Giuliano Manfredini, filho do saudoso Renato Russo, recorreu à Justiça após o Partido Novo ter utilizado uma canção da Legião Urbana durante um evento para lançar a pré-candidatura do governador Romeu Zema à presidência da República.
No evento realizado no último sábado (16), o político de Minas Gerais, que é notável aliado de Jair Bolsonaro, entrou no auditório da Câmara Americana de Comércio para o Brasil, em São Paulo, ao som do clássico de 1987 “Que País É Este”.
Ao saber do ocorrido, Manfredini, que é gestor do legado de Renato Russo, entrou com uma notificação extrajudicial contra o Partido Novo nesta segunda-feira (18).
O produtor cultural disse à Folha de S. Paulo (via Igor Miranda) que tanto o Novo quanto o governador não solicitaram a utilização da música. Ele ainda reforçou que, mesmo que o partido e o político tivessem pedido, não teria feito a liberação do direito da música, pois não deseja que o trabalho de seu pai esteja ligado à “extrema direita”. Giuliano explicou:
“Mais uma vez a extrema direita insulta a obra do meu pai, a memória dele, e faz uma afronta aos direitos autorais. Ultimamente [a música] tem sido usada pela extrema direita, que usa de forma ilegal várias obras que não condizem com os valores perpetrados por nós. Quem tem feito isso, os únicos que têm atentado contra o direito autoral, são da extrema direita. Nós temos o mesmo posicionamento que o meu pai tinha, principalmente com relação ao uso político por parte da extrema direita, porque é uma música contra a extrema direita, contra a ditadura. Não faz sentido aprovar o uso por parte dessa extrema direita, especificamente, que não condiz com os valores da obra dele.”
Através da empresa responsável pela banda Legião Urbana Produções, Giuliano Manfredini alegou “violação dos direitos autorais” e pediu para que Zema e o Partido Novo não utilizassem a música “em publicações futuras, no Instagram ou em qualquer outra plataforma”. O advogado do produtor, Leonardo Furtado, apontou que a notificação é ampla, com o intuito de “prevenir o uso indevido da composição”.
Ao ser procurada pelo jornal, a assessoria de imprensa do Novo relatou que o jurídico do partido não tinha sido notificado até o momento. Até agora não há outras atualizações do caso.
Filho de Renato Russo e vídeos com “Que País É Este”
Esta não é a primeira vez que Giuliano Manfredini demonstra incômodo com o uso da música “Que País É Este”. No ano passado, o produtor enviou uma notificação extrajudicial à ByteDance, proprietária do TikTok, solicitando que todos os vídeos publicados por bolsonaristas que contêm a música escrita por seu pai e popularizada com a Legião Urbana sejam removidos da plataforma.
No documento enviado, o herdeiro de Renato Russo apontou que as publicações, realizadas por pelo menos sete perfis no TikTok naquela época, possuíam “caráter político e ideológico alheios” aos que foram defendidos pelo lendário vocalista da Legião ao longo de sua carreira e que foram “ativamente combatidos” por ele. Saiba mais aqui.
Em outro momento de 2024, um suposto perfil de Pablo Marçal, que se candidatou a prefeito de São Paulo no ano passado, também compartilhou um vídeo com a música sem pedir autorização.
Na ocasião, o filho de Renato novamente entrou com uma ação e descreveu a situação como “insulto à memória do seu pai”, apontando que aquilo representava mais uma afronta aos direitos autorais colocada em prática pela extrema direita.
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