Eric Clapton MTV Unplugged Anos 90
Foto: Reprodução/YouTube

Não são raros os casos em que bandas passam a desprezar as músicas que se tornaram queridinhas dos fãs e que, muitas vezes, ajudaram a consolidar suas carreiras.

Depois de ouvir repetidamente suas músicas, é natural que os artistas comecem a notar falhas ou elementos que gostariam de mudar em suas obras. Muitos deles, inclusive, passam a não se identificar mais com o que escreveram inicialmente.

Integrantes de bandas lendárias como Led Zeppelin, Nirvana e R.E.M. já revelaram, em entrevistas, o quão difícil é revisitar certas composições, e isso faz com que mesmo aquelas que marcaram gerações e definiram suas carreiras sejam deixadas de fora dos setlists.

Um exemplo recente aconteceu no show do Radiohead, que retornou aos palcos após 7 anos. Na apresentação realizada em Madri na terça-feira passada (4), a banda não interpretou seu maior sucesso “Creep” – e o motivo para isso você vai saber ao final desta matéria.

A seguir, confira uma lista reunida pelo Far Out com clássicos do rock que quase nunca são ou foram tocados ao vivo e entenda os motivos que levaram bandas lendárias a deixarem de lado alguns de seus maiores sucessos!

10 clássicos do Rock que quase nunca foram tocados ao vivo

Radiohead – “Creep”

O Radiohead lançou “Creep” como o single de estreia do seu primeiro disco de estúdio, Pablo Honey (1993), e rapidamente a música se tornou um hit incontestável. No ano em que foi lançado o primeiro disco do Radiohead, Thom Yorke admitiu à Rolling Stone sobre a música:

“Não fiquei muito feliz com a letra; achei que era bem ruim”.

Depois de tocar a canção inúmeras vezes nos primeiros anos de carreira, o grupo passou a detestar a faixa e, desde meados de 1990, sua presença deixou de ser constante. O grupo chegou até a mandar o público “se foder” dizendo que estava “cansado ​​disso” quando a música era pedida repetidamente!

Arctic Monkeys – “Fluorescent Adolescent”

Um dos maiores sucessos do Arctic Monkeys, “Fluorescent Adolescent” foi lançada em 2007 e se tornou um dos destaques do álbum Favourite Worst Nightmare. A faixa é considerada um marco da carreira da banda britânica e, apesar de ter sido constantemente tocada no encerramento dos shows da banda, ficou de fora da maior parte das últimas turnês do grupo.

R.E.M. – “Shiny Happy People”

O R.E.M. é considerado um dos pioneiros do rock alternativo, porém o maior sucesso da banda, “Shiny Happy People”, não representa exatamente seu som inovador. Segundo o vocalista Michael Stipe, a faixa em questão é “uma canção pop açucarada escrita para crianças”. Ele completa:

“Se houvesse uma música que fosse enviada para o espaço sideral para representar o R.E.M. para sempre, eu não gostaria que fosse ‘Shiny Happy People'”.

Além de não ter sido incluído na coletânea de maiores sucessos de 2003 do R.E.M., In Time, o clássico foi excluído do repertório do grupo após apenas duas apresentações feitas para programas de TV em 1991.

AC/DC – “It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock’n’Roll)”

“It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock’n’Roll)” pode até ocupar um lugar especial no coração dos fãs de AC/DC, mas o grupo não achou que faria sentido continuar apresentando a música após o falecimento do vocalista Bon Scott.

Isso porque a faixa mostra o saudoso músico cantando sobre ser drogado, roubado e espancado, enquanto reflete sobre integrar uma das bandas de hard rock mais influentes de todos os tempos. Depois que Scott faleceu de “intoxicação alcoólica aguda” por conta de seus vícios, seu substituto, Brian Johnson, achou que seria insensível cantar a música de Scott sobre viver de forma destrutiva. Justo, né?

Heart – “All I Wanna Do Is Make Love to You”

Em 1990, o Heart começou a colaborar com compositores externos para criar seu décimo álbum, Brigade, e o sucesso “All I Wanna Do Is Make Love to You” foi composto por Mutt Lange, produtor que trabalhou com artistas como AC/DC e Def Leppard. A música, originalmente escrita para os Eagles, foi reformulada quando a banda decidiu gravá-la e sua letra contava a história de uma mulher que engravida de um desconhecido.

Apesar do sucesso comercial, a vocalista Ann Wilson expressou mais tarde seu desprezo pela música:

“Eu não acreditava na forma como a letra original desvalorizava o homem da história. […] Para mim, era uma história meio vazia, estranha e até mesmo odiosa”.

Com isso, a banda se recusou a tocar a música ao vivo por anos, e sua última performance foi em 2009.

Beastie Boys – “(You Gotta) Fight for Your Right (To Party!)”

Lançada em 1986 no álbum Licensed to III, “(You Gotta) Fight for Your Right (To Party!)” se tornou um dos maiores hits dos Beastie Boys, mas também uma de suas maiores frustrações.

A música foi criada como uma sátira aos jovens obcecados por festas e por causar confusão. Porém, a repercussão foi tão grande que ela se tornou um hino da juventude rebelde – exatamente o que eles criticavam.

Um ano depois, Mike D reconheceu que o impacto da música no público não foi como eles esperavam:

“A única coisa que me incomoda é que talvez a gente tenha reforçado certos valores em parte do nosso público, quando nossos valores são totalmente diferentes. Tinha vários caras que cantavam ‘Fight for Your Right’ que não tinham ideia que a música é uma zoação completa com eles.”

A faixa chegou a ser apresentada ao vivo algumas vezes, mas foi aposentada depois do Lollapalooza 1994 e nunca mais voltou ao repertório.

Elton John – “Empty Garden”

Na faixa “Empty Garden”, Elton John prestou uma homenagem ao seu grande amigo John Lennon após o falecimento do ex-Beatle. Parte do disco Jump Up (1982), a canção só foi interpretada ao vivo algumas vezes pois sua carga emocional mexia muito com Elton.

Certa vez, ele explicou ao filho de John, Sean Ono Lennon:

“É muito difícil para mim cantá-la. Fico bastante emocionado ao cantá-la e ela me comove muito porque me lembra de como… meu Deus, se seu pai estivesse vivo hoje, você consegue imaginar o que ele estaria fazendo?!”.

Led Zeppelin – “Stairway to Heaven”

O Led Zeppelin presenteou seus fãs com uma série de clássicos, mas um deles se tornou um verdadeiro hino na história do rock: “Stairway to Heaven”. Apesar disso, a música nunca foi apreciada por Robert Plant.

O vocalista já expressou seu desprezo pela faixa inúmeras vezes, e até definiu o sucesso como “música de casamento”, declarando que não consegue mais se identificar com ela. Após ter seguido carreira solo, Robert só cantou “Stairway to Heaven” nas duas reuniões do Led Zeppelin em 1988 e 2007, e por um motivo nobre em 2023.

King Crimson – “21st Century Schizoid Man”

Considerada a faixa mais icônica do King Crimson, “21st Century Schizoid Man” se tornou um tipo de frustração para a banda. O grupo ficou 22 anos sem tocá-la pois, com as mudanças na formação, ela passou a representar uma versão antiga do grupo.

Além disso, o guitarrista Adrian Belew disse à Rolling Stone em 2019 que, em todos os locais que o King Crimson fosse se apresentar, havia alguém pedindo para que ela fosse tocada:

“Isso começou a ser quase frustrante para nós, porque não queríamos fazer isso, e me lembro particularmente que Robert [Fripp] não fazia isso naquela época”.

Com o passar dos anos, no entanto, “21st Century Schizoid Man” passou a integrar quase todos os shows – inclusive em sua única passagem pelo Brasil, em 2019.

Eric Clapton – “Tears in Heaven”

Uma das canções mais comovente da carreira de Eric Clapton é, sem dúvidas, “Tears in Heaven”. A faixa em questão foi escrita pelo músico após a morte de seu filho em 1991, e o sucesso mundial que ela alcançou contrastava com a dor que inspirou o guitarrista.

Certa vez, Clapton explicou que “não sentia mais a perda, que é uma parte tão importante de interpretar essas músicas”. Detalhando ainda mais, ele continuou:

“Eu realmente preciso me conectar com os sentimentos que tinha quando as escrevi. Eles meio que se foram, e eu realmente não quero que voltem, particularmente. Minha vida é uma vida diferente agora.”

A faixa, então, ficou mais de 10 anos sem aparecer nos repertórios de Clapton, mas eventualmente voltou ao setlist.

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