Entrevista exclusiva: Gabriel Zander

Entrevista exclusiva: Gabriel Zander

Você também é proprietário de um dos estúdios mais concorridos do Rio de Janeiro, o Superfuzz, que cada vez mais conquista clientes por ser diferente dos outros. Na sua opinião, qual é o principal fator responsável por isso/por essa diferença?

Acho que o fato de acabarmos participando diretamente dando nosso input nas músicas, timbres, performances e tentando sempre fazer o melhor. Acabamos fazendo parte e nos tornando membros das bandas enquanto elas estão lá gravando. Às vezes mais, quando fazemos o trampo de produção, e às vezes um pouco menos quando a banda já sabe o que quer, mas sempre mantendo o clima o melhor possível e direcionando do melhor jeito o possível o trabalho pra que se chegue no objetivo final da banda, algo que sempre conversamos antes mesmo de fechar qualquer projeto pra que ele tenha o máximo de cuidado possível. Acho que esse é o principal diferencial, a participação humana e não apenas técnica. E também a vibe, pois todo mundo que entra no estúdio se sente bem e confortável mesmo ele não tendo muito conforto, hehehe. É um certo astral mesmo. Mas é claro que, além disso, estamos sempre estudando e tentando aprender e melhorar a parte técnica também e, consequentemente, os trabalhos vão ficando melhores e os horários mais concorridos.

Recentemente, o estúdio passou por uma reforma. Quais foram as principais mudanças?

Basicamente, o tratamento acústico da nossa técnica, para melhorar o som dentro dela e ouvirmos o mais controlado possível todas as frequências, melhorando e facilitando bastante o nosso trabalho de timbragem, mixagem e masterização.

Entrevista exclusiva: Gabriel Zander
(Foto extraída do página oficial do Superfuzz no Facebook)

Entre os artistas que já passaram pelo Superfuzz, qual foi aquele que deixou você surpreso? Que o fez dizer, “caramba, não acredito que esse cara/essa banda veio fazer um som aqui!”

Poxa, vários. Até injusto dizer isso, mas sempre sonhei em trabalhar com bandas como Autoramas, Confronto, Dead Fish, Uzomi, Nipshot, Reffer, entre outras, claro, e também é um grande orgulho estar recebendo e fazendo trampos pra bandas de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Goiás, Brasília, entre outros estados e também outras cidade daqui do interior do Rio, que se despencam na raça pra gravar ou mandam o material pra mixar aqui no estúdio SUPERFUZZ. Isso é uma coisa que eu nem podia imaginar acontecendo e que se tornou frequente aqui e me enche de orgulho e felicidade todos os dias quando acordo e vou trabalhar!

Existe algum trabalho que você considere o mais complicado entre os que já fez?

Sim, haha. Tem um que em especial que virou até referência aqui internamente no estúdio. Mas essas coisas a gente não pode contar, hehe. O importante é que no final deu tudo certo e saiu um “discaço”.

Sei que a equipe Superfuzz vive do estúdio. No mundo de hoje (e principalmente no Brasil), isso é raro. Qual conselho você dá para alguém que também pensa montar um estúdio e viver dele?

Nunca desista dos seus sonhos, mas tenha certeza deles pra poder lutar pra valer e não se arrepender ou mudar de ideia no meio do caminho. Se possível, tenha um plano B, pois é MUITO difícil e improvável de dar certo e você pode acabar investindo muito tempo e dinheiro numa coisa sem retorno. Mas nada é impossível.

Literalmente, você escuta música o dia inteiro, certo? Na hora de descansar, também coloca algum disco para rodar ou prefere o silêncio?

Quando chego em casa, não escuto música nenhuma. Sou muito desatualizado em relação às bandas do momento, mas, felizmente, os grandes clássicos que eu sempre amei e escutei continuam sendo as principais referências pra galera mesmo hoje em dia, então acabamos falando a mesma língua de qualquer jeito. Mas às vezes preciso ir numa loja comprar um CD mais específico quando eu não conheço e é importante pro trampo. Isso eu faço questão de fazer pra poder conversar com a banda na mesma linguagem e entender o que eles querem e esperam do resultado final. Sempre compro o CD, pois detesto MP3 e não tenho vitrola. Daí escuto no meu carro, principalmente, no som da minha sala e nos monitores do estúdio, onde são minhas principais referências pra saber quando algo está soando desse ou daquele jeito. De resto, fora ensaios com minhas bandas, silêncio total! hehe

Entrevista exclusiva: Gabriel Zander
(Foto por Aline Portugal)

Aliás, que disco você está ouvindo recentemente e recomendaria para o pessoal do TMDQA!?

Fora os clássicos e velharias de sempre, Graveyard (me apaixonei por essa banda), The Sword, The Skints (Valeu, Carlão!), Torche, Los Mirlos, Night Horse, Baroness e um disco sensacional que descobri há pouco até através do próprio Malni, do Jimmy Cliff, produzido pelo Tim Armstrong, do Rancid. Demais!

Você tem mais discos que amigos?

Felizmente, não! Apesar de ter muitos discos, pois sou da época em que se comprava disco e até hoje ainda compro, sou muito grato por ter feito muito mais amigos ao longo de todos esses anos viajando sem parar e conhecendo bandas e pessoas quase todo dia no estúdio do que comprado ou ganhado discos!

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