com a possibilidade de rolar “She’s Eletric”. Lara queria ouvir “Slide Away”. No fim do café, decidimos que seria só perfeito se ele tocasse “Some Might Say”. Vamos lá!

Show do Liam Gallagher em Dublin

Uma hora de ônibus e uns 12 minutos andando, achamos o local. Já tinha uma fila considerável, mas ainda não tinha aberto, então, esperamos um pouco. Alguns minutos de espera e lá estávamos nós. Vários bares patrocinados por cervejas e energéticos, uma arena gigantesca e NÃO TINHA NINGUÉM NA GRADE AINDA. Corremos. Garantimos três lugares na grade, do lado direito do palco. A passagem de som tinha acabado naquele momento. Peguei o celular na bolsa para tirar uma foto. Mirei no palco. Liam Gallagher passando de capa de chuva amarela. Foi uma gritaria só! Rimos muito. Gente, eu tenho amigas fãs do Liam. Que legal!

Duas bandas de abertura, um show que não só teve a estreia de “Some Might Say”, mas teve também “Cigarettes and Alcohol”, “Slide Away” e “Morning Glory”, muita emoção com “Paper Crown” e “For What It’s Worth”, as minhas favoritas do discão do menino Liam, e poxa, duas amigas para dividir essa história, umas cervejas, várias risadas e o táxi na volta para casa! Maravilhoso não?

Todo o meu preconceito com o Badoo acabou depois desse 29 de Outubro, porque no fim das contas, às vezes recorrer a um aplicativo de relacionamentos pode ser uma saída interessante. E não é que no fim das contas, é tudo culpa de um dos irmãos Gallagher?

https://www.instagram.com/p/Ba3-u8XAs02/?taken-by=rakky_curvelo

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