Simon Armitage, Pink Floyd, Wish You Were Here
Fotos: Divulgação e Reprodução/YouTube

O icônico álbum Wish You Were Here, do Pink Floyd, ganhou uma homenagem à altura de seu legado.

O poeta laureado britânico Simon Armitage, nomeado pela Rainha Elizabeth II em 2019, escreveu o poema “Dear Pink Floyd”, uma carta de admiração ao disco que marcou gerações. A peça fará parte da edição comemorativa de 50 anos do álbum, com lançamento previsto para 12 de dezembro.

Em um tom ao mesmo tempo íntimo e reverente, Armitage reimagina o vinil do disco como uma cápsula do tempo, e descrevendo como “uma mensagem em uma garrafa, amarrada a uma boia salva-vidas, lançada de um navio fantasma”. Ele transforma a experiência de ouvir o álbum em algo quase místico, como se a música do Pink Floyd tivesse atravessado o espaço e o tempo até alcançar novas dimensões.

Em um trecho, ele recita:

Querido Pink Floyd, o pacote chegou, muito obrigado. Levou cinquenta anos.
É uma cápsula do tempo, um baú do tesouro, uma mensagem em uma garrafa, amarrada a uma boia salva-vidas, lançada de um bote vindo de um navio fantasma.
Segurei o disco contra o sol. Ele incendiou o meu aperto de mão.
Olhei pelo buraco no meio. Era uma câmera de orifício, focalizando a luz das estrelas.

“Dear Pink Floyd” é uma carta aberta escrita por um fã que nunca deixou de se encantar. Armitage diz que o disco ainda o comove como na juventude, e que sua conexão com o álbum vai além da audição: é uma experiência quase espiritual.

Vocês mataram a música clássica com um único acorde, ainda bem.
Criaram trilhas sonoras para sonhos profundos,
fizeram astrofísica sem números, filosofia sem palavras.
Encontraram a frequência ressonante da alma humana.

O poeta percorre uma jornada pelas eras e pelos mundos onde o Pink Floyd “tocou”: de Pompeia a Machu Picchu, do Jardim Suspenso da Babilônia à Fossa das Marianas. Tudo se torna palco para a banda que, segundo ele, “podia massagear um coração com uma nota”. É como se o som de Wish You Were Here tivesse se espalhado pela galáxia.

Vi vocês tocarem em Pompeia,
os mortos subiram de suas covas para observar,
os enterrados se ergueram de seus sarcófagos de cinzas para balançar a cabeça, dar as mãos, fazer amor.
Pink Floyd, vi vocês tocarem em El Dorado, Machu Picchu, Valhala —
os deuses ficaram boquiabertos.

Armitage também brinca com o humor característico da banda, encerrando sua homenagem com um piscar de olhos ao universo Floydiano:

Este disco é bússola, relógio e consciência em um só.
É o guia de 44 minutos e 5 segundos para a eternidade —
o infinito medido em cinco músicas.
Então venham, seus progressivos, seus loucos, seus músicos —
vocês deslumbram, vocês brilham, vocês cintilam.
Atenciosamente, todos os safiras insanos, esmeraldas serenas, rubis lunáticos, diamantes malucos…
P.S. Qual de vocês é o Pink?

Assista abaixo ao vídeo onde Simon recita o poema!

Poema de Simon Armitage para o Pink Floyd