Benito Di Paula e Rodrigo Vellozo
Foto por Murilo Alvesso

Em 2021, o gênio Benito di Paula completou o seu octogenário. As comemorações começaram naquele mesmo ano, com o lançamento de O Infalível Zen, seu primeiro disco de inéditas em 25 anos, concebido ao lado do filho, Rodrigo Vellozo.

Mas 1 ano é pouco para celebrar os 80 de um dos maiores nomes da música brasileira. Em 2022, pai e filho estão dando continuidade às festividades com a idealização do songbook Benito 80, que reúne relevantes artistas de diferentes gerações em releituras de clássicos de Benito.

Para ficar por dentro de tudo que envolve o projeto, o TMDQA! realizou uma entrevista exclusiva com Benito di Paula e Rodrigo Vellozo — e você confere, na íntegra, mais abaixo.

Celebração à carreira de Benito di Paula

Teresa Cristina e João Bosco são alguns dos nomes que abrilhantaram o songbook, gravando os singles de divulgação “Proteção às Borboletas” e “Se Não For Amor”, respectivamente. A primeira parte dessa celebração é exposta por meio do EP Madrugada, que traz ainda Mariana Aydar, em “Do Jeito Que A Vida Quer“, e Demônios da Garoa, Rodrigo Campos e o próprio Rodrigo Vellozo, na faixa-título “Madrugada“.

Lançado oficialmente no último dia 14 de Julho, o registro surgiu com o propósito de explorar as mais diversas e profundas perspectivas sobre a obra de Benito. No segundo semestre, o EP irá se estender para a versão completa do songbook. Rodrigo Vellozo adianta que o rapper Criolo e a cantora Juçara Marçal são alguns dos nomes já confirmados para o álbum:

Cada um dos artistas que estão no plano tem uma ligação profunda e particular com o acervo e com a história do grande artista que é o meu pai. Conseguimos reunir vários universos dentro dos oitenta anos de vida de Benito.

As comemorações também se estendem para os palcos, com o show Benito 80, que desembarcou em Salvador no dia 12 de Agosto. Na ocasião, Benito di Paula dividiu o palco do Teatro Castro Alves com o filho Rodrigo, o percussionista Luiz Carlos e o contrabaixista Maestro Ocimar. No repertório, inesquecíveis canções, recriadas por novos e inventivos arranjos, que iluminam e ampliam toda a riqueza da obra construída pelo cantor em sua grandiosa carreira.

Para entrar no clima das comemorações das oito décadas de Benito di Paula, ouça abaixo o EP Madrugada e, a seguir, confira nossa entrevista com Benito e Rodrigo Vellozo.

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TMDQA! entrevista Benito di Paula e Rodrigo Vellozo

TMDQA!: Vocês acabaram de lançar o EP “Madrugada”, mais uma etapa da celebração dos 80 anos de Benito di Paula de forma primorosa, reunindo grandes vozes da nossa música brasileira. Temos João Bosco, Teresa Cristina, Demônios da Garoa, Rodrigo Campos, Mariana Aydar… Como é pra você, Benito, receber essa homenagem de artistas talentosos de diferentes gerações, muitos deles com uma carreira influenciada pela sua?

Benito di Paula: Isso é muito importante para mim e me dá muita alegria, porque eu agradeço muito a todos esses artistas, porque isso vai perpetuando mais o meu repertório, entendeu? É uma coisa muito boa e muito importante, não só para mim, como para a música popular brasileira.

TMDQA!: Sobre a realização do EP, como vocês chegaram a esses nomes? E como foi os bastidores desse registro? Houve algum tipo de direcionamento para as novas versões ou os artistas tiveram liberdade total e cada música foi uma surpresa?

Rodrigo Vellozo: Eu acho que primeiro a gente foi pensando no repertório, né?! Construir um repertório que desse alguma representação, uma possível representação da obra do meu pai. Claro que é muito difícil, porque é uma discografia muito extensa, muito rica, muito diferente entre si. Meu pai sempre criou com muita liberdade e com uma pluralidade de estéticas e de universos, então foi difícil realmente chegar a 16 músicas. E dá, ainda, a sensação de que ficou faltando coisa aí e ficou mesmo. [risos]

É apenas uma pincelada, uma interpretação nossa do que poderia ser… Quando eu digo “nossa”, eu digo minha, do Romulo [Fróes], dos músicos todos que trabalham com a gente na construção dos arranjos, né? E aí, é claro, conforme a gente foi definindo o repertório e, até no sentido de narrativo, de uma história que esse repertório possa contar a respeito do meu pai, da obra dele, foram surgindo intuitivamente os artistas. A gente foi escutando as músicas, sonhando com as músicas, e foi quase como se a voz de cada artista, o universo de cada artista, fosse surgindo a partir dessa imersão que nós fizemos durante a pandemia no universo do meu pai, na obra do meu pai como um todo.

Tem sucessos, alguns dos grandes sucessos, mas tem também músicas que são mais Lado B, assim, algumas que estão em discos importante mas que não foram “o grande sucesso” daquele disco. Outras que meu pai sequer gravou, que ele fez pro Jair Rodrigues ou que ele fez pro Roberto Carlos, enfim. Então esse apanhado da obra do meu pai que foi trazendo cada um desses artistas, né? A gente foi construindo cada um dos arranjos de cada uma das canções muito pensando em cada artista. Então, cada música teve uma forma, cada música teve o seu próprio universo expandido a partir das características do artista que iria se juntar a ela numa ficção criativa, assim, na hora de cantar. Isso deu pro disco e pro processo de gravação uma cara muito específica para cada uma das músicas. Então a gente foi deixando aquilo acontecer meio que naturalmente, assim…. Por exemplo, o Zeca Baleiro gravou o violão dele e a gente construiu em volta disso, da mesma forma o João Bosco, a gente construiu um arranjo, no caso do João Bosco um arranjo de sopro, no caso do Zeca Baleiro, com outros elementos.

Alguns outros arranjos a gente construiu sonhando com aquele artista, com aquele universo, que são pessoas que a gente gosta muito, que a gente admira… E aí agora eu amplio esse “a gente”: eu me refiro a mim, ao meu pai e ao Romulo Fróes, que é o diretor artístico do disco junto comigo. Então foi um processo muito assim, a gente foi criando, meio que sonhando com cada um desses artistas, e, ao mesmo tempo, eu tava lá para trazer aquilo que, para mim, como filho e como artista, é a essência do trabalho do meu pai, preservar isso de alguma forma.

TMDQA!: Ainda esse ano, vocês pretendem expandir o projeto Benito 80 com um álbum completo. Já sabemos da presença de Criolo e Juçara Marçal, e agora de Zeca Baleiro, o que me deixa super curioso e animado. Tem algum artista que vocês gostariam muito de ter registrado nesse lançamento?

Rodrigo: Sim, um álbum completo! São 16 músicas no total, 16 faixas. São muito artistas maravilhosos que nos deram a honra e a emoção, uma emoção profunda de participar, né? Você citou Criolo e a Juçara, tem [ainda] a Ná Ozzetti, Zeca Baleiro, Xande de Pilares, que já é praticamente da família [risos], a Mariana Aydar, Roberta Sá… são muitas pessoas muito incríveis. Então é realmente um privilégio poder reunir essas pessoas e perceber o amor que elas têm com meu pai, com o trabalho do meu pai.

Tem muita gente que a gente queria ter chamado e que não deu tempo ou que não teve música suficiente, mas quem sabe daqui a pouco tem um segundo volume, porque eu acho que faltaram alguns artistas que a gente gostaria muito de ter tido, né? Sei lá… o Zeca Pagodinho, o Chico Buarque, pessoas que, ao longo de suas próprias trajetórias, encontraram, ainda que brevemente, com a obra do meu pai em algum momento… o Caetano [Veloso], imagina, seria um sonho… a própria Maria Bethânia, que gravou a música do meu pai… Enfim, tem muitas pessoas que seriam um sonho, assim.

Mas ainda assim eu acho que é uma seleção de artistas muito especial que resultou em algo muito emocionante e potente para mim, enquanto filho, enquanto artista, enquanto diretor artístico do disco, que é uma função nova e deliciosa que eu estou exercendo, tendo o privilégio de exercer ao lado do Romulo Fróes nesse disco e de todos os artistas e músicos que toparam entrar nessa brincadeira com a gente.

TMDQA!: Teremos a participação do próprio Benito di Paula em alguma dessas faixas?

Rodrigo: Mano, inicialmente a ideia era, e ainda é essa, de dar à obra do meu pai mais vozes ainda, de trazer para dentro do universo do Benito, por exemplo, o feminino. A obra do meu pai é uma obra que, por vezes, é meio interpretada como quase um arquétipo de um certo tipo de virilidade masculina do brasileiro, que é linda, mas que também, por exemplo, quando a Roberta Sá canta “Como Dizia o Mestre”, que é uma música que meu pai fez pro Ataulfo [Alves], a música ganha um outro colorido, um outro significado, então eu acho que que o feminino é algo muito interessante que surgiu nesse disco, quando a Juçara canta “Retalhos de Cetim”, que é uma música mítica, é uma música mítica, talvez a mais mítica ou uma das mais míticas da obra do meu pai, então as músicas ganham um outro colorido.

Nesse sentido, a gente não tinha muito a ideia de trazer meu pai, não, mas agora, aos 45 do segundo tempo, e eu não falei isso com ele ainda, então não sei se isso vai acontecer, eu tô com a ideia de trazer ele, aos 45 mesmo do segundo tempo. O disco já tá pronto, praticamente pronto, gravado pelo menos, mas eu ando pensando… vamos ver o que que vai acontecer! [risos]

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FAMÍLIA

TMDQA: Eu vou dividir a próxima pergunta em três partes: Primeiro, pra você, Rodrigo. Eu imagino que crescer ao lado de um artista genial, como o seu pai, seja algo que se torne normal e menos deslumbrante do que pra quem vê de fora. Como e quando você se deu conta da importância da obra do seu pai e de tudo que ele representa para a música brasileira?

Rodrigo: Olha, realmente, essa é uma pergunta é muito interessante, porque eu cresci vendo isso como se fosse uma coisa normal, uma pessoa que cria as coisas que meu pai cria, que se coloca em cena da maneira que ele se coloca, que canta e toca da maneira como ele canta e toca… como se isso fosse uma coisa natural, né? Quando eu nasci isso já era um fato estabelecido dentro da minha família, dentro do Brasil, do mercado e da sociedade brasileira, até. Então, para mim, isso era um pouco normal, meu pai é isso, meu pai é essa pessoa, é tudo isso, além de ser meu pai, que inclusive para mim é mais do que tudo isso, é a função primordial e mais importante, e sagrada, enfim…

Mas conforme eu fui interagindo com outros artistas, inclusive de outras áreas, no teatro, por exemplo, que é uma área na qual eu trabalho, trabalhava antes da pandemia, né? Ainda não consegui retomar 100% isso, mas o teatro me possibilitou encontrar diversos artistas das áreas mais diferentes possíveis, me possibilita isso, que acho a coisa mais bonita que tem no teatro, que é essa coisa coletiva. E, ao me deparar e me encontrar com o coletivo, com outros artistas, eu revi o artista que eu tenho em casa, que é o meu pai, e eu comecei a entender, por incrível que pareça, de uma outra forma a grandeza do meu pai, da figura dentro do trabalho dele, dentro da obra dele. Algo que aconteceu também, por exemplo, durante a minha formação de músico, que eu me formei em música erudita, então, quando eu tava na faculdade de piano, eu também revisitei a obra do meu pai com um olhar mais técnico.

Então, eu costumo dizer que a obra do meu pai me formou como cidadão, como artista, são músicas que vêm me acompanhando ao longo da minha vida e acompanhando muita gente também, mas é que eu acho que, no meu caso, é como se essas músicas tivessem dentro da minha casa, eu tenho dito ultimamente que é como se elas fossem minhas irmãs, assim, todas filhas do meu pai. Então elas cresceram comigo, elas são minhas também, assim como a reação do público. Ao longo do meu amadurecimento, da minha formação artística e pessoal, elas foram sendo revisitadas e compreendidas de outras formas, e eu acho que esse é um processo infinito: eu constantemente me dou conta e me deparo com a grandeza e a profundidade da obra que meu pai criou na cultura popular brasileira.

TMDQA!: Agora pro Benito. Como foi e é pra você, já com uma carreira consolidada e com grandes realizações ao longo da sua trajetória, ver seu filho se interessar e querer seguir seu próprio caminho dentro da música?

Benito: Isso já vem há muito tempo, desde quando ele tinha 4 anos de idade. O Rodrigo sempre foi… aliás, os meus filhos sempre foram no meu show, em teatro que dava para eles entrarem, então eles iam sempre. Isso já foi se tornando uma coisa, na vida do Rodrigo, como uma referência. Depois, ele fez uma letra em inglês; eu pedi para ele, ele fez a letra em inglês e eu fiz a música, e saiu um blues lá que é um negócio muito legal, ele gravou mas com arranjo totalmente diferente, o meu arranjo é o original, mas a gente tem algumas coisas juntos e a gente tá sempre fazendo, sempre trabalhando, sabe?

TMDQA!: Agora para os dois. Como tem sido essa troca e parceria musical entre Benito di Paula e Rodrigo Vellozo? O quanto um precisa entrar no mundo do outro para isso fluir e crescer?

Benito: O meu filho Rodrigo já tem a veia da minha família, do meu pai e tal, e ele também tem um negócio de ator, tem um negócio de decompositor, tem uma série de coisas que ele faz e muitas que são de formação. E essa coisa toda só me dá alegria porque, afinal de contas, é a continuação da minha família, né?

Rodrigo: A nossa troca musical é muito especial e algo que, realmente, como meu pai falou, faz parte da minha vida, a minha vida tem isso, né? Eu, desde criança, frequentei os estúdios com meu pai, tava com ele, tava gravando, tava cantando, tava num show e isso virou a minha vida também, entendeu? Isso é a minha vida também, porque eu nasci dentro disso e, diferente dos meus irmãos, eu fui meio que sugado por esse mundo da arte, da música, e, geralmente, eu sempre entrei no universo do meu pai, eu que entro no universo do meu pai, porque, além de tudo, é parte fundamental da minha ancestralidade.

Meu pai que cria esse universo. Eu acho que eu também e, mesmo quando eu tento trazer ou quando eu acho que eu estou trazendo o meu pai pro meu universo, na verdade não, na verdade eu acho que já tava no dele, entendeu? [risos] E não tava nem percebendo, eu tava achando que eu tava fazendo alguma coisa, mas na verdade é uma continuação mesmo, literal, assim, porque o trabalho do meu pai ele é muitas coisas. Inclusive, acho que eu sou uma parte integrante disso, né? É uma coisa que faz parte da nossa vida, da nossa história.

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TMDQA!: No ano passado, também em comemoração às 8 décadas de Benito di Paula, tivemos o lançamento de “O Infalível Zen”, seu primeiro disco de inéditas em 25 anos. Esse trabalho é um excelente retrato da parceria entre vocês, trazendo algumas incursões experimentais em alguns momentos, novos caminhos dentro da discografia de Benito. Como foi montar um novo álbum depois de tantos anos e há quanto tempo ele vinha sendo construído? Embora inéditas, são composições novas ou de diferentes épocas?

Rodrigo: É, originalmente os dois álbuns sairiam juntos. “O Infalível Zen”, [que é] o disco de inéditas, e o songbook com as músicas todas do meu pai. Porém o cenário de pandemia tornou impossível que a gente conseguisse estar com muita gente dentro do estúdio fechado, durante muito tempo, para fazer dois álbuns, isso envolvia muito ensaio, muita gravação e contato de muita gente, e para que isso fosse feito dentro do cronograma, pra sair a tempo do aniversário do meu pai, isso era impossível dentro do cenário da pandemia. A gente acabou fazendo o álbum de inéditas porque ele naturalmente precisava de menos gente no estúdio para fazer, foi isso.

“O Infalível Zen” acabou saindo no dia do aniversário do meu pai e desbravando essa comemoração de certa forma, essa comemoração fonográfica que eu chamo, que são esses projetos. Porque meu pai sempre foi esse cara inventivo, a música dele não tem limite, a música dele não tem rótulo, não se restringe ao samba, não se restringe a todos esses nomes que foram criados, na minha opinião, alguns muitos equivocadamente, para definir a obra do meu pai, que é uma obra muito plural, muito rica mesmo, e com muitas e muitas possibilidades. Não é atoa que você vê no songbook dele, nesse songbook que a gente tá fazendo, artista completamente diferentes entre si se entregando profundamente às músicas que meu pai fez. Isso demonstra que ele cria música, sem pensar em absolutamente nada, e “O Infalível Zen” a gente levou isso às últimas consequências mesmo, assim, porque meu pai compõem muito fácil, toca muito fácil, tudo é muito fácil, tudo é muito natural, então é só ligar o “rec”, sabe? Só apertar o botão de gravar que vai sair alguma coisa incrível e foi o que aconteceu.

Eu fui fazendo uma organização do repertório, algumas coisas ele havia composto, por exemplo, tem música que ele compôs pro Nelson Gonçalves, tinha uma outra música, “Um Piano No Forró”, ele fez em homenagem a Luiz Gonzaga, mas há muitos anos atrás, eu gostava dessa música… e fui provocando meu pai a compor mais coisa, e ele foi compondo, principalmente porque eu também tinha feito um disco de músicas inéditas em homenagem ao meu irmão, que foi “O mestre-sala da minha saudade”, no qual eu me aproximei do Romulo Fróes e de toda a turma, Rodrigo Campos, Marcelo Cabral, Allen Alencar e todo mundo que tá envolvido nessa criação com a gente.

E meu pai, me vendo compor, eu acho que ele também ficou com vontade de compor, aí eu provocava um pouquinho, coloquei as músicas, algumas, dei pra outras pessoas, eu e Romulo, eu mandava para o Romulo, o Romulo ia distribuindo pra alguns autores que tinham composto comigo, no meu disco anterior, e que fizeram coisas lindíssimas com as melodias e as criações do meu pai, e a gente foi fazendo. Então, é um disco que tem música antigas e tem músicas novas, porém todas inéditas, e um disco que eu acho que mostra essa essas possibilidades todas do meu pai enquanto o gênio-músico-criativo que ele é.

SHOW

TMDQA!: Vocês estão também com o show “Benito 80”… Como tem sido essa volta aos palcos depois de um momento tão delicado como a pandemia e, principalmente, fazer essa volta juntos, pai e filho? E como é pra você, Benito, tocar e ver seus clássicos ganhando novos arranjos diante do público?

Benito: Bem, tem duas coisas aí, né? Uma coisa é essa pandemia que a gente fica muito preocupado, mas não só com o nosso povo, é com a humanidade, e isso afastou todo mundo, todo mundo do trabalho… como também me afastou do trabalho. Agora, o mais importante nessa parada é que a gente faz um show agora e parece que a gente não parou, porque o público, graças a Deus, continua comigo e não importa se eu pare um pouco, quando eu entro no palco, o público tá lá, tá lotado.

O meu show [no dia 12 de Agosto] já tá lotado em Salvador, quer dizer, é uma coisa muito legal, muito legal. Se não fosse a pandemia, seria muito melhor, pelo menos a gente não tinha parado tanto tempo, o que dá uma saudade danada, sabe? Mas graças a Deus está melhorando, vai acabar, é como está escrito na Bíblia: “tudo passará”. Tudo passa, nada fica, só fica a palavra de Jesus que está em todos os lugares da nossa mente, do nosso coração. “Tudo passa, menos a minha palavra” e a palavra Dele é Ele mesmo, que não passa, isso que é importante.

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TMDQA!: Pra fechar, uma pergunta comum aqui no site: Quais discos vocês diriam que são grandes amigos? Aquele disco que acompanha em diferentes momentos e tem um significado especial para vocês… Poderiam compartilhar com a gente?

Benito: Bem, na realidade, eu não ouço ninguém, porque, quando você é compositor, você não tem muito aquela onda de tá escutando as coisas, às vezes até atrapalha um pouco. Agora, eu ouço muito Oscar Peterson, Jacob do Bandolim, que não tem nada a ver com a minha carreira, e eu gosto muito da música popular brasileira com esses caras, com o Jacob do Bandolim, o Waldir Azevedo, é muito legal esse lance, né? Nem os meus discos eu ouço, aí que eu não ouço mesmo!

Rodrigo: Bom, vou falar sobre meus discos também. [risos] Eu escuto muita música erudita, um disco que tem acompanhado muito, desde o começo da pandemia, é o disco do Nelson Freire tocando o concerto No.5, de Beethoven, é uma coisa que eu escuto constantemente, minha filha agora adora o segundo movimento, a gente escuta juntos, inclusive. Mas também tem outros discos, o Romulo Fróes, que é meu parceiro querido, diretor, tem um disco que é o “No Chão Sem o Chão”, que é um disco que também me ajuda, assim, um amigão. Tem outros… o disco da Elza [Soares], “A Mulher do Fim do Mundo”, que o Romulo dirigiu, e um disco do meu pai, né? Eu acho que “Um Novo Samba” é algo que tá sempre comigo, como eu disse antes, as músicas do meu pai tão sempre comigo, e esse disco é um disco que eu também recorro a ele direto, assim, ao longo da logo da vida.

E acho que tem também um disco da Gal [Costa], o “Gal Costa” mesmo, que tem “Baby”, é um disco que eu também volto a ele, me lembra muito meu irmão. Meu irmão gostava desse disco e tem também alguns discos que eu escuto quando eu tô com saudade do meu irmão, que me lembra muito irmão, que é um disco da Björk, todos da Björk, mas em especial o “Homogenic”, que eu gosto muito e que me lembra muito ele, numa época da nossa vida, e também o disco do Radiohead, o “In Rainbows”, que também, assim “OK Computer”, eles me lembram muito meu irmão, então quando eu tô com saudades dele, eu escuto essas coisas. Ao contrário do meu pai, eu escuto muita música, então são muitos discos, aqui eu tô fazendo o resumo do resumo. [risos]

TMDQA!: Benito e Rodrigo, muito obrigado por essa conversa. Foi uma grande honra para mim, agradeço o tempo de vocês. Parabéns por todas as realizações em torno dessa comemoração e seguirei ansioso pelos próximos passos!

Rodrigo: Em nome do meu pai e em meu nome, a gente também agradece muito muito o espaço, e dizer que eu sou muito fã, acompanho vocês, leio tudo que sai, tô sempre acompanhando, tá? Muito obrigado e prazerzão responder essas perguntas. Um abraço, um beijão.

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