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Foto: Divulgação

Finalmente! Chegamos aos momentos finais desse bizarro ano de 2020. Um ano verdadeiramente atípico para o mundo, com uma pandemia que mudou o comportamento das pessoas, potencializou discursos de ódio e nos provou o quão fundo o buraco pode ser. Por outro lado, precisamos ser esperançosos. Um ano novo está prestes a chegar e a produção de vacinas nos dá um pingo de esperanças de que a normalidade voltará aos poucos.

A ansiedade é tanta que já estamos fazendo por aqui a contagem final, e não há música melhor para isso do que, pasmem, “The Final Countdown“, do Europe. Envolvente, a obra ilustra bem o desprendimento de um momento e o caminho rumo ao desconhecido.

Misturando glam metal e hard rock, a canção integra um disco homônimo lançado em 1986, que viria a se tornar o maior sucesso comercial do grupo. Você pode amar ou odiar essa música, mas não tem como negar que o riff inicial de teclado é um dos trechos musicais mais memoráveis dos anos 80.

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Confira abaixo, após o vídeo, algumas curiosidades sobre estre grande hit:

 

Nasce um hit

Tudo foi obra da genialidade do vocalista e principal compositor Joey Tempest. O elemento inicial que deu origem a tudo foi um icônico riff de teclado que ele escreveu de forma despretensiosa no início da década de 80 na casa dos seus pais, em Estocolmo. Surgiu durante uma noite enquanto sua família dormia, da mesma forma que grande parte do trabalho do Europe foi feito.

Os colegas de banda ficam impressionados, mas tiveram reações mistas quanto ao uso dos sintetizadores. Mas, até seu lançamento, foram cerca de cinco anos de espera. O resto, bom, é história.

 

David Bowie

A letra da canção deveria naturalmente potencializar a atmosfera espacial à qual o instrumental remete. Como grande fã do trabalho de David Bowie, Tempest logo trouxe como inspiração a música “Space Oddity“.

O contexto de exploração espacial foi o que criou o universo contido na letra de “The Final Countdown”. Vale lembrar que o hit de Bowie foi escrito em homenagem à primeira vez do homem na lua, em 1969.

 

Nem é tão longe assim

Por falar na letra, ela conta com um pequeno exagero elegante (ou a famosa hipérbole) que pode ser considerado um erro para cientistas.

É dito, na letra, que os personagens principais estão a caminho de Vênus, percorrendo uma imprecisa distância de “muitos” anos-luz. Mas acontece que os dois planetas possuem, entre si, uma distância de aproximadamente 162 milhões de milhas. Adaptando as medidas, isso dá 0,000028 anos-luz, ou seja, não chega sequer a um.

Mas é claro que isso ganha força no contexto da letra, ilustrando a estranha sensação de deixar a Terra e a aparente sensação de demora.

 

Intuição ou destino?

Como já foi dito, Tempest “tirou da gaveta” o riff que domina a canção alguns anos após sua composição. A ideia inicial não era fazer desta canção um single, considerando a duração não muito comercial. Em uma entrevista feita em 2005, ele recorda o processo:

A ironia nisso tudo é que a música foi escrita, na verdade, para os fãs. Tem cerca de seis minutos de duração e nunca tivemos a pretensão de que fosse um hit ou algo assim. A ideia inicial era ser apenas uma abertura para nossos shows. Estávamos fazendo o nosso terceiro álbum e queríamos uma grande abertura.

O tecladista Mic Michaeli, por sinal, queria outra canção do disco como primeiro single. No documentário holandês Single Luck: The Final Countdown, ele relembra:

Durante a mixagem do álbum, estávamos discutindo sobre qual seria o primeiro single. Eles queriam que fosse ‘The Final Countdown’, e eu achava que nunca funcionaria. Eu queria que fosse ‘Rock The Night’, que era uma canção mais pesada, que tinha mais a nossa cara. No final das contas, eu estava errado [risos].

 

One Hit Wonder

Não existe uma ciência certa para definir que músicas vão estourar, mas não é nem um pouco raro artistas terem seus momentos de brilho em uma única canção. Bem ou mal, foi este o caso do Europe, que nunca mais conseguiu atingir o sucesso alcançado por “The Final Countdown”.

Em todas as bandas, isso normalmente deixa o compositor em uma posição desfavorável, em que se questiona sobre sua capacidade de gerar empatia com o público. Michaeli reparou isso em Tempest:

Acho que todos nós sentimos a pressão, especialmente o Joey, porque foi ele quem escreveu a maioria das músicas do álbum ‘The Final Countdown’. Ele realmente lutou para tentar manter o sucesso.

Em certo momento do já citado documentário, no entanto, o vocalista mostra maturidade em relação a isso:

Não é tão ruim assim saber que eu nunca mais conseguirei escrever uma música assim de novo. Fico feliz em ter conseguido fazer uma vez, mas é claro que você quer se desafiar a fazer músicas em outros estilos. Você espera escrever algo que ganhe sobrevida, mas acontece mesmo só uma vez, quando tudo se encaixa.

 

Faltou um advogado, né?

De fato, a canção representou os “dias de glória” da banda. No entanto, ela certamente rende frutos até hoje, apesar de que a banda foi injustiçada quanto aos direitos da música.

As questões de contrato beneficiaram pouco o grupo. Na época, a banda assinou documentos sem a consulta de um advogado. Isso, somado à ingenuidade dos jovens integrantes, que não tinham grandes pretensões financeiras (ou mesmo qualquer tipo de conhecimento a respeito), fez com que eles não aproveitassem direito o reconhecimento pelo sucesso do disco. Tudo foi obra do então empresário da banda, Thomas Erdtman.

De acordo com o baixista John Levén:

Nosso empresário estava conosco desde o nosso primeiro álbum. Ele era como um sexto membro. Mas, de repente, começamos a nos questionar o que havia acontecido com todo o dinheiro.

Em uma determinada época, a mãe do guitarrista John Norum começou a ter encontros com Erdtman. Ela relatou que ocasionalmente ele estava com muito dinheiro, e ainda brincava com o fato de ser dinheiro proveniente da banda. Com o tempo, a desconfiança de Norum foi aumentando, o que o levou a deixar o grupo em 1986.

Sobre isso, Michaeli conta:

Acho que isso acontece com todas as bandas. Quando você é jovem, você só quer tocar rock n’ roll e se divertir. Você só liga para a música. Se alguém chega com uma pilha de papeis e pedem para você assinar, você acaba assinando. E aí você volta para o estúdio para tocar. Aconteceu com os Rolling Stones, com o The Who… Todos enfrentaram algo mais ou menos assim.

 

Tem hater pra tudo

Bom, nenhuma música agrada a todos. Apesar das posições favoráveis em paradas de sucesso e do legado deixado para o mundo do rock, alguns veículos influentes não eram muito fãs de “The Final Countdown”.

Em 2009, a revista norte americana Blender listou a canção como uma das 50 piores de todos os tempos. O hit do Europe ficou com a 27ª posição, acima de nomes como Simon & Garfunkel (“The Sound of Silence”) e Aqua (“Barbie Girl”). No entanto, ainda ficou em uma posição mais favorável do que hits de Vanilla Ice (“Ice Ice Baby”) e The Rembrandts (“I’ll Be There For You”).

Ao apresentar a música, a revista usou o subtítulo “A pior coisa que aconteceu tanto para a banda quanto para o continente”. Na curta justificativa, ainda é dito que “Europe era uma banda de rock progressivo de baixa qualidade”.

 

Bônus: a pior cover de todos os tempos

Se os editores da Blender consideram essa uma das piores músicas da história, temos pena do que pensariam sobre a cover da banda Deep Sunshine.

Com o sugestivo nome de “a pior cover de todas”, o vídeo acumula hoje mais de 5 milhões de visualizações no Youtube. O vídeo foi gravado por um engenheiro de som que estava trabalhando para o grupo em um determinado festival.

Mas o que faz dessa versão algo tão sofrível? Bom, a ausência de tempo nos teclados, o vocalista desafinado e, é claro, um sofrível solo de guitarra. O que salva é o baterista, que esperamos que tenha encontrado um projeto melhor para se dedicar.

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