O My Chemical Romance interrompeu a sua carreira de forma abrupta, porém consciente em 2013.

Após quatro discos e vivendo o auge que o reconhecimento de longas turnês internacionais poderiam proporcionar, os norte americanos de New Jersey (EUA) decidiram fechar as cortinas para surpresa e tristeza dos fãs, que ainda não digeriram bem o fato e especulam com certa frequência sobre uma possível reunião da banda.

Os motivos que levaram ao término porém, ainda permanecem um pouco incertos.

O vocalista Gerard Way já se pronunciou a respeito do impacto que o peso emocional das cobranças em fazer parte de uma banda com as proporções que o MCR tomou trouxeram a sua vida, e recentemente decidiu se abrir um pouco mais sobre um dos períodos mais  conturbados da existência do My Chemical Romance, que ocorreu logo após a era do disco The Black Parade (2006).

Para o grupo, superar o sucesso e as críticas positivas geradas pela sua obra-prima parecia uma tarefa impossível de ser completada:

“Todo mundo tinha uma opinião, ninguém conseguia ficar sozinho mais, e parou de ser sobre a arte,” relembra Gerard Way sobre o período:

Eu gosto de brincar com as expectativas. Eu pensei, ‘seja lá o que fizermos a seguir, todo mundo vai odiar – não temos como superar aquele disco [The Black Parade].’ Muito tempo havia passado já também desde o lançamento, então tinha toda essa pressão adicional em cima.

Nos turbulentos anos que antecederam o lançamento do último disco do My Chemical Romance (até o momento), Danger Days: The True Lives of The Fabulous Killjoys, a banda perdeu o baterista de longa data Bob Bryar e ainda tomou a decisão de descartar um álbum completo, que anos depois seria lançado como a compilação de EPs Conventional Weapons.

“Rolaram muitas fases sombrias durante aquele período, e eu estava bebendo de novo, algo que não falo muito sobre, mas foi uma época muito difícil para mim”, admite Way.

Foi difícil para todos os caras. A gente descartou discos, gastamos milhões de dólares, e nós estávamos fazendo turnês para promover esse último álbum, mas não sentíamos como se o mundo precisasse mais do My Chem.

Quando estouramos o governo Bush estava rolando, guerras por petróleo e todas essas coisas, então foi uma boa época para fazer parte da contra-cultura. Mas quando o Danger Days foi lançado, nós tínhamos o Obama, as coisas estavam indo bem, nós estávamos progredindo. Eu pude ler os sinais muito claramente, e a sensação era a de que ‘ninguém precisa realmente da gente agora – eu acho que é hora de fechar a conta.’

Durante o processo de gravação do traumático Danger Days, Gerard achou conforto em outras formas de arte para tornar a situação mais suportável:

“O que me fez encarar a fase do Danger Days – porque foi um disco muito difícil de gravar – foram todas as coisas extras que eu adicionei no topo de tudo”, revela o vocalista.

Eu penso naquele álbum mais como um projeto de arte do que de música, porque nós adicionamos muita arte a ele. Nós tivemos que gravar o disco duas vezes, o que nunca é divertido, e eu acho que foi nesse ponto que eu comecei a perder o foco e o interesse na indústria e no aspecto da fama que ela traz consigo.

Eu estava meio desleixado, e a única forma que eu achei para conseguir deixar as coisas mais divertidas pra mim era fazendo vários desenhos, ajudando com o design das fantasias, criando esse universo – era eu tentando me manter interessado. Pensando agora, acho que eu provavelmente só precisava de um tempo.

Essa veia artística do ex-vocalista do My Chemical Romance sempre esteve presente nos seus projetos fora do mercado da música. Além de ter estudado em uma escola de artes em Nova Iorque, ele também já atuou como roteirista para algumas produções da DC Comics, como na HQ Doom Patrol

Recentemente, Gerard também esteve no Brasil para divulgar o seu trabalho com o ilustrador brasileiro Gabriel Bá na HQ The Umbrella Academy, Suíte do Apocalipse, durante a edição de 2015 da Comic Con Experience.

A HQ inclusive está em produção para se tornar uma série da Netflix.

Personagens da HQ The Umbrella Academy (Divulgação/Dark Horse)

Apesar de estar ocupado com os seus projetos pessoais, Way não descarta uma volta ao mundo da música (em 2014 lançou um disco solo chamado Hesitant Alien):

“A questão agora é descobrir como eu consigo conquistar tudo o que eu preciso e fazer música ao mesmo tempo,” ele ri. “Eu também quero escrever um livro, então eu estou tentando balancear tudo.”

Gerard ainda complementa dizendo que o combustível que alimenta suas ambições criativas e profissionais em 2017 é outro, e que suas prioridades mudaram:

“É estranho – a motivação costumava ser sobre ambição, mas não é mais.” ele explica:

Não é sobre conquistar coisas, prêmios ou elogios – esse tipo de coisa já não me interessa mais, felizmente, porque é tão saudável não estar interessado nisso. Pra mim é simplesmente porque eu sinto tanto prazer em fazer essas coisas que eu quero fazer todas elas, e eu me divirto muito enquanto as faço.

Ok Gerard, ficamos felizes, mas afinal: e o My Chemical Romance? O vocalista ainda mantém a possibilidade de retorno da banda aberta, mas adiciona que o bem estar dos integrantes e sua felicidade ainda vem em primeiro plano:

Eu acho que o My Chem sempre estará aí para nós caso queiramos, mas fazer parte da banda adiciona uma camada de stress. Quando algo se torna tão grande quanto nos tornamos, é difícil de lidar por muitas razões, e é tão estressante, então eu não gostaria de atrapalhar a vida de ninguém agora.

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