Esteban no RJ
Foto: Caio Mainenti

Fotos por Caio Mainenti

 

No último sábado (26), o músico Esteban Tavares se apresentou no Teatro Odisseia, na Lapa, no Rio de Janeiro, para mostrar ao público carioca as canções do seu mais recente álbum, Eu, Tu e o Mundo. A noite começou cedo, por volta de 19h, quando a banda Sheffield subiu ao palco para aquecer o público, que ia chegando aos poucos. Minutos antes do relógio marcar 20h, Esteban já surgia para sua apresentação, pois a casa receberia uma festa após o final do show. Dessa vez, o cantor gaúcho se apresentou acompanhado da banda completa, diferentemente da tour anterior, na qual o artista dividia o palco apenas com o gaiteiro Paulinho Goulart, que também retornou para a turnê de Eu, Tu e o Mundo.

A sequência inicial da apresentação de Esteban teve “Janeiro”, do álbum Saca la Muerte de Tu Vida (2015), “Canal 12”, do disco de estreia Adios, Esteban! (2013), e “Primeiro Avião”, faixa presente no CD atual do cantor. Todas as três tiveram grande retorno da plateia, que reagia de forma entusiasmada. Em seguida veio a melancólica “Chacarera da Saudade”, uma das músicas regravadas pelo artista para o CD recém-lançado. Logo depois, Esteban Tavares tocou “Basta”, provando que as letras do novo trabalho já estão na boca do público.

Antes de “Sofia”, o cantor parou para falar com a plateia. “Escrevi essa música em 2009 e quero tocar pra vocês”, disse Tavares, apresentando o baterista Marcio Sujeira na sequência. Mais tarde, na hora de “Pra Ser”, Esteban falou sobre a composição da música. “Essa próxima canção foi a primeira que escrevi para o segundo álbum (‘Saca la Muerte de Tu Vida’)”, revelou. Antes de “Noites de Berlim”, Esteban quis falar sobre a faixa. “Essa música é sobre um lugar bem mais frio que o Rio de Janeiro”, contou, dando pista sobre qual seria a próxima canção.

Logo depois, a banda de Esteban deixou o palco, permanecendo somente o cantor e seu gaiteiro. O setlist seguiu com outras três faixas do Eu, Tu e o Mundo, “Talvez”, “Fotos Instantâneas” e “Naquela Esquina”. A banda retornou em “Tango Novo”, ganhando aplausos da plateia. No repertório, ainda vieram “Partindo”, “Martes” e “Segunda-feira”, cantadas com explosão pelos fãs. Pouco depois, Esteban tocou a poética “Sétima Maior”, encantando a todos. Após a execução de “Carta aos Desinteressados”, o cantor apresentou o guitarrista da banda, Guri, e o baixista, Jojo.

Enquanto isso, o público pedia “Milonga”, canção da Fresno, banda da qual Tavares fez parte entre 2006 e 2011. No entanto, o pedido não foi atendido, até porque o tempo de Esteban no palco já estava se esgotando. Por isso, ele logo se adiantou e anunciou que a canção derradeira do repertório estava por vir.

Com a sua guitarra em punho, Esteban puxou os primeiros acordes de “Sinto Muito Blues”, fazendo os presentes viajarem no ritmo delicioso da faixa. No meio da música, o cantor ainda mandou um solo para atrair a atenção dos fãs. Com 1h15 de show, Esteban Tavares, sob gritos e palmas, se despedia da plateia prometendo voltar em breve. É aguardar o próximo baile.

Setlist:

1. “Janeiro”
2. “Canal 12”
3. “Primeiro Avião”
4. “Chacarera da Saudade”
5. “Basta”
6. “Sophia”
7. “Pra Ser”
8. “Noites de Berlim”
9. “Talvez”
10. “Fotos Instantâneas”
11. “Naquela Esquina”
12. “Tango Novo”
13. “Partindo”
14. “Martes”
15. “Segunda-feira”
16. “Sétima Maior”
17. “Carta aos Desinteressados”
18. “Pianinho”

Bis:

19. “Sinto Muito Blues”

Depois do show no Rio de Janeiro, o TMDQA! conversou com o artista sobre o novo trabalho e também outros assuntos. O resultado da conversa você confere a seguir:

TMDQA: Como tem sido a receptividade do seu público com o novo disco? Os fãs têm feito elogios ou críticas?

Esteban: Como nos meus dois primeiros discos, é sempre uma surpresa. Quem é meu fã entende bem o que eu faço. Eles gostam do que eu faço. Mesmo tendo mudanças de um CD para o outro, eles se mantêm. Foi criada uma linha de escrita que é o que provavelmente atrai esse publico. O show no Rio de Janeiro aconteceu apenas dois dias depois do lançamento do “Eu, Tu e o Mundo” e os fãs já sabiam cantar todas as letras. E eles cantam muito alto, que até é algo que eu ainda não consegui me acostumar. Inclusive, eu tenho medo de perder isso um dia. É bem impressionante.

TMDQA: Você agora é artista da Sony Music, como lidou com a ideia de regravar quatro faixas de trabalhos anteriores junto com as novas canções?

Esteban: A galera não entendeu a proposta da Sony com o lançamento digital do “Eu, Tu e o Mundo” que incluía gravar mais algumas músicas e eu acabei gravando os vídeos para o canal no YouTube e também quatro músicas antigas. Mas isso não quer dizer que que essas regravações façam parte do novo trabalho. Na verdade, são dez músicas que fazem parte do novo disco, sendo oito totalmente inéditas, fora as versões de estúdio para “Livre e “Partindo”, que são duas canções que eu nunca havia lançado.

TMDQA: Quais são as principais diferenças que você aponta entre o “Eu, Tu e o Mundo” e os álbuns anteriores? Foi diferente na hora de compor para o CD atual?

Esteban: O “Eu, Tu e o Mundo” é um trabalho diferente dos anteriores em alguns aspectos, o disco acaba juntando o universo dos dois álbuns anteriores. O “Saca La Muerte de Tu Vida” é um disco triste com letras felizes e o “Adios, Esteban!” é um álbum feliz com letras tristes. Nesse novo trabalho eu resolvi fazer uma salada com tudo isso. A recepção do público tem sido ótima.

O processo de composição para o “Eu, Tu e o Mundo” foi bastante diferente. Passei por uma pressão que eu nunca havia encarado antes para deixar o disco pronto e assim meu empresário, Denis, poder correr atrás do interesse de gravadoras. Eu me lembro que no final do ano passado eu tinha duas músicas e poucos dias depois eu estava com dez canções prontas. E foi bom ser pressionado no final das contas. Depois de finalizada a demo, a proposta da Sony, dentre outras três gravadoras, foi a mais interessante.

TMDQA: A gente percebe no seu novo trabalho a presença de mais instrumentos de sopro. Era uma vontade sua?

Esteban: Sim, era uma vontade minha. Não que a minha banda tenha o sopro como algo obrigatório (apenas o acordeão precisa sempre estar presente), eu queria que aparecesse em algumas músicas. Então a gente chamou dois instrumentistas incríveis que são o Will Tocalino (trombone) e o Felippe Pipeta (trompete), que acompanham o Raimundos em turnê e também fazem parte da Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Ou seja, são caras de altíssimo nível que viraram nossos amigos, inclusive. Eles já participaram de alguns shows, mas dependendo do local não dá para levá-los também. Eu tinha muito espaço para o sopro dessa vez, mas este não é um fator definitivo nas músicas.

TMDQA: Como foi o processo para montar o repertório da nova turnê? Natural ou envolveu alguma questão especial?

Esteban: O bom de ter três álbuns no currículo é que você pode fazer shows grandes. E eu gosto de entregar apresentações maiores, tocando para os fãs muita coisa que eles querem ouvir. Mas isso também me dá a liberdade de tirar do repertório algumas músicas que, embora sejam apreciadas pelo meu público, eu não me sinto mais confortável tocando sem que fique um buraco no setlist, porque eu tenho outras canções para substituí-las. Eu nem vou dizer o nome delas para que os fãs não comecem a me xingar, mas eles acabam nem percebendo que essas faixas saíram do repertório do show.

São músicas que eu não gosto mais de tocar e nem fazem falta de maneira geral. Eu não sou aquele cara que despreza suas músicas que fazem muito sucesso, pelo contrário, mas tem canções que eu não acho tão forte e não me agrada tocar. A vantagem de lançar um novo álbum é essa, poder tirar do repertório faixas que você não curte mais apresentar ao vivo e incluir outras pelas quais você está apaixonado.

TMDQA: Na tour anterior você se apresentava apenas na companhia do Paulinho Goulart, agora você está de volta com a banda no palco? O que você prefere?

Esteban: Na turnê anterior eu fiz alguns shows com a banda completa também. Na verdade, muitas vezes não é possível financeiramente que eu me apresente com todos os músicos. Meu show não é caro, mas existem diversas questões relacionadas ao dinheiro que não me permitem trazer a banda para o palco. Eu sou um cara que tem um público de 500 pessoas no show, não de milhares.

Fica difícil para o contratante pagar aéreos para todos os integrantes, por exemplo. Como eu queria levar o meu trabalho para o máximo de pessoas pelo Brasil afora, a solução foi ter apenas eu e o Paulinho (Goulart) no palco. Eu nunca tive a intenção de me apresentar sozinho. Se eu pudesse ter tocado com a banda em todos os shows que eu fiz, eu teria. Tudo se resume ao mercado, que inviabiliza muitas coisas.

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