
Se você sempre ouviu os discos dos Beatles em versões estéreo, pode estar escutando algo bem diferente do que a banda realmente pretendia. É isso que afirma Ken Scott, produtor e engenheiro de som que trabalhou diretamente com o grupo nos anos 60, em uma entrevista.
Segundo Scott durante uma conversa com Rick Beato, a forma correta – ou pelo menos a mais fiel à intenção artística dos Beatles – é ouvir as gravações em mono, e não em estéreo. De acordo com ele, até o White Album (1968), todo o foco da banda estava nesse tipo de mixagem.
Se você quer ouvir os Beatles da forma como eles queriam se ouvir, você tem que escutar as versões em mono, não as estéreo. Foi assim que elas realmente foram pensadas.
Ken Scott explica que, durante esse período, as sessões de estúdio eram monitoradas exclusivamente em mono, com os próprios Beatles presentes e participando ativamente das decisões.
A diferença entre mono e estéreo vai além de uma simples escolha técnica. Enquanto o mono concentra todo o som em um único canal, criando uma experiência mais coesa e direta, o estéreo separa os elementos nos canais esquerdo e direito, oferecendo maior sensação de espaço. Nos anos 60, porém, o estéreo ainda era visto como algo experimental, e muitas vezes tratado como secundário.
Um exemplo citado por Scott ilustra bem esse contraste. Ele menciona a música “She’s Leaving Home”, do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), que apresenta uma diferença perceptível de tom entre as versões.
O engenheiro conta que chegou a editar as duas versões lado a lado para mostrar isso a seus alunos.
Quando você está ouvindo o mono e, de repente, vai para o estéreo, e um pouco depois eu edito de novo e ela sobe de tom… é muito perturbador. Dá um ‘uau’.
No fim das contas, Scott deixa claro que, para os Beatles, a decisão final sempre esteve no mono. “As únicas coisas que eles realmente aprovavam eram as mixagens em mono”, afirmou.
Confira o vídeo abaixo!