Bono faz homenagem a líder da oposião russa durante show do U2
Reprodução/Twitter

O show da residência do U2 no The Sphere, em Las Vegas, realizado no último sábado (17) foi marcado por uma manifestação do vocalista Bono em relação ao ativista Alexei Navalny, líder da oposição russa que morreu no dia anterior.

O vocalista se dirigiu ao público antes de cantar uma versão de “Don’t Dream It’s Over”, do Crowded House, e pediu para que todos repetissem o nome de Alexei já que, segundo o cantor, “aparentemente, [Vladimir] Putin nunca, jamais, diria seu nome”.

Navalny estava preso em uma colônia penal russa quando morreu repentinamente na última sexta-feira (16). Segundo o serviço penitenciário russo, o ativista de 47 anos foi encontrado morto em sua cela.

Ele cumpria pena após ser acusado de peculato e desacato ao tribunal. Porém, o grupo de direitos humanos Anistia Internacional classificou as acusações e o julgamento como uma “farsa” (via Rolling Stone).

Bono homenageia Alexei Navalny em show do U2

Durante o show do U2, Bono começou sua conversa com os fãs relembrando de suas apresentações no metrô de Kiev, na Ucrânia, que foram realizadas meses antes do presidente russo, Vladimir Putin, invadir o país. Ele declarou:

Na próxima semana se completarão dois anos desde que Putin invadiu e tentou destruir as liberdades duramente conquistadas [pelo povo ucraniano]. A próxima será a Polônia, a próxima será a Lituânia, a Alemanha Oriental – quem sabe para onde este homem irá ou não irá.

Para essas pessoas, a liberdade não é apenas uma palavra numa canção. Para essas pessoas, liberdade é a palavra mais importante do mundo – tão importante que os ucranianos estão lutando e morrendo por ela. E é tão importante que Alexei Navalny tenha optado por desistir.

O vocalista se referiu à decisão de Alexei de regressar à Rússia em 2021, onde foi imediatamente detido e encarcerado ao chegar ao país.

Sua prisão provocou protestos generalizados contra o governo Putin em toda a Rússia e, em 2022, Navalny foi condenado a nove anos de prisão, com mais 19 anos acrescentados à sua pena em Agosto. Finalizando seu discurso em homenagem ao falecido, Bono incentivou o público a repetir o nome de Alexei Navalny:

Aparentemente, Putin nunca, jamais, diria seu nome. Então pensei que esta noite, as pessoas livres, daqui, as pessoas que acreditam na liberdade – devemos dizer o nome dele. Não apenas lembrar, mas dizer.

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Protestos contra a morte de Alexei Navalny

Quem também se manifestou em prol do ativista foi o coletivo russo Pussy Riot, que realizou um protesto em frente à embaixada russa em Berlim. A criadora do grupo, Nadya Tolokonnikova, declarou em um comunicado no domingo (18):

Viemos com uma palavra simples – ‘ASSASSINOS’. Ele não simplesmente morreu. Ele foi assassinado. O que precisamos saber sobre Putin é que ele é muito mais frágil do que parece. Ele tem medo de seus oponentes.

Como mencionamos acima, a morte repentina de Alexei Navalny teve bastante repercussão entre seus apoiadores. Segundo o grupo de direitos humanos OVD-Info, até a noite do último sábado, a polícia deteve pelo menos 401 pessoas em toda a Rússia que protestaram contra a morte do principal opositor de Putin.

Entre as detenções, mais de 200 ocorreram em São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia. Entre os presos estava o padre Grigory Mikhnov-Vaitenko, que planejava liderar um funeral no local em homenagem a Navalny. Ele foi colocado em uma cela, mas em seguida foi transferido para um hospital devido a um derrame, de acordo com o OVD-Info.

Os tribunais de São Petersburgo ordenaram que 43 pessoas detidas na sexta-feira cumprissem entre um e seis dias de prisão. Outros nove foram multados, segundo informações dos funcionários do tribunal à Associated Press. E, entre os detentos, o OVD-Info apontou que seis pessoas presas em Moscou foram condenadas a 15 dias de prisão.

Apesar do governo russo afirmar que Navalny sofreu “síndrome da morte súbita”, a equipe de Navalny alega que ele foi “assassinado”. Além disso, eles acusaram as autoridades de atrasar intencionalmente a libertação de seu corpo. “Eles estão nos levando em círculos e encobrindo seus rastros”, disse a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, no sábado, de acordo com a AP.

Alexei Navalny foi acusado de incentivar manifestações nazistas

Mesmo com as homenagens feitas a Alexei Navalny após sua morte, o apoio ao ativista tem dividido opiniões nas redes sociais.

Isso porque diversos internautas estão compartilhando informações que alegam que o opositor de Putin era ligado à extrema direita e chegou a organizar e incentivar manifestações nazistas.

Em Março do ano passado, a Agência Lusa reportou através do site Observador que um processo contra Alexei Navalny por extremismo e nazismo havia chegado em um tribunal urbano de Moscou.

Segundo informações do portal de notícias Mediazona, o opositor de Putin estava sendo acusado de financiar e instigar ações extremistas e de criar uma organização que atentou contra os direitos dos cidadãos, referindo-se ao ilegal Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK).

Além disso, Navalny foi indiciado por reabilitação do nazismo e por supostamente atrair menores de idade para participar de ações perigosas, como manifestações da oposição que não foram autorizadas. Saiba mais detalhes aqui.

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