AFROPUNK Bahia celebra a cultura negra com shows potentes em sua primeira edição completa na América Latina
Emicida no AFROPUNK Bahia 2022 | Foto por Lara Teixeira / TMDQA!

No último final de semana de Novembro, a segunda edição do AFROPUNK Bahia ocupou Salvador com muita música, representatividade e emoção.

Mesmo com a chuva que tomou conta da capital baiana nos dias 26 e 27, o público marcou presença no Parque de Exposições e escolheu seus looks mais estilosos para prestigiar a primeira edição completa na América Latina do maior festival de cultura negra do mundo.

Dividindo suas atrações nos belíssimos palcos “Agô” e “Gira”, o evento reuniu artistas de peso de diferentes gerações e estilos como Liniker, Emicida, Margareth Menezes, Black Pantera, Ludmilla, Baco Exu do Blues, Mart’nália e muito mais. Além disso, também contou com nomes internacionais como Masego e a dupla Dawer X Damper.

Além de ter mais de 20 horas de shows, o AFROPUNK Bahia ofereceu ao público diversas ações buscando fortalecer a cultura negra, como amarração de turbantes, penteados, maquiagem e pinturas étnicas, promovendo um reencontro do seu público com a beleza de sua ancestralidade.

Vale a pena destacar também que, na edição deste ano, o evento mostrou um cuidado maior com a questão da acessibilidade. Apesar das poças d’água e a lama causadas pela chuva terem dificultado um pouco a locomoção do público em geral, PcDs tiveram acesso a rampas em locais específicos do evento e a duas plataformas exclusivas.

Confira abaixo detalhes sobre os dois dias do festival que mostrou novamente que veio para ficar!

Sábado: do Metal do Black Pantera ao emocionante show de Emicida

O AFROPUNK Bahia começou os trabalhos do seu palco principal, “Gira”, às 19h, com o show potente da banda de metal Black Pantera. O grupo mineiro, que já tocou nas edições do festival em Paris e Nova York, foi um pouco prejudicado pela intensa chuva que intimidou o público de chegar cedo no evento. Mesmo assim, eles não diminuíram o ritmo em nenhum momento da apresentação que marcou a estreia da banda em Salvador.

Aqueles que estavam em frente ao palco, usando capas de chuva ou se molhando sem preocupações, foram motivados por músicas de sucesso do grupo como “Padrão É o Caralho”, “Fogo nos Racistas” e mais. Além disso, o trio preparou uma incrível homenagem à saudosa e lendária Elza Soares, que faleceu em Janeiro deste ano, interpretando uma versão heavy metal do hino “A Carne”. O show ainda contou com a participação do talentoso rapper Felipe Flip.

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Em seguida, com um número maior de público e uma pausa na chuva, foi a vez da aclamada Margareth Menezes comandar a festa com um show que teve a participação especial da banda Didá – grupo de percussão exclusivamente feminino de Salvador. A artista agitou a plateia com clássicos do afropop e axé como “O Canto da Cidade”, “Faraó”, “Elegibo”, “Dandalunda” e tantos outros.

Em um momento da apresentação, ela declarou:

Estou feliz demais de estar aqui, nesse festival imenso. [O AFROPUNK] fortalece a cena da música preta nacional, do nordeste e da nossa Bahia. E a gente precisa disso. Que haja cada vez mais festivais, que a gente consiga transitar por todos os lugares, porque é isso que a gente faz desde que o mundo é mundo.

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Mais tarde, vestindo uma roupa prateada brilhante, Liniker reforçou que presença de palco é o que não falta em seu show. A artista, que foi um dos destaques da primeira noite do festival, dominou o público durante toda a sua apresentação que incluiu hits como “Calmô”, “Baby 95”, “Intimidade” e “Psiu”.

Além disso, a cantora arrancou aplausos da plateia ao relembrar sua vitória no Grammy Latino 2022 ao mudar um trecho da canção “Lili”. Liniker e toda a sua banda conquistaram a atenção do público e, emocionada com a participação no evento, a cantora compartilhou com os fãs:

Obrigada por dividirem comigo esse momento tão especial. Por celebrar a vida de um disco [Indigo Borboleta Anil (2021)] que tem me curado tanto. Que nasceu para florescer coisas de mim que eu achei que tinha esquecido. Que bom que essa voz não é só minha quando a gente se encontra. Quero dedicar esse show a todos os fãs que me acompanham desde 2015, [acompanham] minha trajetória, meus discos, minha poesia. Muito obrigada. Obrigada AFROPUNK.

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A primeira noite da edição brasileira do AFROPUNK também recebeu o talentosíssimo cantor jamaicano-americano Masego, que deu um show de alto astral. O artista abriu sua apresentação com a famosa “Navajo”, que viralizou nas redes sociais no último ano, e durante sua performance, onde também exibiu diversas vezes sua habilidade com o saxofone, foi encantando seus fãs e conquistando aqueles que ainda não conheciam seu trabalho.

A todo momento, o músico que traz em suas canções uma mistura de R&B e afrobeat interagia com o público arriscando algumas palavras em português. Ele ainda enalteceu a música brasileira, citando artistas como Djavan, Gilberto Gil, Gal Costa e Arlindo Cruz, que estão entre suas referências, e encerrou o show com o hit “Tadow”, sua faixa em parceria com FKJ.

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Depois da atração internacional, o público do AFROPUNK Bahia estava pronto para assistir ao show do artista mais aguardado da noite: Emicida. A apresentação forte e emocionante do aclamado rapper teve início com o sucesso “É Tudo Pra Ontem”, em que ele homenageou os saudosos artistas Gal Costa e Erasmo Carlos, que nos deixaram recentemente. Acompanhado pelo coro do público durante todo o show, ele cantou sucessos como “Hoje Cedo”, “Pantera Negra”, “Ismália” e muitos outros.

Um dos momentos mais marcantes do show aconteceu na introdução do single “AmarElo”, em que o rapper mais uma vez expressou seu posicionamento político e gritou com toda a sua força: “Vai pro inferno, Bolsonaro”. O público reagiu imediatamente e soltou a voz na música de Emicida em parceria com Majur e Pabllo Vittar.

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Próximo do final do show, o artista convidou Márcio Victor, vocalista do Psirico, para uma performance de “Firme e Forte”, sucesso do grupo de pagode baiano e que integra o repertório do paulistano. Promovendo mais uma cena de destaque em sua apresentação, Emicida foi para o público abraçar e cantar ao lado dos fãs o hit “Principia”. Com tanto amor envolvido, ele não conseguiu se segurar e foi às lágrimas no meio da galera. Ao subir novamente no palco para encerrar seu show, o músico ainda autografou seu livro infantil “Amoras” para uma fã mirim.

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Depois de ter um gostinho da energia de Márcio Victor, boa parte do público continuou no festival para quebrar tudo dançando no show completo do músico com sua banda Psirico, que incluiu em seu repertório músicas que são figurinhas carimbadas do Carnaval de Salvador.

Antes de contar sobre o último dia do AFROPUNK Bahia, vale destacar a importância do palco Agô, que ficou responsável por receber novos nomes da música, enaltecendo a cena independente brasileira.

Com a missão de continuar propagando muita música nos intervalos do palco principal, artistas como Nic Dias, Yan Cloud, Paulilo Paredão, DJ TAMY e o coletivo Baile Favellê agitaram o primeiro dia do evento.

Já no domingo (27), o palco Agô recebeu Young Piva, N.I.N.A, Rayssa Dias e Minestereo Público Sound System, que foram abraçados pela plateia durante suas performances.

Domingo: Mistura de ritmos e muita chuva encerram o AFROPUNK Bahia

Antes que você pense que o último dia do festival foi totalmente debaixo de chuva, adiantamos que a água se segurou e caiu só mais tarde mas, dessa vez, veio com força total.

Diferentemente do dia anterior, a abertura do domingo contou com a boa vontade do tempo que deixou com que mais pessoas chegassem cedo ao Parque de Exposições para curtir o delicioso show de Mart’nália, Larissa Luz e Nelson Rufino, sem o incômodo da chuva.

Os três artistas embalaram o início da noite com clássicos do samba que estavam na ponta da língua da maioria do público presente, incluindo músicas como “Cabide”, “Uma Prova de Amor”, “Ilha de Maré”, “Todo menino é um rei” e muitos outros. Como Mart’nália e Larissa revelaram, boa parte do show foi uma homenagem ao aclamado Nelson Rufino, que completou 80 anos de idade em Setembro.

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A próxima atração que assumiu o palco Gira foi o duo formado pelos irmãos Dawer X Damper. Os colombianos animados, que a todo momento reforçaram que estavam felizes de tocar no Brasil, apresentaram um show que conquistou o público do AFROPUNK Bahia que, apesar de não conhecer a maioria de suas músicas, soltou o corpo durante toda a apresentação da dupla que foi repleta de símbolos afrofuturistas.

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Em seguida, foi a hora de vibrar com um dos shows mais esperados do segundo dia do festival. Ao som da plateia gritando “Baco gostoso”, a talentosa banda de Baco Exu do Blues já estava a postos para dar início à apresentação que começou com a faixa “Sinto Tanta Raiva…”.

Durante o show, o rapper baiano passeou por sucessos dos discos QVVJFA, Bluesman e Esú, cantando músicas como “20 Ligações”, “Me Desculpa Jay Z”, “Te Amo Disgraça”, “Samba in Paris” e “Flamingos”, que foram acompanhadas por coros dos fãs.

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Um momento que emocionou boa parte do público foi a homenagem a Gal Costa feita pela cantora Mirella Costa, que integra o time de backing vocals de Baco. Com uma voz que impactou a todos, a artista fez uma bela versão a capella de “Força Estranha”, um dos trabalhos mais marcantes da carreira de Gal, enquanto uma foto da lendária artista aparecia ao fundo.

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Apesar da chuva ter dado uma brecha na noite do último dia do AFROPUNK Bahia, o início da madrugada de segunda-feira (28) foi bastante diferente. Pouco antes da brabíssima Ludmilla tomar conta do evento com um show impecável, o público foi “presenteado” com um toró que não havia capa de chuva que salvasse.

Mas isso não desanimou a plateia, que foi à loucura com a artista que chegou toda de vermelho, incluindo seu cabelo, para começar a performance com os hits “Favela Chegou”, “Verdinha” e “Rainha da Favela”.

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Depois de apresentar algumas das suas músicas de funk e pagode baiano, a cantora, que declarou estar muito feliz por participar do AFROPUNK, deu início ao Lud Session com as faixas gravadas em parceria com Gloria Groove e, em seguida, anunciou o momento Numanice do show, mexendo com o coração de todos com os pagodes românticos.

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Mais tarde, a cantora convocou Liniker para cantar seu antigo sucesso “Não Quero Mais” e dar uma palinha de “Baby 95”. No encontro de peso, as artistas relembraram suas vitórias no Grammy Latino deste ano e se abraçaram diversas vezes, celebrando a conquista.

Não satisfeita, Lud ainda surpreendeu o público ao chamar a nova sensação do pagode baiano Alanna Sarah, “A Dama do Pagode”, para cantar seu hit “Soca Fofo” antes de encerrar seu aclamado show com “Onda Diferente”.

Encontrando um público já bastante agitado, foi a vez de ÀTTOOXXÁ e Karol Conká comandarem o festival. Ainda com muita chuva, a banda baiana fez todo mundo sair do chão com seus hits que embalam o verão como “Blvck Bvng”, “Bota o Capacete”, “Elas Gostam” e com faixas da rapper, como “Tombei”, “É o Poder” e “Louca e Sagaz”, que ganharam novas versões acompanhadas por batidas eletrônicas e percussão.

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A segunda noite do festival também encerrou sua programação com muito pagodão e empoderamento apresentado pela Dama, que retornou ao palco para fazer todo mundo dançar. O último show ainda contou com a participação da carioca MC Carol, que apesar de ter tido alguns problemas técnicos com seu som animou o público com seus hits que foram acompanhados pela percussão e efeitos sonoros marcantes do pagode baiano.

A primeira edição completa do AFROPUNK Bahia foi marcada por dois dias de muita música e muita arte, além de atender seu principal foco que é a valorização da cultura negra.

Até o momento, a organização do festival não confirmou se haverá uma próxima edição mas, pela repercussão nas redes sociais, os baianos já estão preparados para receber o evento mais uma vez!

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