Grimes no clipe de Idoru

As opiniões sobre a utilização de Inteligência Artificial (IA) no mercado da música estão cada vez mais divididas. Recentemente, quem se manifestou sobre o recurso foi a cantora Grimes, que em 2019 previu que a tecnologia poderia tornar a música ao vivo “obsoleta em breve”.

Através de sua conta do Twitter, a artista compartilhou uma notícia sobre o hit fake de Drake e The Weeknd criado por IA que se tornou viral, e convidou seus seguidores a usarem o recurso para criar músicas com sua voz. Ela disse:

Eu dividirei 50% dos royalties em qualquer música bem-sucedida gerada por IA que use minha voz. O mesmo acordo que eu faria com qualquer artista com quem colaboro. Sinta-se à vontade para usar minha voz sem penalidade. Não tenho rótulo nem vínculos legais.

Eu acho legal ser uma máquina de fusão e gosto da ideia de abrir o código de toda a arte e acabar com os direitos autorais.

Em seguida, Grimes revelou que ela e sua equipe estão criando um programa “que deve simular bem a minha voz”, mas que também ajudará as pessoas a desenvolverem suas próprias versões. Interessante, hein?

Grimes e músicas criadas com IA

Apesar da proposta tentadora, algumas horas depois Grimes retornou à sua conta do Twitter com um aviso importante.

A cantora declarou que, caso as letras que usassem sua voz fossem “realmente tóxicas”, ela e sua equipe poderiam fazer “remoções de direitos autorais”. Ela explicou:

Ok, odeio essa parte, mas podemos fazer remoções de direitos autorais APENAS para letras realmente tóxicas com a voz da Grimes: na minha opinião você realmente teria que forçar a barra para eu querer derrubar algo, mas acho que por favor não seja ‘o pior’. Tente não sair da janela atual de conteúdo lírico em relação a sexo/violência. Tipo, nenhuma canção sobre assassinar bebês, por favor.

Me sinto como [Barbra] Streisand fazendo isso agora, mas não quero ter que derrubar e ser hipócrita depois. Essa é a única regra. Realmente não gosto de fazer uma regra, mas não quero ser responsável por um hino nazista, a menos que seja de alguma forma em tom de brincadeira dos produtores, eu acho.

Preferimos evitar coisas políticas, mas se for um pequeno meme com seus amigos, provavelmente não o penalizaremos. Provavelmente apenas se algo for viral e anti-aborto ou algo assim. Realmente não gosto de impor regras, então peço desculpas, mas esta é a única coisa.

Um internauta respondeu a postagem de Grimes dizendo que, mesmo com a regra, a cantora pode “acabar em uma situação desconfortável”. Ela acrescentou:

Mesmo se você tentar derrubar uma música censurável, ela ainda estará por aí enganando as pessoas até o fim dos tempos, como é a natureza da internet. Tome cuidado!!!!!

A cantora respondeu a internauta admitindo que já esperava “uma certa quantidade de caos” com sua decisão, mas justificou:

Grimes é um projeto de arte, não um projeto de música. O objetivo final sempre foi ultrapassar os limites, ao invés de ter uma boa música. O objetivo é fazer buracos na simulação e ver o que acontece mesmo que seja um resultado ruim para nós.

Vale a reflexão!

Músicas com IA têm dividido opiniões

A novidade de Grimes chega em meio a uma calorosa discussão sobre o uso frequente de Inteligência Artificial, principalmente no mundo da música.

Um novo estudo da Ditto Music, empresa global de distribuição de música, aponta que a presença da ferramenta na criação de novas músicas já é uma realidade. A pesquisa analisou mais de 1.200 usuários da empresa e os dados mostram que 59,5% dos artistas já estão fazendo uso de IA em seus projetos. Saiba mais detalhes aqui.

Enquanto isso, temos artistas como o icônico Nick Cave apontando seu descontentamento com o recurso, justificando que não é necessário “inventar uma tecnologia que possa imitar esse ato criativo tão bonito e misterioso” que é o ato artístico.

Quem também emitiu sua opinião recentemente sobre o IA foi o ex-namorado de Grimes, Elon Musk, que assinou ao lado de outros gigantes da tecnologia uma carta condenando a infiltração cada vez mais frequente da IA no cotidiano e pedindo aos laboratórios que “pausem imediatamente por pelo menos seis meses o treinamento de sistemas de IA mais poderosos que o GPT-4”.

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