Roger Waters é um artista famoso por diversos motivos. Ex-Pink Floyd, o músico tem hits inesquecíveis na carreira, mas também chama atenção por seus posicionamentos políticos, pelas elaboradas concepções conceituais de suas apresentações ao vivo e, claro, pelas polêmicas em que se envolve.

Tudo isso esteve presente em Brasília nesta terça-feira (24), onde Roger deu início à perna brasileira da turnê This Is Not a Drill, que desembarcou no país cerca de cinco anos depois da passagem anterior do artista, que aconteceu bem em meio ao período eleitoral e foi notícia por todo o país.

O espetáculo, portanto, não decepciona em nada: desde a abertura, Roger Waters manda um recado muito claro aos fãs das músicas do Pink Floyd que se recusam a abraçar a questão política, tão fundamental para Roger desde a época da banda, como já ficou mais do que provado pelas letras em clássicos do grupo.

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Roger Waters leva espetáculo teatral e político a Brasília

O começo da apresentação é impactante não apenas pela declaração de Roger. Depois da introdução mais teatral com a versão redux de “Comfortably Numb”, que retira o solo de David Gilmour para criar uma atmosfera mais sombria, a performance abre de vez com a sequência do mega sucesso “Another Brick in the Wall, Part 2”, contando com fogos e uma belíssima projeção de imagens no telão que deixa qualquer um arrepiado.

A sequência que vem a seguir perde um pouco dos fãs. Ainda que a grande maioria presente no local tenha apreciado a parte política do show — provavelmente uma consequência de toda a repercussão das apresentações de 2018 —, Roger usa uma tríade de músicas de sua carreira solo para abordar temas importantes, e é a escolha das canções que não agrada tanto o público.

“The Powers That Be” e “The Bravery of Being Out of Range” ditam momentos fundamentais do show, com denúncias fortes a líderes políticos, mas era notável que Waters perdia o público quando partia para as faixas de sua carreira solo, especialmente quando fez praticamente um monólogo para introduzir a inédita “The Bar”.

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Dito isso, a energia volta a ficar bem alta quando ele retoma o repertório do Pink Floyd com a excelente “Have a Cigar”, um dos pontos altos para os fãs mais fervorosos da banda. Em seguida, o músico relembra histórias com Syd Barrett ao som do hit “Wish You Were Here” e também das partes VI a IX de “Shine On You Crazy Diamond”, um dos momentos mais lisérgicos e sensacionais do show.

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Show de Roger Waters é longo, mas incrível

Talvez o principal problema do atual formato adotado por Roger Waters seja a duração de seu show. A performance começou às 21h20, um pequeno atraso que muito possivelmente se deu pela demora da plateia em chegar à Arena BRB Mané Garrincha, e só foi acabar perto da meia-noite.

A questão é que isso não acontece necessariamente por um setlist enorme — são “apenas” 24 músicas tocadas. Algo que pesa bastante nesse sentido é um intervalo de praticamente 20 minutos entre as duas partes do show; a primeira é finalizada com “Sheep”, que contou com a ovelha flutuante na plateia, e a segunda abre com “In the Flesh”, que viu Roger Waters aparecer em uma cadeira de rodas e usando uma camisa de força.

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Mesmo com essas constantes quebras de momento, era bem perceptível que bastava tocar qualquer música do Pink Floyd para que o público estivesse completamente na mão de Waters novamente. Quando ele parte para mais músicas solo, por exemplo, o retorno à discografia da banda com “Money” é de arrepiar qualquer um.

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Show de Roger Waters dá vida à mensagem do Pink Floyd

A produção impecável é o grande atrativo do show de Roger Waters, não para compensar qualquer deficiência das músicas mas exatamente por complementá-las. Em faixas como “Us and Them” e “Eclipse”, os recursos são utilizados de forma espetacular para dar vida à mensagem do Pink Floyd.

Esse fator ganha ainda mais importância quando se leva em conta o fato de tantas das nuances políticas de álbuns como The Wall e Animals terem passado batidas por alguns fãs, e toda a teatralidade do show de Roger Waters é uma forma de ilustrar o que sempre esteve ali da melhor maneira possível.

Com a turnê This Is Not a Drill, Roger Waters reforça tudo que vem dizendo há tempos e volta a mostrar que não tem receio de se posicionar. Foram diversas menções não apenas à questão palestina, mas também à guerra entre Ucrânia e Rússia e até a episódios locais.

Musicalmente falando, This Is Not a Drill é uma manutenção impecável do legado de Roger Waters e do Pink Floyd. Para além disso, o show é também performático e sensacional, oferecendo a cada um dos presentes uma experiência difícil de ser esquecida.

Abaixo, você confere o setlist completo do show de Roger Waters em Brasília!

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Turnê de Roger Waters no Brasil

Após o show em Brasília, Roger Waters segue agora para mais apresentações no Brasil. A próxima apresentação será no Rio de Janeiro neste sábado (28/10), e depois o músico toca em Porto Alegre (01/11), Curitiba (04/11), Belo Horizonte (08/11) e duas vezes em São Paulo (11 e 12/11).

Você pode garantir ingressos para os shows remanescentes clicando neste link.

Roger Waters em Brasília – setlist

Set 1:
1. Comfortably Numb
2. The Happiest Days of Our Lives
3. Another Brick in the Wall, Part 2
4. Another Brick in the Wall, Part 3
5. The Powers That Be
6. The Bravery of Being Out of Range
7. The Bar
8. Have a Cigar
9. Wish You Were Here
10. Shine On You Crazy Diamond (Parts VI-IX)
11. Sheep
Set 2:
12. In the Flesh
13. Run Like Hell
14. Déjà Vu
15. Déjà Vu (Reprise)
16. Is This the Life We Really Want?
17. Money
18. Us and Them
19. Any Colour You Like
20. Brain Damage
21. Eclipse
22. Two Suns in the Sunset
23. The Bar (Reprise)
24. Outside the Wall

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