
Veja o resumo da notícia!
- Marinas Found e Rodrigo Lima unem gerações do hardcore em 'Cidades Vizinhas', single do álbum 'Saudade', previsto para 2026.
- A canção explora a relação ambivalente com a cidade natal, o desejo de expansão e a nostalgia, temas universais em regiões metropolitanas.
- A colaboração surgiu de uma coletânea antifascista, que aproximou as bandas e culminou no convite para a parceria musical.
- 'Cidades Vizinhas' é uma reflexão sobre a melancolia e a estética em transformação das cidades do sul do Rio Grande do Sul.
Os gaúchos da Marinas Found celebram a bênção de Rodrigo Lima e o encontro de duas gerações do hardcore melódico brasileiro ao dividir com o vocalista do Dead Fish seu mais recente lançamento, “Cidades Vizinhas” — faixa que apresenta Saudade, terceiro disco do quarteto de Pelotas, que chega às plataformas digitais em janeiro de 2026.
Marinas Found é daquelas bandas forjadas na ética do DIY desde os primeiros passos. Formada por Pedro Soler (voz e guitarra), Eduardo Walerko (guitarra e voz), Mike Pires (baixo e voz) e Murilo Uarth (bateria e voz), o grupo cria, com “Cidades Vizinhas”, uma ponte sólida entre o sul do Rio Grande do Sul e o Espírito Santo. A parceria de peso com Rodrigo Lima coroa os 11 anos de estrada de uma banda que construiu sua trajetória no corre independente — nos palcos pequenos, na estrada e na relação direta com a cena.
“Cidades Vizinhas” chega para trocar ideias sobre o lugar onde crescemos — entre o afeto e uma nostalgia bucólica iluminada pelas luzes amarelas dos postes, que também habitam as ruas e a capa do single — e o ambivalente desejo de expandir para além dali. É um diálogo sobre pertencimento e existencialismo que parte da observação de Pelotas e cidades do entorno e sai do regional ao traduzir um sentimento universal para quem vive em regiões metropolitanas.
E tudo começou com uma coletânea lançada durante a pandemia, dividida entre Marinas Found e Dead Fish que funcionou como uma “rede social” que uniu as duas pontas mostrando a força que esse tipo de material tem para a cena. Entre as muitas bandas presentes, Rodrigo se identificou com os guris, iniciando ali um contato e uma admiração mútua que, mais tarde, daria origem ao feat.
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Entre o céu, o inferno e as luzes amarelas que estão sumindo
“Cidades Vizinhas” é uma carta aberta às cidades do Sul do Rio Grande do Sul — às ruas que acolhem e sufocam, aos sonhos que pedem ar, à vontade de partir que convive com a necessidade de voltar. A música nasce da melancolia-luz-amarela de Pelotas, berço da banda, e traduz aquele sentimento universal de amar e odiar o mesmo lugar.
Pedro Soler, vocalista da banda, observa que até a estética desse afeto está sendo arrancada das cidades com a troca das lâmpadas amarelas por LEDs brancos um tanto minimalistas, estéreis e desconfortáveis. “É uma pena assistir à extinção das luzes amarelas que iluminavam nossa relação afetiva com as cidades”, diz. O lamento vira hardcore que pensa, observa e abraça a realidade das coisas.
Dead Fish + Marinas Found: encontro selado em coletânea
A parceria com Rodrigo Lima não é apenas simbólica — é histórica. Enquanto o Dead Fish celebra os 25 anos de Afasia, um de seus discos mais importantes, a Marinas Found reafirma mais de uma década de existência, sustentada pelo hardcore brasileiro do circuito independente.
O primeiro contato aconteceu via Coletânea Antifascista (2020), produzida pelo coletivo Arquivo Punk Rock do Sul, que reuniu bandas brasileiras com influência de punk rock que lutam pela causa antifascista. Rodrigo ouviu, curtiu, comentou — e o diálogo seguiu vivo até que Pedro mostrou “Cidades Vizinhas” e o convite aconteceu de forma natural.
“Durante a pandemia, ele ouviu a coletânea e disse que tinha curtido nosso som. No ano passado mostrei essa música, que dialoga também com o momento atual do Dead Fish. Convidei e ele aceitou”, conta Pedro.
Rodrigo retribui:
“Eu acho o Ansiolítico (álbum da Marinas de 2019) genial! A Marinas Found é uma das minhas bandas preferidas da nova geração. Se continuarem nessa trajetória, vão deixar um legado maneiro — para o Rio Grande do Sul, para o Brasil e para o mundo.”
Saudade: memória, travessia e permanência em disco
Previsto para janeiro de 2026, Saudade é o terceiro álbum de estúdio da Marinas Found e aprofunda a fase mais madura da banda. Todo o processo de criação nasceu no período de isolamento da pandemia, quando o tempo desacelerado fez aflorar memórias, perdas, saudades, reencontros e afetos.
Serão 12 faixas inéditas que expandem a identidade sonora do grupo, equilibrando hardcore melódico, pop punk, rock alternativo e melodias pop, sem abandonar o peso. O primeiro sinal desse novo capítulo veio com o single “Rito”, que fala das dores e da beleza de amadurecer. Agora, “Cidades Vizinhas” se firma como uma das faixas-centro do álbum — tanto pelo tema quanto pelo encontro com Rodrigo Lima.
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DIY, colaboração e barulho
Formada em 2014, a Marinas Found é nascida e criada na autogestão, nos festivais independentes, nas casas pequenas, nas turnês viabilizadas na base da parceria e da confiança entre bandas. Desde o início, tudo foi construído na lógica do faça-você-mesmo: da produção dos discos à circulação, da comunicação ao fortalecimento da cena local.
Ao longo de mais de uma década de estrada, a banda vem se consolidando como um dos nomes mais consistentes do hardcore melódico do Sul do Brasil. Com dois álbuns lançados, um homônimo de estreia (2017) e Ansiolítico (2019), e um punhado de singles como “Fudidaísmo” e “Tanto Faz”, a banda tem circulação constante por festivais, forte presença audiovisual e uma base de fãs construída passo a passo, no chão do palco.
Seus shows são marcados por entrega, catarse e pertencimento — reflexo direto da relação orgânica com o público.
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Com letras que atravessam as questões e os conflitos de uma parte dos jovens adultos, a Marinas Found traz no som e nas ideias a marca de uma banda moldada pelo underground: coletiva, resiliente e persistente. Com uma estética que passeia pelo pop-punk e um humor sempre irônico, a banda acerta em cheio no equilíbrio entre melodia e energia crua, com um quê de clássico, mas sustentando uma identidade própria que empurra tudo pra frente.
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