A voz profunda, limpa e calma da franco-camaronesa Irma Pany, ou só IRMA, chega ao Brasil pela segunda vez neste ano. Após completar 13 apresentações esgotadas no início do ano, a multipremiada cantora retorna com o espetáculo intimista You and My Guitar, em nove capitais: Brasília, São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba, em novembro e dezembro. O TMDQA! conversou com a artista com exclusividade, por videoconferência, sobre a ansiedade de retornar ao país que se identifica culturalmente e musicalmente.
“Ninguém vai ao Brasil e volta a mesma pessoa. Acho que isso não é possível.”
Quando Irma esteve aqui em fevereiro, muita gente não sabia o que esperar. A maioria a conhecia do YouTube, onde seus vídeos intimistas ganharam alcance global. O carisma já era perceptível pela internet, mas ao vivo, é muito mais. Ela tem aquele jeitinho de ter uma melhor amiga que acolhe, uma fofura, mas com poder. No Brasil, a cantora contou que a conexão com o público nos seus shows foi como estar em família.
“Me falaram sobre isso, que você precisa viver esse nível de intensidade, porque depois de passar por uma experiência assim, não dá para descrever. Eu me senti como se estivesse tocando na frente da minha família, de certa forma, o que é louco, porque eu nunca tinha conhecido essas pessoas, mas realmente senti como família.”
O público brasileiro, caloroso como sempre, respondeu com abraços e muita conversa no pós-show: “No final dos shows estávamos todos nos abraçando, comemorando, rindo e conversando, e era simplesmente família.”
O que tem nessa voz?
O que Irma faz com o violão em mãos sempre impressiona. Ela mescla os acordes com batidas, dando um groove em qualquer música que interpreta. Há quem associe a artista à doçura do timbre ou a uma estética acústica confortável. Mas isso seria simplificar demais o que acontece quando ela canta. Essa entrega dá ao show um caráter menos performático e mais confessional:
“Quando canto, coloco todo o meu coração ali. E não só o meu coração, mas também todos os meus machucados, tudo o que deu errado, tudo o que deu certo, cada vitória, cada fracasso, tudo. Cantar é muito importante para mim. Não estou apenas cantando, é algo muito sério. As pessoas percebem que estou sendo muito vulnerável quando canto.”
Quase desistiu
Irma está no mercado há quase duas décadas e tem sete álbuns lançados. Mesmo assim, com milhares de fãs pelo mundo, pensou em desistir da música ao assistir a transformação radical da indústria e não se reconhecer em partes dela.
“A música sempre será minha paixão, mas a indústria é outra coisa. E vender música é diferente de fazer música. Eu me senti desconectada do jeito que a música está sendo vendida e produzida hoje. Aí pensei: talvez eu já tenha dado o que tinha que dar… talvez isso não seja mais para mim.”
A vinda ao Brasil, então, não foi um movimento calculado. Ao contrário: aconteceu justamente quando ela pensava em desacelerar. Encontrou inspirações na musicalidade Gil e Maria Bethânia: “Encontrar o Brasil, a cultura e o público brasileiro me fez reconectar com algo que eu tinha perdido totalmente. Eu gosto de sentir que tudo ainda é novo, ver as coisas com os olhos de uma criança.”
Como uma artista independente, ela controla a própria carreira. É escolha e também necessidade. “Você faz tudo, absolutamente tudo. Se você não acordar de manhã e levantar, nada vai acontecer. E alguns dias você está exausta… mas ainda assim tem que aparecer. Quando você conecta, mesmo que seja só uma pessoa… não dá para descrever com palavras.”
Expectativa para voltar
Em cena, a influência brasileira já se manifesta. A Irma arrisca português, já que está fazendo aulas, incorpora canções daqui e demonstra genuína curiosidade sobre a cultura diversa. Em tom de segredo, admitiu que há conversas para colaborações, embora sem nomes: “É surpresa. Mas algo está rolando, com certeza.”
Mais do que anunciar parcerias, parece interessada em construir um lugar nesse mapa cultural. “Eu realmente não quero ser só a artista estrangeira que vai ao Brasil fazer um show.”
Na volta ao país, ela conta que o repertório se expande, o show ganha mais peso e a artista parece mais consciente da importância deste encontro para sua própria história. No fim da entrevista, ela faz um convite simples, com toda sua doçura – e seu português iniciante, mas cheio de esforço e afeto:
“Vai ser mágico. Vamos cantar, vamos amar e abrir o coração. Então… estejam lá!”
Serviço
BRASÍLIA (DF)
Data: 03/11/2025 (segunda-feira)
Horário: 19h
Local: Eye Patch Panda
Endereço: CRS 514 Sul, Via W2 Sul, Bloco A, Loja 16, Asa Sul – Brasília / DF
INGRESSOS ESGOTADOS
Data: 04/11/2025 (terça-feira)
Horário: 19h
Local: Eye Patch Panda
Endereço: CRS 514 Sul, Via W2 Sul, Bloco A, Loja 16, Asa Sul – Brasília / DF
INGRESSOS ESGOTADOS
SÃO PAULO (SP)
Datas: 07/11/2025 (sexta-feira) e 09/11/2025 (domingo)
Horários: 20h e 22h30
Local: Blue Note São Paulo
Endereço: Av. Paulista 2073, 2º andar, Bela Vista – São Paulo / SP
Ingressos: a partir de R$ 70
VENDAS ONLINE
RECIFE (PE)
Data: 11/11/2025 (terça-feira, esgotado) e 12/11/2025 (quarta-feira)
Horário: 20h
Local: Teatro Apolo / Hermilo Borba Filho
Endereço: Rua do Apolo 121, Recife Antigo – Recife / PE
Ingressos: R$ 60
VENDAS ONLINE
RIO DE JANEIRO (RJ)
Data: 14/11/2025 (sexta-feira)
Horários: 20h e 22h30
Local: Blue Note Rio
Endereço: Av. Borges de Medeiros 1424, Lagoa – Rio de Janeiro / RJ
Ingressos: a partir de R$ 35
VENDAS ONLINE
FORTALEZA (CE)
Data: 19/11/2025 (quarta-feira)
Horário: 20h
Local: Theatro Via Sul
Endereço: Av. Washington Soares 4335, Edson Queiroz – Fortaleza / CE
Ingressos: a partir de R$ 50
SALVADOR (BA)
Data: 21/11/2025 (sexta-feira)
Horário: 20h
Local: Teatro Faresi
Endereço: Av. Oceânica 2717, Ondina – Salvador / BA
Ingressos: R$ 95
PORTO ALEGRE (RS)
Data: 24/11/2025 (terça-feira)
Horário: 20h
Local: Teatro Unisinos
Endereço: Av. Dr. Nilo Peçanha 1600, Boa Vista – Porto Alegre / RS
Ingressos: R$ 100
BELO HORIZONTE (MG)
Data: 29/11/2025 (sábado)
Horário: 20h
Local: Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Endereço: Rua da Bahia 2244, Lourdes – Belo Horizonte / MG
Ingressos: a partir de R$ 55
CURITIBA (PR)
Data: 02/12/2025 (terça-feira)
Horário: 20h
Local: Teatro Paiol
Endereço: Rua Coronel Zacarias 51, Prado Velho – Curitiba / PR
Ingressos: R$ 100
Data: 03/12/2025 (quarta-feira)
Horário: 20h
Local: Teatro Paiol
Endereço: Rua Coronel Zacarias 51, Prado Velho – Curitiba / PR
Ingressos: R$ 100
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Liz Sacramento é jornalista há 10 anos e cantora. Já passou por grandes telejornais da TV aberta, e atualmente atua como correspondente internacional. Ao longo da carreira, percorreu diversos estados do país cobrindo grandes eventos, política, cultura e meio ambiente. Com paixão pela música, pesquisa trajetórias sonoras marcadas por autenticidade, identidade e transformação social. Sempre sonhou em unir jornalismo e música, e para isso tem se dedicado a escrever sobre narrativas que celebram a música preta, brasileira e global.
