Logo no começo do show de Jorge Drexler na casa Vibra São Paulo, o microfone do cantor e todos os instrumentos pararam de funcionar. Como que numa reação automática, todas as 4 mil pessoas na plateia começaram a cantar o refrão e acompanhar os gestos que o cantor fazia.

Esse é o resumo da excelente apresentação que o músico uruguaio fez em São Paulo. Ao longo das duas horas de apresentação, Drexler contou histórias, exaltou sua banda de apoio e movimentou o público de forma excepcional.

A performance começou com várias músicas de seu novo disco, o excelente Tinta Y Tiempo, em um ambiente intimista. Em diversos momentos, o cantor pedia para que a plateia fizesse a percussão das músicas com suas mãos ou pés, ou então traduzia alguma letra para o português — língua que domina e que utilizou em abundância durante a apresentação.

Uma das maiores qualidades de Jorge é saber utilizar o palco: em várias ocasiões, ele movia seu microfone para se aproximar de músicos específicos de sua banda, sabendo os momentos exatos em que precisava se manter em segundo plano e deixar algum instrumento se sobrepor.

No final das contas, o palco foi percorrido por inteiro e, não satisfeito, o músico correu por todos os cantos ao cantar “Movimiento” e “Silencio”, dois pontos altos de seu penúltimo disco de estúdio, Salvavidas de Hielo.

A conexão de Drexler com o público era quase que mágica: não somente o músico ressaltou que essa era sua maior apresentação no Brasil em seus 30 anos de carreira, como também reconheceu o momento único em que o país se encontra — fazendo determinados gestos que deixaram a plateia em polvorosa.

Ao declamar seu amor pelo país, Drexler conquistou ainda mais ao fazer versões de clássicos de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil. Ainda disse que passou os últimos dias passeando pela cidade e inclusive conseguiu assistir ao show do (também incrível) Tim Bernardes no SESC Pinheiros.

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Seja ao coro de clássicos como “Me Haces Bien” e “Todo Se Transforma” ou ao trazer hits mais modernos como “Tocarte”, parceria com C. Tangana, a recepção do público foi unificada. O show contou com dois “bis” e um setlist que cobriu todos os pontos mais altos da carreira de Drexler.

Jorge Drexler no Brasil

A essa altura do campeonato, a conexão do músico com o Brasil não tem nem como ser questionada.

Dias atrás, Drexler publicou um vídeo das comemorações de seu aniversário no Rio de Janeiro com direito a participações de nomes como Marisa Monte e Caetano Veloso. Durante seu show, citava nomes como Arnaldo Antunes (“A pessoa que nos informava sobre a ‘Globalização’ antes do termo ser mundialmente difundido”) e Chico Buarque (“Toda vez que penso em fazer alguma música sobre alguma situação política, vejo que já fui vencido por ele”).

Drexler conversava em português, explicava as histórias por trás de cada música e se ajoelhava para agradecer a plateia constantemente.

Um verdadeiro showman, Jorge Drexler parecia não querer se despedir do palco — e o público não queria que ele saísse. Essa conexão é mágica e deixou todos com um gostinho de “quero mais”: queremos mais músicas, queremos mais shows, queremos mais conexões desse tipo. Obrigado, Jorge, e até a próxima!

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