Discos Indie subestimados

Surgido em meados dos anos 80, o Indie Rock ganhou vida própria com o passar dos anos e deixou de ser um termo usado apenas para descrever bandas que eram lançadas por gravadoras independentes, passando a ser um gênero com um estilo bem característico.

Nos anos 90 e 2000, essa sonoridade foi se moldando cada vez mais a partir de estilos como o Rock Alternativo e o Post-Punk, desenvolvendo uma legião de fãs que viria a culminar nos últimos 15 anos com a explosão de popularidade de grupos como The StrokesArctic Monkeys e mais.

Exaltar os grandes clássicos é sempre bom e, recentemente, o TMDQA! separou uma lista com 10 discos Indie que não têm nenhuma música ruim. Mas, para além disso, vale a pena dar um mergulho mais profundo no gênero para reconhecer os méritos de álbuns que acabam sendo preteridos com relação a outros por qualquer motivo que seja.

Mesmo dentro dos catálogos de grandes bandas, alguns discos tão bons quanto os mais populares acabam sendo deixados de lado, e é claro que também vale destacar algumas bandas que não têm o sucesso e reconhecimento que merecem.

Vem com a gente conhecer (ou relembrar) 10 discos subestimados do Indie Rock!

Os 10 discos mais subestimados do Indie Rock

Arcade Fire – Neon Bible (2007)

capa do disco "neon bible" do arcade fire

Funeral The Suburbs são dois dos discos mais famosos de todo o Indie Rock, e ambos ajudaram a estabelecer o Arcade Fire como uma banda fundamental do gênero. No meio deles, entretanto, está o também ótimo (e constantemente esquecido) Neon Bible, que curiosamente teve grandes números em seu lançamento e acabou sendo relativamente deixado de lado com o tempo.

Algo bastante injusto, vale ressaltar: com faixas como “Black Mirror” e “Keep the Car Running”, a banda canadense ajudou a ditar o tom que o Indie Rock viria a ter em anos seguintes. Também não é exagero dizer que o tão aclamado The Suburbs só foi possível por conta da sonoridade que começou a se desenvolver em Neon Bible, começando a aproximá-los ainda mais do Art Rock.

Arctic Monkeys – Humbug (2009)

Arctic Monkeys - Humbug

Quando se fala do Indie moderno, o Arctic Monkeys é provavelmente o primeiro nome que vem à mente. Acontece que, na maioria das vezes, os discos que mais chamam atenção são AM Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not, quase sempre sendo reconhecidos como os melhores do grupo.

É difícil dizer que estaria errado elegê-los dessa forma, mas Humbug também não pode ficar de fora de uma seleção destas. Com algumas das músicas mais experimentais da banda, o trabalho de 2009 explora bons refrães ao mesmo tempo em que traz inovações sonoras e eleva ao limite a concepção do que é o Indie Rock.

Built to Spill – Keep It Like a Secret (1999)

Built To Spill - Keep It Like A Secret

Quem acompanha a cena Indie sabe que, nos últimos anos, houve uma explosão de artistas do que chamamos de Bedroom Pop. Com forte influência do Dream Pop, o gênero traz instrumentais muitas vezes mais simplificados, que navegam entre o Indie, o Emo, o Rock Alternativo e o Punk de um jeito único, geralmente somado a belas melodias vocais que guiam o ouvinte por essa jornada.

Ainda que esse boom tenha sido recente, o Built to Spill já fez algo parecido lá atrás com o ótimo Keep It Like a Secret, influência inegociável para diversos artistas que abraçaram essa sonoridade em anos mais recentes. Nem de longe tão famoso quanto outras bandas do Indie, o grupo de Doug Martsch é daqueles que basta dar uma chance para se viciar rapidamente!

The Dismemberment Plan – Emergency & I (1999)

The Dismemberment Plan - Emergency And I

No mesmo ano de 1999, enquanto o Built to Spill seguia por uma direção que priorizava as guitarras, o Dismemberment Plan se afastava um pouco do Post-Hardcore para experimentar novas sonoridades e chegar naquilo que viria a ser melhor definido como Art Rock, servindo inclusive como base para outras das bandas já citadas, como o Arcade Fire.

Emergency & I é um disco essencial na história do Indie Rock e basta ouvir “What Do You Want Me to Say?” para entender o motivo disso.

Interpol – El Pintor (2014)

Outra super banda do Indie, o Interpol é famosíssimo nesta cena por seus três primeiros discos: Turn on the Bright LightsAntics Our Love to Admire. Acontece que, em 2014, o ótimo El Pintor passou batido por muita gente e foi uma das escolhas mais óbvias para essa seleção.

Logo de cara, com “All the Rage Back Home” e “My Desire”, temos duas das melhores músicas do excelente catálogo do Interpol. Enquanto a primeira parece aproveitar os elementos mais dançantes que o Indie incorporou em anos anteriores, a segunda resgata a sonoridade clássica da própria banda em sua melhor forma, servindo como ótimos exemplos para provarmos que este álbum merece (muito) mais a sua atenção.

Manchester Orchestra – Cope (2013)

Manchester Orchestra - Cope (2013)

Manchester Orchestra teve um relativo sucesso desde seus primórdios, se tornando um nome forte no underground. Em 2017, explodiu de vez com o álbum A Black Mile to the Surface, que chegou com uma sonoridade mais próxima do Folk do que do Rock. É justamente essa a principal diferença deste álbum para Cope, que foi lançado em 2013 e definitivamente é bem subestimado.

Com a inconfundível pegada Indie do MO, o disco aproveitou um bom momento de ascensão do Rock na época e trouxe algumas influências que remetiam até mesmo a bandas clássicas do Stoner. A faixa-título é um ótimo exemplo disso, enquanto outras como “Top Notch” e “The Ocean” resgatam uma sonoridade mais Alternativa sem perder a pegada Indie.

Modest Mouse – This Is a Long Drive for Someone with Nothing to Think About (1996)

Modest Mouse - This Is a Long Drive for Someone with Nothing to Think About (1996)

Assim como vários outros escolhidos desta lista, o grande segredo do Modest Mouse é não se restringir ao Indie Rock. Em seu disco de estreia, This Is a Long Drive for Someone with Nothing to Think About, a banda teve uma capacidade impressionante de reunir elementos do Emo com o Indie, algo que poucas vezes foi feito desde então.

Canções como “Dramamine” são o embrião para o surgimento de diversos grupos da cena Emo dos anos 2000, enquanto outras como “Ionizes & Atomizes” trazem versões cruas e experimentais do que viria a se desenvolver mais tarde na sonoridade do próprio Modest Mouse, que teve sucesso com canções como “Float On” e “Dashboard” em álbuns futuros.

Pavement – Terror Twilight (1999)

Pavement - Terror Twilight

Falar em Indie Rock é falar em Pavement, uma das bandas mais pioneiras e importantes do gênero. É indiscutível que o auge do grupo liderado por Stephen Malkmus foi com seus dois primeiros discos, Slanted & Enchanted Crooked Rain, Crooked Rain, mas a melancólica despedida em 1999 com Terror Twilight merece mais atenção.

Produzido por Nigel Godrich, que dois anos antes tinha assinado OK Computer, do Radiohead, o trabalho é subestimado até pela própria banda — ao contrário de Nigel, que defende o álbum, os próprios integrantes não ficaram lá tão satisfeitos com a obra.

No entanto, a crueza de emoções e o tom de desabafo são palpáveis, com músicas como “Spit on a Stranger” e “Ann Don’t Cry” contrastando de forma bela com o restante da discografia do Pavement.

Silversun Pickups – Carnavas (2006)

Silversun Pickups - Carnavas

Existindo entre o Rock Alternativo, o Shoegaze e o Indie Rock, o Silversun Pickups muitas vezes se vê esquecido por não caber exatamente em um rótulo. Prova disso é o ótimo Carnavas, disco que soa tão influenciado por Smashing Pumpkins quanto por My Bloody Valentine, Pavement e Modest Mouse, o que obviamente gera uma sonoridade única.

O sucesso “Lazy Eye” demonstra bem essa diversidade musical da banda, mas é em músicas como “Well Thought Out Twinkles” e “Future Foe Scenarios” que o estilo tão característico do Silversun Pickups fica evidente.

Whitney – Light Upon the Lake (2016)

Whitney - Light Upon The Lake

Para não deixar de incluir representantes mais recentes, o Whitney chegou na última década para provar que ainda dá para continuar inovando no Indie Rock. Incluindo elementos de Folk que remetem à música tradicional dos EUA, a banda logo conquistou o undeground com seu ótimo disco Light Upon the Lake em 2016.

Faixas como “No Woman” e “Golden Days” resgatam influências de nomes citados aqui, como Dismemberment Plan e Pavement, enquanto adicionam uma pegada única que incorpora referências do Soul, Jazz e R&B para fazer o Whitney se destacar entre tudo que vem surgindo nos últimos anos.

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