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“Iowa”: a história de como o Slipknot mudou o Metal ao transformar seu disco mais pesado em um dos mais populares

Se o Slipknot vive um “momento mágico” em 2024, como os próprios integrantes definiram este ano repleto de comemorações e novidades, a coisa era bem diferente há 23 anos quando a banda lançou Iowa, o segundo álbum da carreira.

Entre o cansaço após a turnê do álbum de estreia, problemas com drogas e um ambiente muito ruim no estúdio, o grupo liderado por Corey Taylor conseguiu fazer mais uma obra-prima que os consolidou como uma das maiores referências do Nu Metal.

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Nesta matéria especial, vamos explicar como nasceu o álbum que tem pedradas como “People = Shit”, “Disasterpiece” e “My Plague”, que influenciaram a estética e ditaram a agressividade do Metal do início dos anos 2000.

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Quando “a escuridão se instalou” no Slipknot

A estreia do Slipknot em 1999, com o álbum autointitulado, já rendeu à banda americana sua primeira grande turnê. Eles fizeram parte do line-up do Ozzfest, lendário festival itinerante criado por Ozzy Osbourne, que funcionava como intercâmbio entre o Metal dos EUA e do Reino Unido.

Mesmo sem receber tanta divulgação por ser essencialmente um disco independente – tanto que foi o primeiro da Roadrunner Records a atingir a marca de Platina -, aquele som que misturava Rock pesado com Hip-Hop garantiu a Corey Taylor e companhia uma enorme base de fãs.

Quando entraram no Sound City Studios em Los Angeles para preparar o álbum seguinte, em janeiro de 2001, o baterista Joey Jordison e o baixista Paul Grey se sentiam sobrecarregados, já que eram os únicos com composições novas para apresentar.

O tempo na estrada promovendo o primeiro disco pesou demais para Corey, que viu piorar a sua dependência de álcool, o afastando do trabalho. No meio disso tudo ainda estava um guitarrista novo, Jim Root, que mal conseguia contribuir com tanta confusão após ter gravado apenas “Purity” no álbum de estreia.

Como te contamos nesta matéria, o vocalista precisou recorrer métodos nada tradicionais para canalizar a energia necessária para cantar em meio ao ambiente pesado, incluindo nudez e automutilação dentro do estúdio (via Far Out):

Não havia nada divertido sobre o ‘Iowa’. De repente éramos estrelas do Metal, algo que não estávamos realmente esperando. Nos perdemos no estilo de vida e os problemas que vêm com a fama, e uma escuridão se instalou no início das gravações. […] Mas, sabe, às vezes é preciso se destruir para poder construir algo grande. É daí que vêm as melhores coisas.

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Então o que explica a popularidade de Iowa?

Se as sessões de gravação do Iowa não foram nada divertidas para o Slipknot, os fãs da banda – e também quem estava alheio àquela nova onda do Nu Metal – se divertiram bastante com o resultado final.

Lançado em 28 de agosto de 2001, o disco estreou no Top 10 das paradas musicais de nove países, chegando a atingir o topo no Reino Unido e o terceiro lugar nos EUA graças a faixas pesadíssimas como “The Heretic Anthem” e as já citadas “People = Shit”“Disasterpiece”.

O single “My Plague” também ganhou bastante atenção ao aparecer na trilha sonora do filme Resident Evil (2022), e a faixa “Left Behind” recebeu uma indicação ao Grammy de Melhor Performance de Metal.

Como os títulos mostram, as letras das músicas abordavam temas sensíveis como sexismo, hipocrisia e transtornos mentais, ao mesmo tempo em que a sonoridade era menos “crua” do que no álbum anterior, com os músicos demonstrando um lado mais técnico e bem produzido.

Mas nem mesmo o sucesso do trabalho foi suficiente para acalmar os ânimos da banda internamente.

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Slipknot “mostra a cara” pela primeira vez

Após mais uma longa e extenuante turnê mundial, o Slipknot entrou em hiato em meados de 2002, quando os integrantes decidiram se dedicar a projetos paralelos, embora existissem rumores de que a banda iria se separar de vez.

Corey Taylor retomou um projeto antigo, o Stone Sour, Joey Jordison fundou o Murderdolls, o percussionista Shawn “Clown” Crahan criou o To My Surprise e o DJ Sid Wilson começou uma carreira solo com a alcunha de DJ Starscream.

Acontece que, para divulgar essas novas empreitadas, muitos deles revelaram o rosto publicamente pela primeira vez, incluindo entrevistas bombásticas de Corey e Joey na MTV que tiveram muita audiência na época.

Vale lembrar que a virada de século era um momento de renovação do Metal, com bandas incorporando Rap, Funk e Rock Alternativo ao estilo – o que conhecemos hoje como Nu Metal: Korn, Linkin Park, System of a Down e Limp Bizkit lançaram discos que venderam milhões de cópias.

Com isso, Iowa do Slipknot se tornou um clássico do gênero, especialmente no que diz respeito à agressividade e estética do disco, influenciando jovens bandas como Bring Me The Horizon, Of Mice & Men, Bad Omens e até Tobias Forge, do Ghost.

Ouça abaixo o clássico “People = Shit” e entenda por que o som foi tão importante e influente!

Published by
Rafael Teixeira