Spotify celular fraude
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Tudo é justo na música e na guerra do streaming? Pelo visto, não!

Um grupo cada vez maior de artistas vem denunciando a remoção de suas músicas de plataformas, como penalidades por fraudes que eles não cometeram. 

Nomes em ascensão na cena independente, como Flashbulb e Jonah Baker, revelaram à revista Variety que tiveram canções removidas – com ou sem aviso prévio. Como consequência, perderam sua principal fonte de renda da noite para o dia.

Mas o que explica esse fenômeno estranho?

O curioso caso das músicas desaparecidas

Todas as músicas disponibilizadas em plataformas de streaming utilizam uma distribuidora – uma grande gravadora ou serviços no estilo do-it-yourself. É o caso de empresas como TuneCore, DistroKid, OneRPM, Altafonte e muitas outras. Estas ferramentas são submetidas às regras de cada plataforma para a distribuição de canções. 

Seu surgimento criou um dos maiores enigmas do mercado da música: se por um lado as distribuidoras democratizaram o acesso de qualquer artista à vitrine do Spotify, Deezer, Apple Music e demais serviços de streaming… por outro, o baixo custo faz valer a pena o upload de múltiplas canções feitas por bots, fraudes e outras práticas não permitidas. Assim, capitaliza-se no volume de lançamentos. De grão em grão, a galinha enche o papo!

Agora, as plataformas estão reforçando suas políticas devido ao aumento no uso de robôs para promover músicas. Às distribuidoras, resta apenas o poder do take down, ou seja, a remoção das faixas suspeitas. Muitas delas não aceitam o apelo das medidas, que têm caráter definitivo.

Eles, robôs

Spotify músicas removidas bots
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O problema relatado à Variety vem se intensificando à medida que aumentam serviços que vendem plays, likes e seguidores voltados especificamente para plataformas musicais.

A fraude de streams, também conhecida como manipulação de streams, streams artificiais ou atividade anormal, consiste em práticas maliciosas que visam inflar artificialmente o número de reproduções de músicas ou álbuns em plataformas de streaming.

Essa prática é realizada através de diversos métodos, como bots (programas de computador que simulam a reprodução humana de músicas), fazendas de streams (serviços que operam grandes redes de dispositivos para reproduzir músicas em massa) e compra de streams (aquisição de streams falsos através de serviços online).

O lado “positivo” de contratar um serviço assim é óbvio: o aumento da visibilidade de artistas, maiores royalties e a capacidade de enganar os algoritmos das plataformas. No entanto, essa prática gera diversos impactos negativos, como o prejuízo aos artistas que não usam “atalhos”, a distorção do mercado e a perda de receita para as plataformas.

Como consequência dessas práticas, uma nova questão se delineia: artistas punidos de forma errônea, sem terem como recorrer das remoções. Eles alegam que nunca contrataram serviços de promoção de músicas, o que indica uma outra possibilidade nefasta: algum artista ou corporação pagou para que suas faixas fossem promovidas de forma escusa, já prevendo o resultado desejado – a saída das plataformas, sem chances de retorno. 

Essa mera possibilidade acende (mais) um sinal de alerta para todo o ecossistema musical. 

Como as plataformas de streaming estão combatendo a fraude

As plataformas de streaming estão cientes do problema e investem em medidas para combatê-lo, como o desenvolvimento de tecnologias antifraude, a análise de padrões de reprodução e parcerias com a indústria, como gravadoras, entidades e artistas do mercado.

A nova política de pagamentos do Spotify pode entrar nessa conta – desde o início de abril de 2024, a plataforma sueca não paga mais por faixas abaixo de 1.000 streams. Essa regra impacta principalmente os artistas independentes, mas também tira da jogada os tantos lançamentos que visam captar poucas audições com conteúdo gerado por IA ou de forma fraudulenta.

Porém, este não será um problema de fácil solução. Algumas medidas que podem ser tomadas incluem o aprimoramento das tecnologias antifraude, o aumento da transparência, a educação e conscientização sobre os perigos da fraude e a criação de um ambiente mais justo que promova a descoberta de novos talentos e a valorização da música feita por seres humanos.

Uma série de matérias recentes do portal Léo Dias levantou dados sobre variados artistas e questionou grandes gravadoras sobre essas práticas. Isso mostra o quanto a questão das fraudes nos lançamentos musicais é recente e presente. 

Juntamente com o uso da Inteligência Artificial, essa questão se tornou central na economia da música. Sua solução, como dá pra notar, ainda não está posta.

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