TMDQA! Entrevista: ÀTTØØXXÁ enaltece black music e promete surpreender fãs com seu novo disco
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Ao ouvir o nome ÀTTØØXXÁ, muitas pessoas automaticamente pensam nas músicas que misturam percussões com os sintetizadores e beats que não deixam ninguém parado.

Porém, guiados pela vontade de mostrar ao público outras referências e com desejo de provar que são capazes de trabalhar com músicas que não necessariamente estão relacionadas somente à bagaceira, como descreveu o produtor Rafa Dias em conversa com o TMDQA!, o grupo baiano lançou seu quarto disco de estúdio Groove no final de Maio.

O trabalho chegado focado na essência do guitarrista Chibatinha depois da banda ter explorado as inspirações de Rafa, responsável pelos sintetizadores e beats, no disco ÀTTØØXXÁ É F*DA P*RRA (2016). Da mesma forma, foram as referências do vocalista e baterista Oz que brilharam em BLVCKBVNG (2016) e as do vocalista Raoni em LUVBOX (2018).

O novo disco foi quase todo criado em uma imersão que os integrantes fizeram junto com o restante da banda para a Ilha de Itaparica, na Bahia. Sobre o processo, Rafa declarou:

A gente nunca tinha feito um disco junto de fato. Então, quando fomos para a Ilha, fomos realmente de mala e cuia. Todo mundo foi junto para ficar duas semanas lá, com computador para gravar as coisas, Chibatinha com todas as guitarras, os percussionistas com toda a percussão, e isso foi uma coisa que a gente nunca tinha feito.

Então, o grosso saiu lá. A gente não estabeleceu um limite, só pensou, ‘Vamos fazer música, fazer o que a gente gosta’. Só que aí no decorrer, eu acho que aí que veio surgindo o molde principal, essa coisa do groove, de trazer a Black Music e como ela está ali espalhada pelo mundo, sabe? Tipo assim, saiu, sei lá, o Afrobeat que está lá na Nigéria, a gente tem o nosso pagodão daqui, o funk dos Estados Unidos, enfim. Eu acho que depois do processo que a gente pegou esse fio da meada.

A guitarra de Chibatinha

Diferentemente dos últimos trabalhos, o ÀTTØØXXÁ incluiu entre as 13 faixas de Groove interlúdios que vão do forte som da percussão com influências do funk americano em “Surra de Groove” até o poderosíssimo som da guitarra de Chibatinha, que se encontra com um violino na melancólica “Chora”. Sobre a faixa, Chiba explicou:

‘Chora’ foi a primeirona que eu pensei ali para o interlúdio, porque ela foi feita no ápice da pandemia. Você consegue perceber que ela é bem sentimentalzona assim, bem emocional. Foi num momento em que ninguém sabia o que ia acontecer, pandemia e pô, tinha uma cara sem fazer show e estava aquela vibe de preocupação e tristeza. E música é isso né? Sentimento. Se você está triste você faz uma parada triste, se você está feliz você faz uma parada alegre. Então, ela tem essa parada assim meio sentimental e ela é meio misteriosa também.

Rafa acrescentou que a música surgiu também depois de uma conversa que ele teve com o guitarrista sobre explorar outras sonoridades que não estivessem somente ligadas ao groove. Ele lembra que, na época, recomendou que Chibatinha ouvisse o hit do Guns N’ Roses “November Rain”, para que ele se inspirasse no solo do icônico Slash, e apontou que o violino gravado por Mateus Mariani entrou em “Chora” para dar “um charme na música”.

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Participações do novo disco do ÀTTØØXXÁ

O ÀTTØØXXÁ é uma banda que sempre demonstrou apreço por parcerias, como foi visto anteriormente em músicas com Major Lazer e Ludmilla, Luedji Luna, Psirico, Rincon Sapiência e muitos outros artistas. Como era de se esperar, com seu novo projeto não foi diferente.

Em Groove, a banda baiana contou com a participação do mestre Carlinhos Brown, que eles consideram como um padrinho musical, e também com Thiaguinho, o qual eles apontam como uma grande referência na música. Ainda marcaram presença Liniker, Luísa Nascimento (Luísa e os Alquimistas), Negra Japa e Victor Leony.

Na entrevista, Rafa Dias destacou que a convivência com Brown, que desde um projeto em Salvador resultou em parcerias no Festival CoMA e no Festival de Verão, além da faixa “Da Favela Pro Asfalto”, sempre gera para a banda um aprendizado:

A gente aprende realmente muito com ele e ele dá conselhos muito importantes pra gente, sabe? Agora mesmo no clipe, a gente estava gravando um clipe, aí a gente mostrou algumas faixas e aí ele: ‘Meninos, vocês não tocam pagode. Vocês tocam música. Vocês são o mundo, sabe?’. É foda você escutar isso do cara. Porque tipo assim, realmente, eu nasci nos anos noventa, meus pais escutaram muito Timbalada e faz parte do meu DNA.

Eu acredito muito que a gente, de certa forma, é um prolongamento do que ele fez lá atrás, sabe? Tipo assim, você pega os dois primeiros discos da Timbalada e o cara já sampleava, ele já estava muito lá na frente. Então eu acho que nossa identificação soma mais ainda quando ele olha pra gente e fala esse tipo de coisa. Ele coloca a gente na mesma ótica que ele teve. Ele mesmo sente que, de certa forma, a gente é, sei lá, o prosseguimento da história do movimento.

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Junto com o lançamento, a banda baiana disponibilizou um clipe para a faixa “Menina”, que marca a parceria do grupo com Thiaguinho, artista que eles consideravam que estava distante deles. No entanto, já no primeiro encontro com o ÀTTØØXXÁ, o cantor demonstrou “humildade e simplicidade”, além de muita simpatia, como descreveu Raoni.

Sobre gravar com o sambista, o vocalista confessou:

Foi uma parada que é orgulho, porque era uma parada que tipo, todos nós sabíamos e faz parte de quem você é como artista, sabe? Fez parte do início da minha carreira, porque eu comecei muito tocando na rua e fazendo muita música cover, né. Então, eu tocava todas as bandas de samba possíveis, todos os MPBs do mundo.

Pra mim foi indescritível. O momento que aconteceu a confirmação foi aquele momento que você tira aquele peso das costas, pensando, ‘O que que eu vou fazer mais agora?’. Não que os outros que a gente conhece não sejam referências master também, tipo Brown, a Liniker e outros que a gente encontrou durante esses processos aí, mas é aquele negócio de quando você acha uma parada que está mais difícil de alcançar. Porque por mais que a gente tenha o Brown ali do lado e os outros artistas que a gente conheceu, eles são de uma certa forma do meio da gente ali, né? Eles estão nos mesmos festivais que a gente toca, que é uma coisa que não é o perfil do Thiaguinho, ele é de outra esfera.

Nova turnê do ÀTTØØXXÁ

Mesmo não sendo uma banda de muitos ensaios e preferindo a autenticidade nos palcos, como Rafa Dias confessou ao TMDQA!, o ÀTTØØXXÁ teve uma grande preparação para levar as canções do novo álbum aos palcos de todo o Brasil.

Falando sobre os shows dessa turnê, Chibatinha apontou que o público pode esperar as músicas novas do álbum, além de clássicos, “pois fazem parte da nossa história”, e um ÀTTØØXXÁ diferente do que a galera está acostumada a ver.

Reforçando a fala do guitarrista e revelando mais alguns detalhes, Rafa disse:

Tem talvez um novo olhar sobre a banda. Quem vai estar lá vai entender que a gente está em outro momento nosso, já estamos com as idadezinhas chegando, então vai mudando a cabeça, a gente vai querendo apresentar outras coisas, mostrar outra cara.

Como eu falei, quem pegar desde a capa desse disco até quem for curtir o show vai conseguir perceber essa essência da música negra que vem lá das antigas. E eu acho que, sonoramente, realmente vai ser impactante pra quem só espera bagaceira; vai estar lá curtindo uma outra cara, uma nova fase, um novo rolê, uma nova forma, que sempre fez parte da nossa carreira, mas acho que dessa vez a gente explorou mais, entregou mais, sabe?

A gente está fazendo… vou deixar um spoiler aí, mas a gente está fazendo dentro desse show algumas citações de músicas muito clássicas da Black Music. Quem estiver lá vai tomar um sustinho pensando, ‘Nossa, nunca imaginei ÀTTOOXXÁ tocando isso’, mas vai estar lá!

Você pode conferir abaixo na íntegra o disco Groove, que além de reunir artistas de peso da música brasileira conta com uma sonoridade que une ritmos latinos, pagodão, black music e também afrobeats e funk americano.

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