
Serj Tankian revelou em sua autobiografia, Down With The System, que esteve muito perto de assinar com o Muse no início dos anos 2000 – um episódio que, segundo ele, terminou de forma frustrante.
Lançado em 14 de maio, o livro traz memórias de sua trajetória no mundo da música, misturando os altos e baixos da carreira do vocalista do System of a Down com sua intensa atuação como ativista. Em um trecho da obra, Tankian conta que tentou incluir o então jovem trio britânico em seu selo Serjical Strike, quando eles ainda buscavam conquistar o mercado norte-americano.
Meu selo, Serjical Strike, sempre foi pensado como um espaço para trabalhar com artistas que eu amo. Não tinha grandes ambições comerciais. Dito isso, por pouco não assinei com a banda britânica Muse em 2002 e começo de 2003, pouco antes de eles se tornarem enormes nos Estados Unidos. ‘Por pouco não assinei’ é um jeito diplomático de dizer. Na verdade, fui meio que passado para trás.
Na época, o Muse já havia conquistado um público considerável na Europa, mas ainda era pouco conhecido nos Estados Unidos. Seu segundo álbum, Origin of Symmetry (2001), sequer havia sido lançado por lá pela Maverick, selo da Warner Bros. administrado por Guy Oseary, amigo de longa data de Serj. “A música deles é uma mistura contagiante de rock progressivo e pop europeu com fortes influências clássicas, mas acho que o selo achava que o público americano não entenderia aquilo”, recorda.
Serj Tankian e o Muse
Segundo Tankian, a Maverick pedia meio milhão de dólares para liberar o Muse de seu contrato. Ele chegou a procurar a Sony, tentando convencê-los a bancar a quantia e prometendo que a banda valeria o investimento, mas a gravadora hesitou e preferiu esperar para ouvir o próximo álbum do grupo antes de decidir.
Enquanto isso, Serj passou uma temporada na Austrália e na Nova Zelândia, tentando salvar um relacionamento à distância, e pediu que seu advogado o avisasse quando o disco chegasse para que pudesse renovar a proposta. Isso, no entanto, nunca aconteceu — e, no meio do processo, um executivo da própria Sony tentou negociar com o Muse por conta própria. Quando Serj ficou sabendo, meses depois, a Warner Bros. já havia intervindo, retirado o trio da Maverick e acertado o lançamento do álbum Absolution (2003), que venderia mais de 3,5 milhões de cópias pelo mundo.
Agora, para ser justo, do ponto de vista dos negócios, eu fiz muita coisa errada aqui. Primeiro, eu deveria ter falado diretamente com o Guy sobre liberar o Muse do selo dele. Éramos velhos amigos e talvez tivéssemos conseguido resolver algo bem menos oneroso do que os 500 mil dólares que a Maverick estava pedindo. Segundo, quando a Sony hesitou em pagar esse valor, eu deveria ter conseguido o dinheiro em outro lugar ou colocado do meu próprio bolso. Terceiro, por mais irritado que eu tenha ficado com meu advogado por não me avisar que o álbum tinha sido entregue, eu deveria ter ligado para verificar isso. Fui Zen demais em relação a todo o negócio. Minha prática espiritual parecia estar me ensinando a acreditar que, se for para acontecer, acontecerá. Eu não iria forçar nada. Mas esse não é exatamente o jeito como a indústria da música funciona.
Bem… o resto é história!