Entrevista exclusiva: Gabriel Zander

Entrevista exclusiva: Gabriel Zander
(Foto por Heitor B. Riguette)

TMDQA!: “Para o bem de todos e felicidade geral da Nação”, teremos em breve o próximo disco cheio e inédito do Zander. Sei que você é um cara bem tranquilo, ao contrário da maioria dos fãs que não aguentam mais esperar para ouvir o trabalho (me incluo). Como você lida com essa expectativa crescente da galera? Como essa “cobrança” age na banda?

Bil: Cobrança é uma coisa que me acompanha desde sempre. Quando tocava no Noção de Nada, as pessoas pediam “Toca Discoteque! Toca Deluxe Trio!”, quando era o contrário, era “Toca Noção!” (hoje em dia é tudo junto, hehe), quando tocava bateria e cantava, escutava muito coisas do tipo, “Isso é estranho, vocês deviam arrumar um baterista ou um vocalista, ninguém vê quem está cantando”, quando saí da batera e fui pro vocal, era “Por que você não toca mais bateria?”, quando fazíamos shows, as pessoas pediam sempre músicas que naquele dia não estavam no set. Sempre houve cobrança de todos os lados. E são coisas que acontecem até hoje, quase todos os dias. Estou acostumado e levo na boa até certo limite, quando a coisa é levada pra um lado de questionamento agressivo, como se eu devesse alguma coisa a alguém, independente dos meus sentimentos e vontades próprias, ou quando as pessoas se sentem no direito de falar pra mim todas as suas opiniões sem eu ter perguntado nada nem me importado em saber. Mas, geralmente, nesses casos estão bêbados e exaltados, hehehe. Aí eu tenho que dar um desconto. Sempre fiz e continuo fazendo música pra mim mesmo em primeiro lugar. Os fãs são muito importantes, claro, e sem eles não haveria mais shows, turnês, camisetas, merch e até mesmo discos. Mas as músicas sim. Seriam iguais. Do mesmo jeito que elas sempre estiveram, mesmo que perdidas em algum site de MP3 ou blog do “amigo”. Ou seja, com o ZANDER não é diferente, temos o nosso ritmo e de forma alguma pretendemos comprometer o nosso amor pelas músicas que estivermos criando no momento. Prazos são importantes sim, pra realização de qualquer projeto, mas isso serve pra parte de gravação, mixagem, finalizações técnicas em geral e não de criação. Agora, dito esse monte de coisa, é claro que ficamos felizes e ainda mais empolgados em saber que as pessoas estão tão animadas para ouvir quanto nós para mostrar um novo trabalho. E vai rolar! Está rolando! E estamos adorando o desafio de mais uma vez criar algo novo! Os fãs da banda mesmo entendem que é tudo uma continuação e conseguem entender e apreciar o fluxo natural das coisas.

Geralmente, como é que a música surge para você? As ideias (letra e melodia) vêm todas juntas ou por etapas? E depois de tantas músicas feitas, você ainda encontra dificuldade ao compor?

É estranho. Tem muito haver com estar empolgado e tocando com as pessoas certas. Quando o clima está bom, as coisas surgem naturalmente, aparece um monte de músicas numa sequência, de uma vez só, e vamos criando em cima. Quase sempre riffs e partes com uma certa estrutura e depois desenvolvo com quem estiver tocando comigo e também contribuindo pra vibe no momento. Letra já é BEM mais difícil. É sempre a última coisa que pinta, já aos 45 do segundo tempo, quando as músicas já estão prontas, quase sempre até gravadas. Mas não tem muito jeito, é preciso viver, passar, assistir ou ao menos ficar sabendo de alguma situação que me motive a escrever sobre ou me basear pra desenvolver um raciocínio. Que às vezes faz sentido pra muita gente e às vezes não faz sentido nenhum pra ninguém, mas é o que sai. Essa é com certeza a minha maior dificuldade hoje em dia como compositor. A parte de criar e encaixar as letras nas melodias, ou às vezes criar melodias pra encaixar as letras. As músicas sempre vêm antes das letras.

Entrevista exclusiva: Gabriel Zander

Vocês terminaram de gravar as baterias do novo disco do Zander no começo deste mês e, agora, partem para os registros de cordas e vozes. Quantas novas faixas foram gravadas? E pode nos adiantar o nome ou o tema de alguma delas?

Olha, a gente chegou a gravar umas 20 faixas de bateria. Algumas com baixo, outras já com guitarras e até algumas que já estão prontas com tudo gravado. Alguns nomes já oficializados são “Viva a Rapaziada!“, “Baile da Revolução Pessoal“, “Hortelã“, “Termorregulador” e “Tempestade dos 30“, entre outros milhões de apelidos que inventamos a partir de situações engraçadas pras músicas ainda sem letra durante os ensaios, como “Roberto’s“, “Dead Bob“, “Leroy” e “Miguel“, entre outros sem sentido nenhum, totalmente piada interna, hehehe.

Como você acha que o novo disco se destoa de Brasa? Pelos teasers que soltaram no Facebook, percebo que teremos riffs mais pesados.

Com certeza é mais “denso” e também mais pesado, porém mais lento e menos “frenético”. Acho que tem a ver com a idade, haaha. O BRASA é um disco muito alto astral em termos de sonoridade, esse já passeia por vários climas e momentos, acho que tem muito mais contrastes entre as músicas e até mesmo dentro delas.

Em Brasa, vocês chegaram a adicionar uma pitada de reggae em “Motim” e apresentaram uma faixa em inglês. Podemos aguardar surpresas, nesse sentido?

Sim. Com certeza, elementos que estarão ainda mais presentes nesse próximo álbum.

http://www.youtube.com/watch?v=VxV-o6wlfNQ

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