Resultado da união de duas gerações de músicos com três décadas de diferença, o FFS inclui integrantes da escocesa Franz Ferdinand de um lado, com pouco mais de uma década de vida (13 anos) e sucesso mundial no rock alternativo; e o duo americano Sparks do outro, que já soma 50 anos de história, tendo passado por gêneros e épocas diferentes – da psicodelia dos anos 60 até a new wave nos anos 80 -, mas que nunca chegou de fato ao estrelato.

O saldo disso está registrado no primeiro disco de estúdio do sexteto, lançado em junho desse ano via Domino Records. Homônimo, o novo trabalho traz o supergrupo fazendo um rock dançante com camadas oitentistas renovadas da new wave, influências brandas do glam rock atreladas a um lado cômico do Sparks que transforma a experiência.

FFS, o álbum, aparece após o quarto trabalho do Franz Ferdinand, Right Thoughts, Right Words, Right Action, lançado em 2013 sem causar muito alarde. Ao contrário do que aconteceu em 2002, quando os britânicos surgiram de uma comoção mundial junto a um monte de bandas que traziam uma nova proposta ao rock alternativo, aqui, essa proposta já chega com tom de esgotamento, um pouco como seu último trabalho.

Da parte dos Sparks, FFS surge após catorze anos que a dupla não lança nada inédito. O último trabalho que botaram no mundo foi Hello Young Lovers, lançado em 2006 e considerado o mais popular da carreira da banda. Os vocais com aspectos de ópera rock de Hello Young Lovers são vistos também em FFS. Esse trabalho do Sparks, sem sombra de dúvidas, é imensamente superior a Right Thoughts… e merece ser ouvido com apreço.

O disco chegou às lojas após uma década de reuniões e gravações caseiras que a banda costumava fazer. Os vocais de Alex Kapranos se misturam às vozes dos irmãos Ron e Russell Mael criando um clima divertido em algumas faixas como “The Man Without a Tan”. Apesar de a sonoridade oitentista vir mais do Sparks que do Franz, em uma comparação do trabalho do FFS com ambas as bandas, a proximidade pende mais para o lado do Franz.

Seguindo boas linhas instrumentais, com harmonização concisa de baixo, guitarras e teclados, canções como “Call Girl”, “Police Encounters” e “Save Me From Myself” são pontos interessantes do disco. Na balada “Little Guy From Suburbs” aparece um lado mais obscuro, tanto na sonoridade quanto na letra, que exclama: “Não há heróis nesta vida”.

O ouvinte consegue identificar traços referenciais de nomes como Devo, um dos grupos que melhor representam a new wave; alguns toques do glam de uma fase bastante frutífera do rock nos anos 80, quando David Bowie deu vida a personagens como Ziggy Stardust e Aladdin Sane, estilo que o Sparks também deu pitacos; e um pouco do vigor do Queen, principalmente quando há unção de vozes e combinações de tons diferentes entre elas.

Essas três características foram essenciais para o trabalho de produção de John Congleton, que já trabalhou com ambas as bandas, além de nomes como David Byrne e Sigur Rós. O disco vale muito à pena e deve ser escutado como uma marca musical.

Representa o que muitas bandas da era indie têm tentado fazer há tempos, e nem sempre têm obtido sucesso: reler os anos 80 sem ser piegas, com o lado retrô e o moderno na medida. O erro do grupo talvez tenha sido surgir tanto tempo depois do auge indie dos anos 00´s.

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