A cada década, o Rock britânico nos presenteia com sua genialidade, suas experimentações, críticas ácidas e um humor muito particular. No início dos anos 2000, quem personificou esse espírito foram os Arctic Monkeys.
Alex Turner, aquele garoto magrinho que usava a guitarra colada ao peito tinha uma forma quase Punk de tocar os riffs e acordes, e também tinha muito a dizer sobre a juventude do Reino Unido e os amores que nunca se realizaram.
Passados 21 anos desde a formação da banda, o Arctic Monkeys provou ser um desses grupos que não gosta de se repetir. Mesmo tendo definido o Indie dos anos 2000, eles somaram ao seu som o Stoner Rock, o Blues, o Psicodélico, o Jazz e o Funk, e com isso se tornaram ídolos de figurões como Bob Dylan.
Considerada por veículos como NME e Vice a maior banda britânica de sua geração, Turner e companhia já foram indicados a seis Grammy, venderam mais de 12 milhões de discos e fizeram passagens inesquecíveis pelo Brasil, incluindo no ano passado.
Pra entender esse catálogo que mudou completamente de Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006) para AM (2013) para The Car (2022), fizemos uma lista de 10 músicas que definiram a carreira do Arctic Monkeys – mesma seleção que já fizemos para Linkin Park e Legião Urbana. Confira!
Antes de voltarmos 20 anos no tempo, acho importante entendermos a maior ruptura que o Arctic Monkeys já promoveu, quando lançou Tranquility Base Hotel & Casino – disco influenciado pela música brasileira.
Se o primeiro single “Four Out of Five” assustou quem esperava riffs poderosos como os de AM, o fã entendeu o conceito logo na faixa de abertura do disco completo, “Star Treatment”, cujo primeiro verso é justamente uma saudação ao passado: “Eu só queria ser um dos Strokes, agora olha a bagunça que você me fez fazer”.
O álbum foi indicado a Melhor Álbum de Música Alternativa no Grammy, feito que a banda só tinha conseguido 12 anos antes, com o disco de estreia.
The Car é uma evolução natural do disco anterior, com mais camadas, mais instrumentos e uma narrativa menos viajante e mais palpável. Novamente, a música que abre o disco contém todos os recados, e é uma das mais belas da carreira da banda.
Embora não tenha agradado quem ainda espera um Arctic Monkeys voltado para as guitarras, The Car foi eleito o Álbum do Ano pela NME e pela Rolling Stone britânica.
Agora sim, voltando para a ordem cronológica com um dos maiores álbuns de estreia de todos os tempos, que foi o mais vendido da história das paradas do Reino Unido.
“The View From The Afternoon” é uma explosão de guitarras com um ritmo frenético de bateria – impossível não prender a atenção. E olha que novinhos eles estão nesse vídeo!
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Se existe pressão para o segundo disco após um primeiro tão bem-sucedido, o Arctic Monkeys não sentiu. Sei que já está parecendo repetitivo, mas é na primeira faixa que o disco coloca todas as cartas na mesa e joga pra longe qualquer tensão.
A enérgica “Brianstorm” é até hoje um dos pontos altos dos shows. See you later, innovator!
Em listas como essa, geralmente tentamos fugir dos hits mais óbvios. Mas aqui é impossível não mencionar “Fluorescent Adolescent”, que se tornou a síntese do Indie Rock dos anos 2000.
Quem ainda não conhecia a banda nessa época não teve como escapar, com o sucesso global da música e seu icônico videoclipe, que você pode relembrar abaixo.
Mais uma quebra na ordem cronológica, dessa vez para tratar do quinto disco do Arctic Monkeys, que foi tão popular quanto o primeiro e o segundo, só que de forma diferente.
Com uma estrutura mais tradicional de Blues e Rock Clássico (incluindo topetes e jaquetas de couro), e batidas próximas do Rap, a banda conquistou desde os roqueiros mais saudosistas até os jovens que não conheciam o Rock, especialmente graças ao mega sucesso “Do I Wanna Know?”.
Lembra das batidas de Rap de AM? Sim, o próprio Alex Turner já disse que o álbum foi inspirado em artistas como Dr. Dre, e é impossível negar isso em “Why’d You Only Call Me When You’re High?”.
Vale destacar que a banda também voltou a falar sobre baladas, bebedeiras e desencontros românticos nesta faixa, resgatando o espírito do início de carreira.
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Voltando ao terceiro disco dos caras, o injustiçado Humbug. Quando os fãs dizem que até hoje esse é um dos melhores álbuns do Arctic Monkeys – para muitos, o melhor – muita gente torce o nariz.
Produzido por Josh Homme (Queens of The Stone Age), o álbum é conciso do início ao fim, mas produziu um hit gigantesco, a excelente “Crying Lightning”.
Humbug é experimental, introspectivo e sombrio, e tudo isso está reunido em uma das músicas mais complexas da carreira da banda, “Pretty Visitors”.
Tem de tudo: um órgão vindo diretamente de filmes de terror, a bateria frenética de Matt Helders, os vocais rápidos de Turner e um refrão chiclete que deixa a imagem de sombras projetando um “poço de cobras na parede”.
Este é o disco queridinho deste que escreve, onde a banda começou a explorar influências mais clássicas como o Pop sessentista e as baladinhas ao estilo Beach Boys, The Ronettes e The Supremes – experiência que desembocaria no fenômeno do álbum seguinte, AM.
Como o próprio título da música e do álbum dizem, “dê uma chance” para “Suck It and See”, uma singela música de amor com as metáforas divertidas que só Alex Turner sabe construir.
Essa lista vale uma décima primeira música!
Afinal, o Arctic Monkeys foi uma das bandas que melhor usou a internet para divulgar seu som no início dos anos 2000, com seus chats e fóruns. A banda também sempre gostou de lançar B-sides excelentes que poderiam muito bem estar nos álbuns finais.
Somando esses dois fatores, a banda já era bastante conhecida entre os jovens antes de lançar seu primeiro disco, graças a músicas como “Bigger Boys and Stolen Sweethearts”, lado B de “I Bet You Look Good on the Dancefloor”.