Atração do AFROPUNK Bahia, Paulilo Paredão fala sobre representatividade no festival
Crédito: Brenda Santos

A aguardada segunda edição do AFROPUNK Bahia acontece neste final de semana, nos dias 26 e 27 de Novembro, em Salvador.

Com um line-up montado para atender todos os gostos, o evento que celebra a cultura negra irá receber shows de peso de artistas como Emicida, Ludmilla, Liniker, Black Pantera, Baco Exú do Blues, Karol Conká e também os músicos internacionais Masego e a dupla Dawer X Damper.

Além disso, bandas e artistas locais também marcam presença no festival. Entre eles, o público vai poder conferir as performances de Larissa Luz, ÀTTOOXXÁ, Psirico, A Dama, Yan Cloud e muito mais.

Quem também vai integrar o AFROPUNK Bahia é a multiartista baiana Paulilo, que criou em 2019 o projeto Paulilo Paredão para dar voz às identidades LGBTQIA+ presentes na cultura do pagode baiano.

Em abril, a artista lançou seu primeiro EP Apertada & Kent e, no festival, ela irá apresentar tanto o seu lado cantora como de DJ. Em conversa com o TMDQA!, Paulilo reforçou a importância de receber o convite para se apresentar no festival e detalhou o que espera da sua apresentação.

Confira o papo na íntegra logo abaixo!

TMDQA! Entrevista Paulilo Paredão

TMDQA!: Em 2019, você deu início ao projeto Paulilo Paredão depois de ficar incomodada com a falta de representatividade nas festas que você trabalhava. Quais foram as principais mudanças na sua carreira após a criação do projeto?

Paulilo: Com o paredão eu consegui construir uma rede muito grande de artistas, de produtores, de pessoas que estão construindo mesmo uma cena de Salvador. E na Bahia toda na verdade, né? E aí, com essa rede, o olhar das pessoas pra mim mudou. Ficou um olhar mais de responsabilidade também, as pessoas meio que me chamam para amadrinhar seus trabalhos, seus projetos, dar uma opinião, ouvir uma demo de uma música e dizer o que achou, indicar um produtor, indicar uma dançarina, sabe? Olhar um projeto e dizer o que eu acho ou dar algum encaminhamento, enfim. Então eu deixei de ser a DJ Paulilo e hoje me chamam de Paulilo Paredão por essa rede que eu criei. Essa rede paredão, de pessoas de diversos nichos da cena que contam comigo e que eu posso contar.

Então, a partir disso, meu olhar pra mim mesma mudou. Eu enxergava tudo o que eu fazia desde antes do paredão e até mesmo no início do paredão… eu não me enxergava como algo tão importante, eu não enxergava como algo tão grande. Eu estava fazendo o que eu gostava, reunindo pessoas com o mesmo propósito e ajudando minhas amigas artistas, ajudando outros artistas a crescerem; não necessariamente minhas amigas, mas ajudando os artistas a terem palco, a conhecerem o público, ao público conhecer esses artistas e tudo mais e, quando eu fui perceber, estava fazendo um bom trabalho de base em Salvador. Então, no geral, o que mudou foi o olhar de mim pra mim, das pessoas pra mim e também de mim pra cena, de mim pras pessoas.

TMDQA!: Muitas pessoas celebraram depois que você foi anunciada no line-up do AFROPUNK Bahia. Queria saber como foi receber esse convite e qual é a importância de se apresentar nesse evento?

Paulilo: Receber esse convite foi incrível, foi um momento muito feliz por estar representando muita gente, né? Por estar representando uma cena de Salvador, uma cena legal de Salvador nesse momento, nesse festival mundial, onde estão presentes nomes do mundo todo.

Eu sinto que eu vou estar representando muita gente além de mim, vou estar representando a galera que está no começo e sonha que o seu projeto, que a sua música alcance um lugar maior. E também represento as pessoas que já estão na cena há muito tempo, como eu mesma, mas que não têm tanta oportunidade, já que a cena só fortalece tanto a sua bolha que pessoas que estão no jogo aí há mais de dez anos não têm uma oportunidade dessa.

Então, pra mim é uma responsabilidade também levar o nome dessas pessoas comigo. O tema do meu show é ‘Paulilo é sucesso’ e isso não quer dizer que só eu pessoalmente sou um sucesso, mas que tudo que está ao meu redor, tudo que me cerca e tudo que me fortalece, e que eu fortaleço também, é um sucesso e vai estar comigo presente no palco do AFROPUNK.

TMDQA!: No ano em que você lançou seu primeiro EP, você participou do Favela Sounds Festival. Agora, vai ser atração do AFROPUNK Bahia. Qual é o principal desafio em subir nesses palcos?

Paulilo: São muitas pessoas, né? São mais de dez mil pessoas, tanto no Favela Sounds quanto no AFROPUNK. A maior responsabilidade é fazer todo mundo vibrar na mesma energia. É muito difícil, até porque por ser um festival muita gente vai por atrações X, outra por atração Y. E meu papel como DJ é unir essas tribos, né?

Eu gosto de fazer um set muito plural. Eu gosto de fazer com que meus sets contem uma história e que essa história converse com a maioria das pessoas pelo menos. E no AFROPUNK especificamente, onde eu vou cantar também além de tocar, eu tenho uma responsabilidade de fazer com que as pessoas conheçam meu trabalho não só como DJ mas como multiartista, artista visual, cantora, enfim, e fazer com que elas se apaixonem por mim e por tudo que eu vou estar representando naquele palco.

TMDQA!: O que você acredita que o AFROPUNK vai proporcionar de retorno para sua carreira?

Paulilo: Esse é o meu maior público até agora. Já toquei em tantos paredões, tantos eventos, carnaval de Salvador, Festival Favela Country… mas o AFROPUNK Bahia vai ser o meu maior público. Não só presencial, né? Mas também virtual, pelas pessoas que vão assistir na televisão, on-line e tudo mais.

Então, eu acho que o maior presente do AFROPUNK pra mim nesse momento é fazer com que o meu axé alcance e chegue em outras pessoas. E que o axé delas também chegue pra mim, sabe? Seja assistindo em casa ou presencialmente, que aquela atenção, que aquela energia gostosa chegue pra mim e que a minha e da equipe, das pessoas que estão comigo, também chegue nelas. Eu trabalho com música há muito tempo e a música é sobre isso, é sobre unir pessoas sem a gente precisar nem se tocar, nem se falar, a música nos une de diversas formas. Trabalhando com música eu aprendi isso.

Com o AFROPUNK, a minha música e a música de pessoas como eu, que vieram de onde eu vim, vão estar atingindo tanta, tanta, tanta gente. Então, eu espero que as pessoas olhem pro meu momento especial, com um olhar especial; que olhem pro meu momento com olhar de carinho mesmo e mandem boas energias. Eu acredito que isso vai ser o meu babado com o AFROPUNK.

TMDQA!: O que você está preparando para o show do AFROPUNK? Pode compartilhar algum spoiler com a gente?

Paulilo: Vai ser um presente pra quem já me acompanha. São sete anos de carreira. Vai ser um choque pra quem não me conhece, com certeza, estar cantando sobre as coisas que pessoas dissidentes passam e estar tocando sobre as nossas vidas.

Mas vai ser um presente também pra minha comunidade, pra comunidade LGBT. Vai ser um presente pro meu bairro São Caetano, vai ser um presente pras pessoas da minha cena de Salvador. E vai ser um grande ebó de reverberações positivas; vai ser como se fosse meu Réveillon! Como se fosse o Réveillon da Paulilo e, por ser um Réveillon, as pessoas vão sair de lá sedentas pelo Carnaval. Vem aí!

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