Steven Wilson voltou ao Brasil em grande estilo.
Sete anos após sua última passagem pelo país, o músico inglês encheu o Tokio Marine Hall, em São Paulo, na última sexta-feira (17), com um espetáculo que reafirmou seu status como um dos nomes mais visionários do Rock Progressivo contemporâneo. A The Overview Tour não é apenas uma nova turnê: é um exercício de conceito, imersão e precisão artística que une música, narrativa, tecnologia e emoção em um único fluxo contínuo.
E falando em tecnologia, vale apontar que, tanto no começo do show quanto durante a pausa, um aviso no telão pedia para que os fãs evitassem filmar e fotografar a apresentação. Com algumas excessões aqui e ali, o pedido do artista foi respeitado pela maioria dos fãs presentes.
O show foi dividido em duas partes, com uma breve pausa entre elas. A primeira metade foi dedicada à execução completa de The Overview, álbum lançado em março de 2025 que carrega apenas duas faixas: “Objects Outlive Us” e “The Overview”.
No palco, Wilson surgiu quase como um narrador cósmico, conduzindo a plateia por um clima de contemplação que contrastava com o silêncio respeitoso do público. O repertório, centrado em longas passagens instrumentais e atmosferas eletrônicas, foi acompanhado por projeções grandiosas e abstratas que reforçavam o conceito do disco inspirado no “overview effect” – a mudança de percepção que astronautas relatam ao observar a Terra do espaço.
A banda que acompanha Wilson nesta turnê dá mais vida ainda ao espetáculo: Randy McStine (guitarra), Nick Beggs (baixo e chapman stick), Adam Holzman (teclados) e Craig Blundell (bateria). Cada músico, com histórico robusto em projetos de Rock experimental e Jazz contemporâneo, contribui para a fluidez sonora que é marca do show.
Segunda parte e momento Porcupine Tree
Após a primeira parte imersiva, a volta ao palco trouxe uma mudança imediata de energia.
Após tocar “King Ghost” e “Home Invasion”, Steven Wilson resolveu bater um papo com seu público, celebrando essa vinda ao Brasil e relembrando também as últimas. De acordo com o músico, em sua primeira vez por aqui a plateia contava com “só umas 10 pessoas”; já na segunda, o show estava cheio, mas Wilson estava “muito doente”. Logo em seguida, ele comemorou: “hoje estou me sentindo muito bem!”, e logo em seguida apontou para o público volumoso na casa.
A segunda metade do show conectou as múltiplas fases da carreira solo de Wilson, além de trazer algumas faixas do Porcupine Tree, atendendo aos fãs mais antigos sem recorrer a um apelo puramente em nome da nostalgia. “Voyage 34 (Phase I)” e “Dislocated Day”, dois clássicos da banda, foram ressignificados dentro da estética atual do artista, com arranjos ligeiramente reinventados e improvisos que mantiveram a experiência viva.
Mais do que um show, Steven Wilson entregou uma experiência sensorial que exige atenção e entrega do público. Que volte logo!
Setlist e fotos – Steven Wilson em São Paulo
Set 1 – The Overview
Objects Outlive Us
The Overview
Set 2
King Ghost
Home Invasion
Regret #9
What Life Brings
Voyage 34 (Phase I) (Porcupine Tree)
Dislocated Day (Porcupine Tree)
Pariah
Luminol
Harmony Korine
Vermillioncore
Bis
Ancestral
The Raven That Refused to Sing
