Paul Simon, Haddaway
Paul Simon (Crédito: Matthew Straubmuller) | Haddaway (Crédito: Raimond Spekking)

Não faz muito tempo, falamos aqui no TMDQA! sobre as maiores e mais caras compras de catálogos no mercado da música. Afinal, dia sim e outro também tem algum figurão vendendo suas fatias de propriedade sobre composições e fonogramas. E quem compra? Esse filão é ocupado por empresas de investimento e também editoras com anos de mercado. 

Este último é o caso da BMG, que está comemorando os bons resultados do último ano. Segundo o próprio grupo, o crescimento de 4,6% é fruto de nada menos do que a aquisição de catálogos. 

A empresa alarmou o mercado ao encurtar a equipe e diminuir operações em locais estratégicos, como o Brasil. Porém, agora mostra que está conseguindo equilibrar as contas. 

O raio-X de 2023

Somente no final do primeiro trimestre é que vêm à tona os resultados do ano anterior. A BMG, subsidiária musical da empresa-mãe Bertelsmann, divulgou suas contas referentes a 2023, revelando um crescimento significativo.

Os números mostram um acréscimo de 4,6% nas receitas da BMG, totalizando €905 milhões em 2023. Segundo a Bertelsmann, esse crescimento foi “impactado positivamente, entre outras coisas, por altos investimentos em aquisições de catálogo”.

O Ebitda da BMG (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – essencialmente seu lucro operacional) foi de €194 milhões, ligeiramente abaixo dos €195 milhões de 2022.

O relatório destacou que a BMG realizou 30 aquisições de catálogo em 2023, envolvendo músicos que vão desde The Hollies e Paul Simon até Jet, Snap! e Martin Solveig.

Os Estados Unidos representaram 51,5% das receitas da BMG no ano passado (ligeiramente abaixo dos 53,9% em 2022). Houve também uma pequena, mas interessante mudança na divisão de receitas da BMG por categoria.

O lucro proveniente de direitos e licenças foi de 88,6% de suas entradas em 2023 (abaixo dos 92,2% do ano anterior), enquanto “produtos próprios e merchandising” representaram 10,6% de sua receita em 2023 (acima dos 7,5% em 2022).

Estratégia de longo prazo

Dá pra notar que a BMG vem adotando essa postura mais ativa em aquisições já há algum tempo.

A empresa alemã investiu impressionantes US$535 milhões em 2022. Dentro desse valor, US$400 milhões foram para a aquisição de catálogos musicais globalmente – mais do que a maior concorrente, a Universal. E o restante foi direcionado a adiantamentos para novos artistas.

O otimismo da BMG para 2024

O CEO da BMG, Thomas Coesfeld, ressaltou o crescimento da receita em uma comunicação interna. Ele escreveu:

O fato de termos alcançado isso enquanto implementamos a mudança mais fundamental na estratégia e estrutura da história da empresa, focando em nossos dois negócios principais de publicação musical e gravações, é ainda mais notável.

Coesfeld também lembrou aos colegas quais foram essas mudanças, incluindo a transição para distribuição direta no Spotify e Apple Music; preparação para trabalhar com a Universal Music Group na distribuição física; e planos para “investimentos substanciais em direitos musicais, respaldados por um modelo de investimento aprimorado e rigoroso”. E acrescentou:

Dadas as recentes turbulências para o Hipgnosis Songs Fund, um dos adquirentes de catálogo mais proeminentes do setor, essa ressalva provavelmente é necessária para tranquilizar os investidores. Muitas dessas mudanças estão tendo um impacto imediato. Nos dois primeiros meses de 2024, já vimos um forte aumento de dois dígitos na receita e um aumento no EBITDA em relação ao ano anterior.

Nada mal para um setor que vive na corda bamba…

Por que catálogos importam?

A venda de catálogos musicais surge como uma estratégia crucial para artistas em diferentes estágios de suas carreiras, oferecendo segurança financeira para veteranos e oportunidades de diversificação de investimentos para os mais jovens. 

Essas transações refletem o crescente valor dos catálogos na era do streaming, com as  plataformas impulsionando royalties significativos. Embora o futuro dessa tendência permaneça incerto, a venda de catálogos se estabeleceu como uma ferramenta vital para os artistas gerenciarem suas carreiras e garantirem estabilidade financeira. 

Para os novos detentores dos direitos, torna-se uma frequente e estável fonte de renda – algo que, no mercado da música, é um grande diferencial.

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