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#TBTMDQA: “Mr. Brightside”, a superação de uma traição e um dos maiores sucessos dos anos 2000

Todo mundo vive momentos difíceis que, muitas vezes, passam a impressão de que está tudo perdido. Afinal, a vida não é nenhum mar de flores e exemplos disso podem ir desde um relacionamento encerrado de forma trágica até uma pandemia global. Mas é necessário ter esperança e acreditar na famosa “luz no fim do túnel”.

Mr. Brightside“, o maior sucesso do The Killers, foi lançado em 2003 como o primeiro single da banda (posteriormente também lançado como single do álbum de estreia Hot Fuss) e traz consigo essa mensagem de esperança. Presença confirmada em qualquer show da banda, a canção aborda o otimismo como saída para situações ruins através de uma letra baseada em uma triste história real.

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Abaixo, reunimos algumas curiosidades sobre este grande sucesso, que vão desde seu lançamento até seu incrível legado. Confira após o vídeo!

 

No meio do caminho, havia um The Strokes

O The Killers surgiu, de forma embrionária, em 2001, através de uma iniciativa dos colegas Brandon Flowers (vocal) e Dave Keuning (guitarra). Sonhando com o sucesso, a dupla escreveu, na época, várias canções, ainda na tentativa de achar o tom certo para o projeto.

Essa época de explosão criativa, no entanto, coincidiu com o lançamento de Is This It, o disco de estreia da banda The Strokes, um imediato sucesso na comunidade alternativa com hits como “Hard to Explain” e “Last Nite” (sobre o qual já falamos em um #TBTMDQA anterior). Segundo Flowers, em entrevista para a NME:

“Lembro da gente indo para a Virgin Megastore para comprar o ‘Is This It’ no dia que saiu. Quando colocamos para tocar no carro, o disco soava perfeito demais. Fiquei deprimido depois disso. Jogamos fora todas as músicas e a única que restou foi ‘Mr. Brightside’.”

A canção continuou sendo trabalhada e pode ser considerada o principal “gatilho” para que a banda encontrasse sua sonoridade característica, que mistura indie com pop britânico e pitadas de glam rock.

 

Um riff é um riff, né, pai?

O que será que fez com que “Mr. Brightside” se destacasse dentre as demais composições da dupla na época? A resposta tem a ver com a genialidade melódica de Keuning, que compôs o famoso riff já nesse momento inicial.

De fato, o ouvinte já fica envolvido desde os primeiros segundos da música justamente por conta dessa delicada, suave e, ao mesmo tempo, poderosa introdução de guitarra. Não à toa, a revista Total Guitar elegeu o riff o nono melhor do século XXI, em uma lista que também contempla obras de nomes como The White Stripes, Avenged Sevenfold e Muse.

Ainda na entrevista citada acima, o vocalista relembrou da parte final desse processo de “parto”:

“Eu fui capaz de colocar um refrão e algumas outras partes líricas com base no riff da música. Mas foi só depois de experimentarmos tocar com um baterista que eu percebi que aquilo que estávamos fazendo era especial.”

Abaixo, você pode conferir uma apresentação ao vivo da música em 2002 (lembrando que o Hot Fuss é de 2004). Adivinha quem estava lá? O riff!

 

Reconstruir um coração partido

Muitos se perguntam o porquê de essa canção ter envelhecido tão bem e impactado mais de uma geração. Para começar, o tema do fim de um relacionamento é sempre palatável para qualquer ouvinte — o sucesso de Olivia Rodrigo está aí para nos provar isso em pleno 2021.

A história da letra, escrita por Flowers, é sobre um antigo relacionamento do vocalista. Um belo dia, ele foi a um bar em Las Vegas e encontrou sua então namorada o traindo. Mas, apesar da tristeza de um coração partido, “Mr. Brightside” traz uma proposta de superação, de aceitar o fim de um ciclo e levantar a cabeça para os próximos. É sobre a dificuldade de lidar com as inseguranças e saber enxergar o “lado positivo” de tudo.

“Começou com um beijo, como acabou assim?”

 

Triângulo amoroso sob uma estética burlesca

Para um single poder ser considerado completo em termos de sucesso, não basta a música ser boa. É preciso também um clipe à altura!

Mania na MTV, no YouTube e em qualquer outro lugar, a adaptação audiovisual para “Mr. Brightside” teve como inspiração um show burlesco, relembrando filmes como Burlesque e Moulin Rouge. O ótimo resultado é reflexo da direção de Sophie Muller, que na época também trabalhou em vídeos icônicos de nomes como Maroon 5, Coldplay e Gwen Stefani.

No clipe, Brandon Flowers está inserido em um triangulo amoroso. Os outros dois atores são Izabella Miko e Eric Roberts (que também rouba a cena em “We Belong Together”, de Mariah Carey).

 

Clipe alternativo

Ah, por acaso, existe um outro videoclipe para “Mr. Brightside”, lançado antes mesmo da versão que conhecemos melhor.

Sem muita enrolação, efeitos especiais, figurino ou história, o vídeo apenas nos apresenta à banda tocando em um amplo espaço vazio. Editada em escalas de preto, branco e sépia, a versão ficou conhecida como “UK Version” (apesar de ter sido filmada em Nova Iorque). O clipe popular, lançado pouco depois, partiu de uma decisão da gravadora de criar uma adaptação mais mainstream para o hit.

 

E se fosse lançada hoje?

Podia não ser algo previsto no início, mas o sucesso de “Mr. Brightside” hoje é inquestionável e irreversível. Mas e se fosse uma canção mais recente, dadas todas as mudanças que a indústria sofreu (e vem sofrendo)?

Em entrevista de 2015, Flowers deu a entender que a canção não teria o mesmo impacto se tivesse sido lançada na época. Muito disso, na visão do vocalista, se dá por conta da falta de promoção e pagamento de direitos autorais para os artistas atualmente: tudo isso cria um ambiente que desfavorece a criação de grandes hits que fujam das grandes paradas musicais e da cena comercial.

Para o indie, no caso do The Killers e até de nomes como The Strokes, The White Stripes, Franz Ferdinand e mais, isso é algo perigosíssimo.

 

Outras conquistas

Além de todas as pontuações já levantadas, a canção também coleciona uma série de outras conquistas (algumas já até noticiadas por aqui).

  • É a primeira canção dos anos 2000 a alcançar a marca de 1 bilhão de reproduções no Spotify;
  • É a canção mais reproduzida por streaming entre todas lançadas antes de 2010;
  • Em abril deste ano, a música completou 260 semanas (aproximadamente 5 anos) nas paradas britânicas;
  • Em 2005 (mais de um ano após seu lançamento original), o megahit alcançou a décima posição do cobiçado Hot 100 da Billboard;
  • O clipe burlesco ganhou o VMA de 2005 na categoria Artista Revelação, vencendo John Legend, Ciara, The Game e My Chemical Romance.
Published by
Pedro Henrique Pinheiro