Bad Brains, H.R., Mosh pit
Foto por Steve Eichner

O lançamento de XTRANHO, novo álbum de Matuê, reacendeu uma discussão antiga sobre comportamento do público em shows – principalmente sobre o famoso mosh pit.

Em “REI TUÊ”, o rapper utiliza um sample com a fala de uma mulher que viralizou durante o The Town, ao relatar agressões sofridas no público que assistia aos shows de Don Toliver e Travis Scott. O trecho, inserido quase ao fim da música, voltou a circular nas redes sociais e abriu um debate sobre os limites da prática, que é comum em diversos gêneros musicais, mas nem sempre compreendida fora de seu contexto original.

No vídeo, gravado no primeiro dia do festival, a mulher afirma que foi agredida por fãs homens. “Fizeram montinho, acenderam sinalizador, queimaram cabelo, o braço do meu amigo”, diz. Na época, Matuê se posicionou contra a crítica e comentou em uma publicação no Instagram: “Tá com medo, fica em casa”.

A fala ganhou novos contornos após ser reaproveitada na faixa, levando usuários do X/Twitter a discutirem o que, de fato, caracteriza – ou distorce – a cultura do mosh.

Origens do mosh pit e o Trap

“Quando o trap era nichado não tinha esses problemas”, escreveu um usuário, sugerindo que os moshs surgiram e foram moldados pelo gênero. Ele foi rebatido por MC Taya, que usou da história para rebater a ideia de que a prática se resume a violência gratuita.

O mosh pit vem da cultura HARDCORE (do punk rock ao trash metal crossover, HC!) e se chama assim [porque] o vocalista do Bad Brains, UM DOS MAIORES NEGROS DO ROCK, com seu sotaque jamaicano foi gritar “MASH IT” e ouviram “MOSH IT” e virou “mosh pit”.

Continua após o tweet

O mosh pit, também conhecido como slam dancing, surgiu no final dos anos 70 na cena Hardcore/Punk do sul da Califórnia, especialmente em cidades como Huntington Beach e Long Beach. A dança consiste em empurrões e choques corporais ritmados pela música, a famosa “roda”. Ao longo dos anos 80, a prática se espalhou para outras cidades dos Estados Unidos, como Washington, D.C., Boston e Nova York, onde passou a incorporar elementos do Metal, dando origem ao chamado crossover.

O termo “mosh”, como bem explicou MC Taya, tem origem na palavra “mash” e está ligado ao Bad Brains, uma das bandas mais influentes do Hardcore. Durante apresentações, o vocalista H.R. gritava “mash it down Babylon!”, mas, por conta de seu sotaque jamaicano, parte do público passou a entender “mosh it”. A expressão acabou se consolidando e, a partir da metade dos anos 80, foi popularizada também no Metal, com músicas como “Milano Mosh”, do Stormtroopers of Death, e “Caught in a Mosh”, do Anthrax.

Apesar de seu caráter físico, o mosh sempre funcionou com códigos não escritos: ajudar quem cai, respeitar limites e proteger pessoas em situação de vulnerabilidade. Ainda assim, a prática é historicamente cercada por controvérsias, já tendo sido proibida em casas de show e associada a episódios de violência. Nos anos 90, com o sucesso do Grunge, o mosh entrou no mainstream e passou a aparecer também em gêneros como Música Eletrônica e Hip-hop – e, agora, também no Trap.

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