Maglore (Crédito: Azevedo Lobo)

Maglore é um dos nomes mais reconhecíveis do indie nacional, uma identidade já abraçada pelo público mas que os próprios músicos seguem refinando.

A banda sintonizou referências setentistas, se jogou no formato de trio de rock e se voltou para o violão acústico. Fez canções de amor rasgadas, cantou a solidão nas cidades, convidou a ir pra rua e abraçou as desilusões da vida adulta. O que costura cada um desses momentos é a habilidade inegável de um grupo que sabe contar histórias com suas canções.

Do álbum de estreia Veroz até o recente V, Maglore se transformou diante dos olhos do público. Mudou a formação, amadureceu melodias, arranjos e letras como quem troca de pele. Os discos entre estes dois pilares documentam bem essas mudanças, cada um representando uma fase distinta de amadurecimento dos músicos.

Vamos pra Rua (2013) foi um álbum de transição, um momento conturbado para o país e para os integrantes, que se mudaram da Bahia para São Paulo em busca de mais oportunidades. Deu certo: dali sairia “Motor”, faixa que viria a ser regravada por ninguém menos que Gal Costa e Pitty – duas das vozes femininas mais memoráveis do estado natal da Maglore.

Em seguida, III (2015) e Todas As Bandeiras (2017) abriram as portas para outros palcos e sedimentaram o potencial da banda em criar verdadeiros hinos pop. São daí que vêm as irresistíveis “Se Você Fosse Minha” e “Ai Ai”, “Clonazepam 2mg” e “Me Deixa Legal”.

Tudo levou a V, um álbum maduro, plural e fruto de um trabalho cada vez mais versátil, que abarca outras influências e sotaques. Após o lançamento, em 2022, a Maglore embarcou em uma turnê que não está perto de acabar – só em março ou abril de 2024. Até lá, há muito chão a ser percorrido.

Aproveitando a passagem da banda por um dos palcos mais incensados do Distrito Federal – o Galpão Sonoro da Corina Cervejaria no dia 16/09 -, conversamos com o vocalista Teago Oliveira sobre a trajetória da Maglore ao longo de 15 anos, o estado da música brasileira, regionalismo, Foo Fighters, Beyoncé e Luísa Sonza

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TMDQA! Entrevista: Maglore

TMDQA!: Teago, primeiramente, obrigada pelo seu tempo. Acho que não é nenhum exagero dizer que a Maglore surpreende a cada disco. As bases da banda são muito parecidas, mas sempre há algo além, e no V isso não foi diferente. Queria saber se vocês se colocam esse desafio de não se repetir ou se é só algo que vem com o crescimento natural da banda?

Teago Oliveira: Eu acho que é porque a gente acha chato fazer a mesma coisa. Então quando a gente começa a ensaiar pra um disco novo e vê que está meio que tentando utilizar o último disco como base pra fazer uma música nova, a gente fica meio “ah, estamos nos enganando, isso aqui não tá real”. A gente fica sempre martelando essa ideia e acho que vem naturalmente também. Com o passar do tempo. É tanta referência que a gente tem e gosta de ouvir, que sempre fica nessa coisa de “putz vamos tentar fazer assim agora, ver se dá certo”.

Uma das coisas que a gente não tentou ainda é fazer algo mais eletrônico, com mais teclado. É algo que a gente ainda não sentiu segurança pra se jogar, mas futuramente pode ser que role também. Tem tanta coisa pra explorar no som que a gente faz. É engraçado porque cada disco foi ficando diferente. Por exemplo, o III foi um disco que foi muito conduzido pela onda do indie, de meados dos anos 2013 a 2016, aquela coisa mais som de revebs, de sala grande, a gente estava num formato de power trio. O Todas As Bandeiras já tinha aquela coisa mais influenciada pelo Brasil 80, de Paralamas e tal, mas ao mesmo tempo aquela coisa Mac DeMarco que estava muito no indie paulistano que a gente ama. E no último disco, a gente falou “bicho, a gente vai ficar brincando de pedal até quando? Vamos desligar tudo?”. E aí a gente desligou tudo, gravou com as guitarras plugadas direto, sem nenhum efeito e achou mais difícil fazer, pra deixar o negócio funcionando foi mais complicado. A música fica mais nua, mas cruazona assim. Tem que ter mais sustentação. Acho que a gente conseguiu fazer boas músicas pra soar desse jeito. E é isso, estamos atrás do próximo já.

TMDQA!: Ô beleza, vem aí Maglore eletrônico então? Trap, quem sabe um dia?

Teago: Aí talvez demore um pouco mais! (risos)

TMDQA!: Falando da parte lírica desse último disco, vocês sempre trouxeram uma realidade brasileira muito palpável nas letras. Nesse último acho que se destaca muito uma música como ‘Eles’, por exemplo, que fala de uma coisa mais política, mais urgente talvez. Você acha que isso se tornou mais palpável por conta do momento que a gente vivia na época ou foi só uma reflexão da verve poética que sempre esteve na banda?

Teago: A história do V foi a seguinte: em 2020, esse disco estava começando a ser feito. Foi antes da pandemia. Em 2019, a gente já estava reunindo as ideias pra fazer esse disco, então muita coisa começou a ser feita naquele tempo. O único lado não tão catastrófico da pandemia pra gente – porque eu não posso dizer que seja algo bom – foi essa demora pra fazer o disco. A gente foi vendo o que foi acontecendo no país e tudo, foi ficando indignado com as coisas. Algumas letras foram mais bem trabalhadas por conta desse tempo e dos absurdos que a gente viveu. Mas não foi nada criado por conta de governo. Principalmente Eles, ela não fala do governo passado. Ela fala de forma geral de uma condição humana, de uma relação de poder, que sempre vai ter alguém pronto pra botar uma bota no pescoço de alguém. Tem outras músicas da Maglore, do tempo de outros governos também, que fazem algum tipo de crítica. É natural da gente. A Maglore tem muita música romântica, né? E às vezes tem algumas que saem um pouco desse tema. A gente gosta de escrever sobre tudo.

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TMDQA!: Eu que não vou reclamar! Vocês já estão nessa há um tempo – são 15 anos de banda. Vocês revisitam a Maglore do passado? Como é pra vocês olhar pra trás e pensar a evolução pessoal e musical da banda?

Teago: Durante muito tempo eu tentei esconder, mas a cada ano que passa vai ficando mais evidente: eu odeio o primeiro disco da Maglore! Assim, de repulsa, eu tenho vergonha do que foi feito. Mas ao mesmo tempo eu sou muito grato, porque ele foi o disco que deu tudo pra banda, em termos de visibilidade. Mas eu não considero aquilo o Maglore. Muito por conta de que na maioria das composições eu era adolescente e eu só consegui gravar elas muito mais tarde. E a banda não era a banda naquela época, foi tudo gravado sozinho, no computador com o [Jorge] Solovera, que é o produtor do primeiro disco. Mas aquele disco não resume em nada hoje o que é a Maglore. E, para a minha infelicidade, o público gosta muito desse disco (risos) e as pessoas se identificam muito com algumas músicas que estão nele. Obviamente a gente não vai ficar se fazendo de difícil, a gente toca as músicas em show. Mas ele é o único fora da curva e é engraçado porque quando o tempo foi passando, o último disco da banda é o que mais me lembra do primeiro. Em termos estéticos inclusive, de usar mais violão, etc. Porque os outros eu acho mais uma viagem à parte.

E o último disco é o meu preferido, e é o que mais se assemelha ao primeiro. Então é esse processo de maturação mesmo, de se entender enquanto artista e principalmente enquanto banda. Porque enquanto artista, individualmente, a gente desde sempre consegue se entender melhor. Mas enquanto criação coletiva, de banda mesmo, foi o tempo natural pra gente conseguir fazer a música do conjunto mesmo, da banda. Mas o primeiro disco pra mim é pavoroso, não consigo.

TMDQA!: Acho que você está pegando um pouquinho pesado com você, mas entendo que realmente era outra Maglore, ou nem era a Maglore.

Teago: É que é coisa de adolescente, sabe? Sabe quando seus pais chegam com foto da sua adolescência pros seus amigos na casa, com um monte de amigo seu? É o que acontece quando toca esse disco! “Não, por favor!”

TMDQA!: Eu te entendo! Mas pegando um gancho no que você falou, realmente hoje é outra banda, é outra sonoridade, inevitável. Mudanças na formação, vocês mais maduros, etc. E primeiros discos têm disso, né? Você vai colecionando músicas a vida toda até conseguir gravar. E tinha muito a sua voz. Inevitável também por você ser o vocalista, mas também como compositor. Agora eu sinto que vocês estão trazendo mais uma identidade de conjunto mesmo. Antes estava muito centrado na sua “baianidade”, que é algo que você tem com orgulho, mas agora tem o sotaque do Luquinhas, por exemplo, trazendo um pouco de Minas Gerais – a minha Minas Gerais também, inclusive. E pra completar vocês estão totalmente imersos nessa cena do indie paulistano que você mesmo referenciou. Enfim, queria saber se esse aspecto regional é algo que vocês carregam como parte do DNA da Maglore. Essa identidade está mais plural pra vocês?

Teago: Acho que isso acontece na medida que a gente vive na cidade. Eu moro em São Paulo há 11 anos, então quando eu chego em Salvador, as pessoas dizem que eu até perdi o sotaque de baiano. Quando eu chego aqui, os paulistas dizem que meu sotaque parece pernambucano. Ou seja, é aquela coisa. É natural com o tempo, a gente não força nada de identidade. Até porque não vejo muito sentido em ficar reforçando. “Aqui é Bahia”, não faz muito meu estilo ficar com esse bairrismo.

Nunca vai sair de mim o fato de eu ter sido criado na Bahia, de meus artistas principais e influentes na minha vida serem baianos. Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto, Caetano Veloso, Dorival Caymi, Moraes Moreira… enfim! Tem tanta gente, tanto baiano, desde os antigos até o mais recentes. Fábio Cascadura, Ronei Jorge, a própria Pitty, que é de uma geração próxima da minha. Não tem como eu me afastar disso. Quando eu faço uma música, ela naturalmente tem o meu sotaque, às vezes vai ter um pouco da minha influência enquanto músico.

É até engraçado isso, porque estou fazendo uma música agora, recente, pro meu disco solo – ou pra Maglore, porque ainda não consegui identificar pra onde vai – que se chama “Sou de Salvador”. É isso, não saem de mim algumas coisas. Mas a gente faz muito mais coisa do que só o regionalismo.

E tem também o lado de Luquinhas ter entrado no esquema de composição da banda, que é algo que eu sempre quis. Sempre quis dividir composição, que a linguagem não ficasse tão centralizada em mim. No disco III a gente conseguiu algumas coisas em relação a isso quando o Rodrigo estava na banda – Rodrigo Damati, que é o baixista do disco III. Quando o Luquinhas entrou, ele trouxe um negócio que a gente sempre gostou. A Maglore sempre teve uma ligação muito forte com Minas. E eu não tenho tanta linguagem criativa mineira, não é primordial dentro de mim. É mais baiano, mais coisa de rock. E Luquinhas tem, umas melodias super Minas Gerais, então casou pra gente de uma forma muito legal, a gente sempre quis fazer esse tipo de som. E foi natural.

Acho que o regionalismo é a parte central de uma criação, de um trabalho artístico. Eu não acredito em nada ultra global. Pra mim, Beyoncé é super regional. O negócio é que o regional dela é expandido pro mundo inteiro, então as pessoas não conseguem ver a raiz do lugar. Existe um lugar super americano ali. E como é americano, as pessoas não conseguem ver como regional. Mas é sim, tudo parte de uma regionalidade. É que talvez as pessoas gostem mais das regionalidades mais amplamente aceitas (risos), de forma geral. E é natural que as pessoas não enxerguem.

TMQDA!: Eu sei que vocês estão muito focados na turnê do V, lançando o vinil e tudo mais. Mas aí eu estava olhando a discografia e foi aí que me bateu que o Vamos Pra Rua está fazendo 10 anos, né? Como vai ser? Vai ter festa, bolo, edição especial?

Teago: O Vamos Pra Rua é um disco que a gente ficou meio… Foi em 2013 que a gente lançou esse disco, acho que foi o mais sofrido da banda em termos de tudo. Naquela época a gente tinha acabado de sair de um primeiro disco e ele é uma ruptura absurda de som. Do primeiro disco pra ele é como se fosse outra banda, outro tudo. A gente sofreu muito porque o público não colou de imediato nesse disco e naquela época a gente ainda estava meio que se encontrando enquanto banda, até em termos de recursos financeiros. A gente não sobrevivia totalmente enquanto banda. Quer dizer, sobrevivia, só não vivia. Sobrevivia mesmo. Porque era o único ofício que a gente tinha, ser músico. E a gente meio que tomou um trauma do Vamos Pra Rua durante muito tempo, até que Gal Costa e Pitty gravaram Motor (risos), que é uma música que tá nesse disco. E a gente bateu no peito e falou “tá vendo? que orgulho”. É uma música que sempre foi tocada nos shows, a gente pensou em talvez comemorar.

Mas é que a velocidade das coisas é tão grande e a gente acabou de fazer um vinil do disco V… A gente fica até com medo de lançar mais coisas e atropelar, mas eu senti falta de ter comemorado. Apesar de que eu acho que é bem complicado fazer um show na íntegra desse disco. Porque esse é um disco que o público não… não sei, muito pouca gente dentro do nosso público tem identificação com esse disco. Mas quando são, essas pessoas falam que é o melhor disco da banda, disparado. Enfim, cada um tem uma relação com disco. Eu acho o Vamos Pra Rua não o melhor disco, mas pra mim foi o mais importante da história da banda. Até hoje não teve nenhum outro que foi tão importante, porque foi ali que a Maglore se encontrou enquanto banda, foi ali que a gente deixou muita coisa ser experimentada, as composições estavam bem soltas. É dali que vem uma canção gravada por Gal Costa, um dos nossos maiores feitos, ter uma canção antiga dentro do repertório da banda gravada por Gal, é sensacional. Está nos planos fazer algo do Vamos Pra Rua, nem que seja um vinil. Acho que vale a pena fazer um vinil. A galera tem que comprar (risos)!

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TMDQA!: É, eu estava pensando justamente por ser um ponto de virada, não poderia passar em branco.

Teago: É, e ele é o underdog da discografia. É o menos ouvido dos discos nos serviços de streaming, e a gente fica “bicho, que coisa engraçada, né?”. Uma das músicas mais aclamadas da história da banda tá no disco menos ouvido. Acho que foi a época, ele passou batido, foi num momento em que a gente estava com muita dificuldade, a gente tinha acabado de se mudar pra São Paulo, foi um período muito difícil. E o III foi arrebatador. Acho que o azar que esse disco deu virou a sorte para o próximo, porque as bolas estavam entrando tudo na trave sempre. No III, tudo começou a dar certo sem que a gente tivesse o menor planejamento de nada. O III chegou e arrebatou, deixou a banda em outro patamar, né? Eu tenho o maior carinho pelo III, eu respeito o público, mas eu não considero ele o melhor disco não (risos)! É de gosto, né? Aí não tem como.

TMDQA!: Esses momentos de transição são sempre complicados, mas eles vieram pra apresentar vocês pra um novo público. E você tocou num assunto que eu queria que você expandisse um pouco: o midstream. Acho que a Maglore é um ótimo representante desse artista que hoje vive bem de música, tem reconhecimento, mas não está toda semana tocando no Caldeirão.

Teago: É, não necessariamente. A gente às vezes toca num estádio, num festival enorme pra 30 mil pessoas, e no dia seguinte, a gente vai tocar numa boate pra 300 pessoas. Essa é a realidade da Maglore, não podemos mentir (risos)! Esse é o famoso midstream mesmo, você não toca só no topo! E a gente se amarra, isso daí é o que a gente tem e a gente construiu. Eu acho massa. É natural também você pensar que é 2023, nós somos uma banda de rock, é complicado chegar num lugar que você viva só no mainstream, sendo só uma banda – entre aspas, porque os roqueiros não consideram a Maglore uma banda de rock, é normal – de música alternativa hoje no Brasil.

A gente entende que faz parte do jogo. A Maglore não tem nenhum atrativo pra ser um artista de massa, hypado, influente, a não ser a própria música. O que a gente tem a oferecer é a música que a gente faz, e a gente tá feliz nesse meio termo. Até porque vou dizer: esse meio termo no Brasil é uma das coisas mais difíceis. Quando a gente olha pro mercado de música lá fora, principalmente nos EUA, existem muitos artistas que estão no mesmo lugar que a gente lá, na Europa também. Existem muitos artistas que vivem disso. No Brasil, o próprio midstream, esse meio termo entre o underground e a carreira massificada, ele é muito pequeno, mesmo. No Brasil é um ou outro, quase é tão difícil quanto um artista que chega no hype. A gente tem mais artista hypado e endinheirado hoje no Brasil, do que artista no meio do caminho, se você parar pra pensar. É como se a classe média estivesse completamente achatada, e quem não tem nada fosse a grande maioria, mas a outra grande parte são dos artistas que estão no topo.

Mas eu não faço crítica a isso, porque eu acho que é reflexo de como a coisa tem sido conduzida pela indústria. Não acho que isso seja culpa do público – nem acho que tenha culpa nesse sentido. É natural, como o dinheiro foi entortando as percepções artísticas de tudo, não só da música, mas do cinema também. E acho que estamos chegando num momento – ou talvez eu esteja sendo otimista – onde o público está começando a se questionar e de entender também o que está sendo imposto pra ele consumir.

Uma coisa recorrente na internet hoje em dia é “cadê a música brasileira? A música brasileira está uma bosta”, etc. Eu, quando leio esses comentários na internet, eu coloco a figurinha de palhaço. Enquanto músico, eu acabo conhecendo um monte de artista. Conheço centenas de artistas fantásticos que eu queria dizer “galera, tá tudo aí”. E tem uma geração de artistas hypados que são sensacionais. Eu adoro Pabllo Vittar, eu adoro Marina Sena. A galera falou tão mal desse disco da Luísa Sonza que eu fui ouvir, imaginando “já sei que não vou [gostar], é porcaria, todo mundo criticando muito”. Eu fui ouvir o disco e o disco é bom, saca?

TMDQA!: Sim!

Teago: O disco tá cheio de música boa (risos), eu não consigo entender! Eu acho que tem muito mais um problema de algo fazer sucesso no Brasil do que de qualidade musical, porque eu acho que a qualidade muita gente tem. E aí vou defender um pouco o nosso lado, dizendo que qualidade musical no Brasil, em grande número, está nessa área que a gente vive. É uma porção de artistas incríveis, você tem Giovani Cidreira, Josyara… Enfim, é tanta gente incrível, é muita gente boa fazendo. Bruno Berle, super artistaço. Tem Silvia Machete, todo mundo produzindo um monte de coisa sensacional. Enfim, é tanta gente que me dá até branco pra citar, que são bons nesse segmento, que você e todo mundo conhece, mas que o cidadão ali talvez não conheça e nunca queira conhecer, porque o negócio dele é ir pro show do Foo Fighters e tudo que não é Foo Fighters é uma porcaria. E eu adoro Foo Fighters, minha carreira musical começou porque o cara tocou bateria no Nirvana, eu devo tudo a ele (risos).

TMDQA!: Sim, eu também adoro, a questão não é essa. Você meio que já respondeu tudo que eu ia te perguntar sobre o midstream mesmo…

Teago: Nossa, eu nem deixei você perguntar (risos)!

TMDQA!: Tá ótimo, porque você já antecipou esse ponto da percepção do público. A gente tem falado sobre isso com artistas. Eu falei por exemplo com a Clarice Falcão e ela falou de se endividar pra fazer clipe. Falamos com o pessoal do rap, que tá dizendo que esse midstream está achatado por questões que estão muito além do controle dos artistas. E é muito bom ver a Maglore sobrevivendo bem nesse cenário e muito artista sendo puxado nessa geração. Então boa notícia pra quem faz música, pra quem consome. E é isso, a gente continua nadando contra a maré.

Teago: É isso. E sinceramente, sem demagogia nenhuma, eu acho que o Tenho Mais Discos um dos portais que mais ajudam, sabe? Eu acompanho, principalmente no Instagram, e tem um público absolutamente roqueiro da Teodoro Sampaio, é esse público, e eles ficam revoltados a cada post. E eu entro, não comento nada, obviamente – o que que eu vou fazer comentando, né? E os caras estão ali se matando de ódio, eu acho o maior barato. Ao invés da galera conhecer coisas, a galera prefere…

Mas comentar e falar mal é uma forma de conhecer também. Por isso que eu acho importante o portal, esse trabalho. Porque talvez seja uma luta contra essa mentalidade que o brasileiro criou de que a boa música é a milionária, bilionária de uma indústria, ou a gringa. Falta nesse tipo de público específico, em geral o de rock, falta muita consciência de arte, de cultura brasileira pra essa galera que consome só o filme dos Vingadores ou acham – nossa, vão me matar com o que eu vou falar agora -, mas acham que o [Christopher] Nolan é o próximo Stanley Kubrick, sabe? É isso.

TMDQA!: Quando todo mundo sabe que é a Greta Gerwig! E é justamente isso, a gente tá daqui ouvindo e espalhando a mensagem da Maglore. E que vocês continuem espalhando música pelo Brasil. 

Teago: É isso! Obrigado!

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