Meus Discos Meus Amigos

Meus Discos, Meus Amigos com Renato Vanzella

Líder do <b>The Salad Maker</b> fala sobre sua coleção de discos, a venda de vinil na Europa e muito mais.

Renato Vanzella, do The Salad Maker

Renato Vanzella é guitarrista e vocalista do The Salad Maker, banda de rock’n’roll de São Paulo que tem lançado alguns dos trabalhos mais interessantes da cena underground brasileira como o disco Only Music Now! e o belíssimo videoclipe de “Between Dreams”, faixa desse trabalho.

Convidamos o cara para participar da nossa nova seção onde pessoas ligadas à música falam sobre suas coleções de discos e o resultado do bate papo pode ser visto logo abaixo.

TMDQA!: Qual o disco de vinil mais importante da sua coleção?
Vanzella: Meu LP mais importante é o Road to Ruin dos Ramones. No auge de venda de CDs, um vizinho meu estava jogando esse vinil na rua, eu não tinha toca discos, mas sabia que aquele material não poderia ser jogado fora. Poxa, era um Ramones em vinil, aquilo ali é história da música. Não foi nenhuma prensagem nova, era da década de 80 mesmo, saca? Ramones, pra mim, foi a banda que me apresentou o rock, foi amor à primeira ouvida. Senti naquele ato um descaso pela música, então na hora falei: “isso daqui então será meu”.

TMDQA!: O que você acha da volta dos discos de vinil?
Vanzella: Os Long Plays são clássicos, glamurosos. Existe todo um “ritual” para se ouvir um vinil, o cuidado com a poeira na agulha, trocar o lado do disco. Isso é um processo que faz com que a pessoa tenha um cuidado maior com o disco assim criando certo laço com o vinil. Fora que o som do vinil é incomparavelmente melhor que o CD ou mp3. Claro que existe um pouco de ruído e certa perda de agudos, porém a compressão do som no CD e a “limpeza” de ruídos perde na essência da música. É tanta limpeza pra tirar o ruído original do vinil que acaba limpando até o que não deve. Eu aprovo a volta dos vinis, nada melhor que se reunir com os amigos, tomar uma cerveja e escutar uma música com todo o glamour do ritual do rock´n´roll.

TMDQA!: Qual foi seu primeiro disco (vinil/CD)?
Vanzella: Isso eu não vou ter muita certeza, mas pelos discos que tenho, acredito que o Balão Mágico foi meu primeiro. Meu pai que me deu. Ainda gosto de ouvir e passar um momento nostágilco com um copo de whisky ao meu lado.

TMDQA!: Que bandas tem ouvido ultimamente?
Vanzella: Bom, pra mim não existe o novo e o velho. Não existem bandas que eu já deveria ter ouvido. Existe sim a música eterna, aquela que não importa quando você ouvirá, mas ela será sempre atual. Fiquei encantado com o show do Roger Waters, nunca tinha parado pra entender o Pink Floyd e agora estou compreendendo a obra. Outra banda que descobri recentemente foi o Arctic Monkeys, muito bom mesmo. Também não paro de ouvir Ida Maria, JD McPherson e Albert Hammond Jr. (solo).

TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Vanzella: Com certeza. Com o passar do tempo, vamos excluindo alguns amigos de nossas vidas e adquirindo outros, mas a perda de amigos é sempre maior. Fora que o vínculo criado com novos amigos não é comparado com os velhos, ou seja, quanto mais velho vamos ficando, o ciclo de amizade diminui. Por outro lado o disco é eterno, ele estará sempre ali na sua prateleira, mesmo que a fase de ouvir determinada banda tenha acabado, em algum momento da sua vida, seja por nostalgia, saudade, ou até algum outro fato que te faça recordar de algo, o disco estará lá esperando por você.

TMDQA!: Tendo morado na gringa, como você vê o mercado da música e a interação entre vinil e digital no mundo dela?
Vanzella: Bom, na gringa é nítido o crescimento de venda de vinis. Diversas lojas de músicas vendem isso, mas não podemos esquecer que o vinil é artigo de colecionador. O mundo faz download, essa é a melhor forma de se ter aquilo que se quer. Às vezes uma pessoa gosta da música X de um álbum e outras não, essa pessoa jamais comprará um vinil. Vi uma pesquisa em 2009 quando estava em Londres que 1/3 dos downloads na net eram pagos e que se esperava que até 2015, 70% dos downloads seriam pagos. O vinil lá também é caro, é de fácil acesso, mas caro. 12 libras num vinil é o mesmo que 36 reais. Muitas vezes 12 libras equivalem a 2h de trabalho, ou seja, é caro. Só irão comprar vinis aqueles que são realmente fãs e/ou colecionadores.

TMDQA!: O The Salad Maker é conhecido por lançar CDs em embalagens pra lá de especiais. Já pensaram em alguma coisa relacionada ao vinil?
Vanzella: Sim, pensamos em algumas coisas. Eu gosto de ganhar um vinil ou um cd que tenha algum conceito naquilo, não apenas uma foto na capa com uma impressão mandraque. Se é tosco por que vender? Eu quero algo bacana em mãos e por isso a TSM irá se preocupar muito com o lançamento de um vinil.