Rodolfo Abrantes relembra saída dos Raimundos:
Reprodução/YouTube

Rodolfo Abrantes, que liderava o Raimundos no auge da banda nos Anos 90, refletiu recentemente sobre como o anúncio de sua conversão ao cristianismo teve efeito no influente grupo de Rock.

O vocalista deixou a banda em 2001, após avisar de forma abrupta seus companheiros e justificando que não poderia continuar pois a religião havia se tornado o principal pilar de sua vida. À época, segundo ele, integrantes como o guitarrista (e atual vocalista) Digão ficaram bastante sentidos com a atitude de Rodolfo e foram quase 20 anos até que os músicos voltassem a se falar.

Ao participar do JesusCopy Podcast recentemente, o ex-vocalista dos Raimundos relembrou sua decisão de ter deixado a banda e foi questionado sobre como ele enxerga atualmente a possibilidade de ter continuado no grupo mesmo após sua conversão (via Whiplash):

No meu caso específico, não vejo como. Cada caso é um caso. Tem aquele cara que Jesus fala: ‘Me segue’. Não é todo mundo que precisa fazer o que fiz. O que aconteceu comigo, creio que foi Deus fazendo tudo o tempo todo. O barulho que ele fez quando saio da banda. Minha conversão sem a saída da banda teria uma proporção minúscula perto do que foi. Se eu fosse pensar em autopreservação, ficar na banda seria melhor.

Eu sofri demais. Perdi tudo, não tinha ninguém perto de mim. Quando casei um mês depois, não tinha quatro testemunhas. A secretária e o diácono foram. Um outro irmão da assembleia foi. Poucos se importavam de verdade. Olhando para trás, vejo a perfeição do que Deus fez. Me dar coragem de cometer uma loucura. Foi uma loucura. A ira que isso despertou nos caras da banda, nos fãs e no sistema, na MTV.

Rodolfo Abrantes relembra saída do Raimundos

Meses antes de Rodolfo deixar o Raimundos, a banda lançou, junto com a MTV, um álbum duplo ao vivo que reuniu algumas das suas músicas mais aclamadas pelos fãs registradas em Curitiba e São Paulo.

No podcast, Rodolfo falou sobre os efeitos que a “ira” gerada pela repercussão do anúncio, como ele classificou, provocou tanto na religião como na banda:

Até essa ira [das pessoas] foi proveitosa para que o evangelho se espalhasse. Estamos falando de uma notícia. A conversão foi uma notícia. Ela se espalhou como uma bomba. Tinha gente que não sabia o que era o Raimundos, mas sabia que o tal do Rodolfo tinha se convertido. A internet estava dando seus primeiros passos. Se fosse igual hoje, a falação não duraria uma semana. Todos iam falar o que tinham que falar. Na época, saiu em uma revista.

No mês seguinte, saía em outra. Falando da vida pessoal, eu vivia radicalmente num ambiente. Eu tinha um desejo radical de ter outra vida. Não vi Deus me arrancando do Raimundos; ele só me deu coragem de viver outra vida. Eu tinha uma crise. Foi uma porta que abriu. O que eu faço com minha liberdade agora? Dei uma entrevista um ano antes e eu disse que meu sonho era ser pescador. Jesus entrou e experimentei uma satisfação pelo ambiente, sabe?

Aquelas reuniões de oração simples, nada atraentes, sem um baita louvor tocando. Eu saí de um afogamento e respirei. Eu não queria voltar. Fiquei com um pavor exagerado sobre qualquer coisa que tinha a aparência daquilo. Talvez tenha gente que consiga ter um encontro verdadeiro com Cristo e permanecer onde se está. O que eu cantava era impossível eu cantar com Cristo. Não dava. Agora, tem músicas que são quase que inofensivas. Não sou juiz disso.

Você pode conferir a fala completa de Rodolfo Abrantes no vídeo abaixo.

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