Low Roar fala sobre impacto de Death Stranding e exalta Hideo Kojima em papo exclusivo

Responsável pela trilha sonora de momentos emocionantes em "Death Stranding", Low Roar deu entrevista exclusiva ao Tenho Mais Discos Que Amigos!

Low Roar
Foto por Konrad Cwik

Quem está minimamente ligado à cena de games certamente ouviu falar de Death Stranding nos últimos tempos.

A obra do incrível Hideo Kojima contou com um elenco sensacional (Norman ReedusMads Mikkelsen Guillermo Del Toro são apenas alguns) e o projeto quase megalomaníaco recebeu diversas indicações no The Game Awards de 2019. Apesar de ter feito uma trilha sonora recheada de grandes nomes como Bring Me the Horizon, The Neighbourhood e CHVRCHES, o famoso diretor japonês firmou uma parceria sensacional com outro artista, menos conhecido do público em geral: o Low Roar, liderado por Ryan Karazija.

Tudo começou com uma história pra lá de curiosa (que Ryan nos contou em detalhes a seguir) e com um simples trailer. A recepção do público à conexão entre a canção e o vídeo foi fenomenal e, na versão finalizada do game, são mais de 20 faixas da banda presentes.

Quase simultaneamente, o Low Roar lançou o ótimo disco ross. e viu uma reação bem diferente do que estava acostumado. Citando em entrevistas passadas que o uso de “I’ll Keep Coming” na prévia de Death Stranding tirou a banda do “fundo do poço”, a tendência é crescer cada vez mais já que suas músicas foram utilizadas nos momentos mais marcantes do game.

Karazija nos atendeu por e-mail para explicar um pouco mais sobre o processo criativo do novo álbum e de sua carreira em geral, além de contar em detalhes a parceria com Kojima. Veja a seguir!

Entrevista com Ryan Karazija (Low Roar)

TMDQA!: Olá, Ryan! Obrigado por seu tempo e parabéns pelo novo disco. Primeiramente, precisamos falar sobre Death Stranding. Queria começar perguntando como foi conhecer Hideo Kojima e como surgiu a ideia das colaborações? O plano sempre foi usar algumas de suas músicas para o jogo ou era inicialmente apenas o trailer com “I’ll Keep Coming”?

Ryan Karazija: Olá! Bom, nós não nos conhecemos inicialmente. Hideo [Kojima] ouviu minha música em uma loja de discos em Reykjavik [na Islândia] e pensou que funcionaria bem para o trailer, então tudo começou com essa coincidência incrível. Eu simplesmente recebi uma ligação da Sony dizendo “nós queremos usar sua música”. Eles não me disseram para o quê e eu não ouvi nada sobre até que saiu o trailer. Eu estava assistindo um jogo do Golden State Warriors [da NBA, liga americana de basquete] com a minha mãe e comecei a receber mensagens dos meus amigos gamers. No dia seguinte eu estava dirigindo até Los Angeles para jantar com o Kojima. Ele é uma pessoa tão boa. Nós viramos amigos e a ideia de incluir mais músicas no jogo aconteceu naturalmente depois disso. É uma honra.

TMDQA!: Eu terminei o jogo recentemente e fiquei muito impactado por tudo, mas as cenas que mais mexeram comigo foram as que têm suas músicas. Como foi o processo de escolher onde usar cada música? Você trabalhou com o Kojima para isso ou foi tudo decisão dele?

RK: Obrigado! Eu fico muito feliz que você tenha curtido essas cenas, mas claro que eu não tive nada a ver com isso. Foi tudo o Kojima e sua equipe, que são gênios em criar esses mundos e histórias belos, complexos e mágicos. Eu só fico muito feliz e honrado que Hideo tenha escolhido minhas músicas.

Low Roar e ross.

TMDQA!: Queria te perguntar também sobre o novo álbum. Todas as músicas soam muito pessoais. Você é um artista americano que passou vários anos em Reykjavik. Dessa vez, ouvi que você escreveu o disco vivendo em Varsóvia, na Polônia, e o gravou no Reino Unido; você sente que há uma relação entre os lugares físicos e emocionais onde você esteve?

RK: Minha música sempre foi bem pessoal. Esse é o meu jeito de escrever. Eu tenho uma tendência a traduzir o que estou vivendo emocionalmente em músicas. Varsóvia é o lugar onde eu estou vivendo neste ponto da minha vida, por coincidência, mas as músicas raramente estão conectadas a onde eu estou fisicamente. Falando especificamente sobre ross., eu acho que as músicas funcionam bem em conjunto porque elas foram escritas e gravadas na mesma época. Todos os temas são diretamente conectados a coisas que eu vivi nos últimos anos.

TMDQA!: De várias formas, ross. parece me dar alguma esperança – mesmo quando ele soa bem melancólico. Você diria que essa melancolia é um tipo de mecanismo desenvolvido para lidar com emoções que se traduz nas suas composições?

RK: Eu gosto dessa descrição. Eu gosto da ideia do Low Roar ter um equilíbrio entre melancolia e esperança, mas eu não diria que é um mecanismo. Eu faço música porque me faz feliz e me ajuda a continuar são, mas não é como se eu fosse um artista torturado ou algo do tipo. Eu sou muito feliz a maior parte do tempo, eu me divirto, eu brinco bastante… mas eu acho que quando eu estou escrevendo eu acesso as partes de mim que são um pouco mais obscuras e melancólicas, como você disse.

Ligação entre ross. Death Stranding e impacto na carreira

TMDQA!: Pessoalmente, eu te conheci através do Death Stranding mas virei fã de sua música independentemente do jogo. Certamente não sou o único, então queria saber: como Death Stranding está impactando sua vida profissional nesse momento? Te incomoda ter uma carreira extensa e só agora ser reconhecido por algo associado ao jogo ou você curte isso?

RK: É ótimo! Não me incomoda de jeito nenhum. Uma coisa muito legal é que o jogo tem músicas de todos os meus álbuns. Provavelmente seria um pouco irritante se fosse apenas um single que as pessoas curtissem, mas quem quer que tenha jogado o jogo vai ter uma boa ouvida a todas as fases diferentes do Low Roar. Então quando eles vêm a um show, eles vêm porque curtiram a banda e não só uma ou duas músicas.

TMDQA!: Quando você estava escrevendo ross., você teve alguma influência do jogo ou de ter trabalhado com o Kojima? Algumas das músicas parecem perfeitas demais no contexto!

RK: Não, pra ser sincero eu sabia muito pouco sobre o jogo. Eu só segui meu processo criativo normal sem ter Death Stranding em mente!

TMDQA!: E você já jogou o jogo?

RK: Não, ainda não. Eu comecei minha turnê na Europa no dia 7 de Novembro e o jogo saiu no dia 8 de Novembro, mesmo dia do álbum. Então eu tenho estado na estrada, fazendo shows praticamente toda noite. Eu não sou muito gamer, então eu provavelmente vou ser ruim nele [risos], mas estou empolgado para mergulhar no mundo incrível que o Hideo criou.

TMDQA!: Por fim, há algum plano de vir ao Brasil em breve? Death Stranding está bombando por aqui e seria um prazer recebê-lo.

RK: O Brasil está definitivamente nos planos para o futuro, apesar de não termos nada concreto ainda. Seria um sonho virando realidade tocar aí. Qualquer um que esteja lendo isso por favor nos recomende para suas casas de show e festivais preferidos… ou se você é um produtor de eventos contate Pedro Y El Lobo, nossa gravadora na América Latina [risos]!