Foto: Reprodução/Divulgação
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Veja o resumo da notícia!

  • Trajetória da Duo2: De produtora de clipes na MTV à referência em conteúdo audiovisual para música e marcas, com foco em storytelling e impacto visual.
  • Expansão estratégica: Duo2 diversifica atuação para branded content, publicidade e experiências imersivas, explorando a interseção entre música, imagem e tecnologia.
  • Inovação e tecnologia: Uso de ferramentas como Disguise e Notch para criar experiências audiovisuais impactantes e inovadoras em shows e eventos musicais.
  • Inteligência Artificial: Duo2 explora o potencial da IA como ferramenta criativa no audiovisual, desde a geração de conteúdo até a otimização de processos.
  • Desafios e oportunidades: A busca por formatos inovadores e a superação da burocracia musical são cruciais para produtores de conteúdo no Music Business.

Com mais de 15 anos de atuação, a Duo2, produtora liderada por Tito Sabatini e Rafa Calil, consolidou-se como referência em conteúdo audiovisual premium para o mercado musical e de marcas.

A Duo2 é reconhecida por seu portfólio autoral que captura a energia vibrante de shows e eventos, mergulhando fundo em documentários que exploram a natureza e questões socioambientais, mas também por momentos que emocionam e inspiram com grandes nomes da música, e agora anuncia uma nova fase.

Este reposicionamento estratégico pensado conforme as transformações do mercado expande a atuação da produtora para áreas como branded content, publicidade e experiências imersivas, destacando o investimento na interseção entre música, imagem e tecnologia.

Nesta entrevista, conversamos com Tito e Rafa para entender os detalhes dessa evolução. Abordamos a trajetória da Duo2, sua filosofia de trabalho e as estratégias por trás da expansão. A pauta inclui discussões sobre inovação, os desafios atuais do Music Business e a visão da produtora para o futuro do setor, refletindo sobre como a Duo2 continua a entregar projetos de impacto e com identidade. 

Confira a seguir!

TMDQA! Entrevista Duo2

TMDQA!: A Duo2 celebra mais de 15 anos de trajetória. Poderiam compartilhar como a parceria de vocês se iniciou e quais foram os principais marcos ou momentos decisivos que moldaram a identidade da produtora até hoje?

Tito Sabatini: A Duo2 começou comigo e com o meu melhor amigo, o Miguel. A ideia inicial era formar uma dupla de diretores e fazer filmes bonitos, jovens sonhadores, assim. Mas, muito rapidamente, o Rafa Calil se juntou a nós, e até o trocadilho do “par de dois” no nome perdeu o sentido. Como éramos jovens, sem grana, e o domínio do site já estava comprado e o portfólio editado, resolvemos seguir como Duo2 mesmo.

Éramos os três “crias” da MTV Brasil: o Rafa e o Miguel eram diretores de programas, e eu trabalhava no Promo, nas famosas vinhetas malucas da MTV. Acho que essa mistura de linguagens de longo e curto formato, uma ideia forte de storytelling combinada com uma embalagem visual impactante, pautou a produtora desde o começo e segue até hoje, seja em um documentário ou em um show.

Rafa Calil: Como o Tito mencionou, cheguei à Duo2 na semana seguinte a eles terem registrado o domínio do site, movido pela vontade de realizar projetos em conjunto e sair da solidão de freela que o mercado costuma impor. Sempre considerei essa troca essencial na dinâmica de trabalho.

Com o tempo, fomos emplacando produções e ganhando confiança e espaço no mercado, o que nos permitiu realizar projetos com os quais realmente nos identificamos, algo que, com o passar dos anos, se mostrou fundamental para uma produtora com dois diretores como sócios. Há cerca de dez anos, temos conseguido direcionar a produtora para trabalhos que unem qualidade e excelência de entrega, mas que também nos realizem criativamente e gerem um impacto positivo no mundo de hoje.

TMDQA!: Vocês gostam de ter ideias fora da caixa, e não seguir necessariamente o que o mercado está fazendo, né? Como esse “processo artesanal”, de manter um olhar autoral vivo se manifesta no dia a dia da produtora, desde a concepção de um projeto até a entrega final? Poderiam dar um exemplo prático?

Tito Sabatini: Acho que, mais do que ideias “fora da caixa”, o que a gente realmente gosta é de criar ideias significativas, para o projeto, para o cliente, para o artista ou para o canal. Uma ideia bem louca que posso citar foi o projeto do FRXV, na Jeunesse Arena, em 2023. O pedido do artista era um show impactante, mas o que criamos acabou sendo algo realmente absurdo: totalmente fora de qualquer padrão e super complexo de montar.

Eu mesmo nem acreditava que o Ret e os empresários fossem topar aquela maluquice toda, mas eles não só toparam como ampliaram o projeto — que virou disco ao vivo com 36 músicas, transmissão ao vivo no Multishow, um DVD gravado em dois dias e, hoje, soma mais de 420 milhões de views. No fim, isso tudo resultou na maior turnê de rap da história do Brasil.

E tudo só aconteceu porque consegui perceber que era exatamente aquilo que o Ret precisava naquele momento da carreira, e eles abraçaram a ideia por completo.

Rafa Calil: Nós gostamos de criar. Essa inquietação de buscar algo um pouco diferente, com alguma unicidade, é o que move o DNA da Duo2. Sempre que nasce um projeto, seja por uma vontade interna ou por um briefing, temos o hábito de explorar o máximo de perspectivas diferentes para encontrar o caminho que mais se encaixa com a ideia inicial. Acho que esse processo talvez seja a parte mais gostosa do dia a dia.

TMDQA!: A nova fase da Duo2 marca um reposicionamento com a expansão para branded content, publicidade e experiências imersivas. Quais foram os gatilhos para essa decisão, e quais os principais objetivos estratégicos que vocês buscam alcançar com essa ampliação de atuação?

Tito Sabatini: Desde o fim da pandemia, estamos buscando outros formatos possíveis de contar as histórias que gostamos, seja em palcos, nos cinemas, nos streamings ou em eventos presenciais. Este ano fizemos o Coke Studio Pedro Sampaio, um evento muito bacana com transmissão de show ao vivo. Criar essa mistura de stage design, música e experiência presencial nos mostrou que o nosso envolvimento com marcas pode ser maior do que um branded content “clássico” de internet.

Também estamos buscando novas parcerias e formatos de financiamento para nossos documentários socioambientais, e, com isso, nossa relação com marcas se tornará ainda mais importante.

Tito Sabatini e Rafa Calil

TMDQA!: A Duo2 investe em projetos que exploram o encontro entre música, imagem e tecnologia. Poderiam aprofundar sobre quais tecnologias estão usando para inovar o audiovisual musical?

Tito Sabatini: Eu exploro tudo o que é software desde 2000, quando fiz meus primeiros shows e descobri que dava para colocar vídeos em telões. O gigantismo do videowall me encantou, e desde então não parei mais de pesquisar linguagem e técnica. Nesse mercado, a estética é primordial, mas a técnica também é fundamental.

Duas ferramentas que considero indispensáveis são o Disguise e o Notch. O Disguise eu trouxe para o Brasil na turnê do Rappa “Nunca Tem Fim”, em 2012, quando um videomapping em contêineres cenográficos precisava ser manipulado de forma complexa,e essa era a ferramenta perfeita para isso. Já o Notch é um software de manipulação de imagens em tempo real, que nos permite programar coisas antes impensáveis. Um exemplo é fazer os Racionais MC’s “pegarem fogo” no telão da turnê “Racionais 3 Décadas”, que marcou a estreia do Notch no Brasil.

Outro show bem complexo foi o Criolo xR, esse, sim, renderia uma entrevista à parte de tão tecnológico e inovador. Tenho um carinho muito especial por esse projeto e você pode conferir como foi pelos links:

TMDQA!: Como vocês enxergam o papel da Inteligência Artificial hoje e no futuro próximo para o setor audiovisual, especificamente no contexto do Music Business?

Tito Sabatini: Eu estava todo receoso até ver um vídeo do Rick Rubin dizendo que a IA é o punk rock. Se a usarmos como ferramenta, e não como substituta da criação, ela pode ajudar, e muito. Hoje eu consigo, por exemplo, apresentar criações bem complexas em muito pouco tempo e montar moodboards ao lado dos artistas em reuniões criativas.

Em outubro, o Danny Nolan, lighting designer do Sting, me convidou para criar um conteúdo visual para a música Jeremiah Blues. O Sting queria algo mais impactante e desejava abordar os absurdos do ICE nos EUA. Com o prazo curto, nossa solução foi gerar alguns assets em IA e depois manipulá-los em softwares de vídeo para o formato final, e deu super certo.

Acho difícil lutar contra uma onda gigante dessas chegando, e acredito que teremos momentos em que vamos usar essa ferramenta e outros em que recorreremos ao bom e velho “handmade”.

TMDQA!: Já existe alguma exploração ou plano na Duo2 para integrar IA em processos criativos, de pós-produção, otimização ou até mesmo na análise de dados para estratégias de conteúdo e marketing para artistas e marcas?

Tito Sabatini: Ainda estamos estudando a ferramenta, explorando possibilidades, desde a geração de imagens e vídeos até análises de contratos para identificar fragilidades. Estamos justamente nessa fase de pesquisa e aprofundamento, entendendo como manuseá-la da melhor maneira possível e estudando como chegar a um nível real de otimização.

Rafa Calil: Complementando o Tito, entendemos o potencial da ferramenta, tanto positivo quanto negativo, e temos estudado bastante o ecossistema. Mas ainda estamos nessa fase de pesquisa profunda antes de aplicar em produções, especialmente por todas as camadas de discussão que isso abre.

TMDQA!: Diante das rápidas transformações no consumo de mídia e nas plataformas digitais, quais vocês consideram os maiores desafios e as maiores oportunidades para os produtores de conteúdo no Music Business?

Tito Sabatini: Quando vemos os números atingidos pelo FRXV no YouTube, especificamente, fica claro que o registro audiovisual de um show ainda pode ter um potencial enorme de retorno, seja de marca, seja como mais um braço de monetização para o artista. Formatos como o Tiny Desk ou o Colors (que é absurdamente lindo) têm fôlego porque geram outro tipo de contato com a audiência, com o artista performando de um jeito singular. Isso sempre funciona muito bem.

Eu adoraria ver (ou criar) um formato 100% nacional com viabilidade de grade semanal. A questão é que a música torna a criação de conteúdo audiovisual bem mais complexa por conta de todo o clearance musical envolvido, diferente de um Porta dos Fundos ou um Mano a Mano, por exemplo. Quem conseguiu resolver isso de um jeito muito eficiente foi o Kondzilla no canal dele; ali houve uma sacada brilhante, e deu muito certo.

Acho que o maior desafio é entregar algo com a constância que o público deseja, ao mesmo tempo em que se lida com a burocracia jurídica e financeira das liberações musicais. Para isso, as marcas são parceiras fundamentais na construção de algo duradouro.

TMDQA!: Sobre “Corona Luau MTV – Nando Reis”, do qual vocês assinaram a direção: O especial do Nando Reis marca o retorno de um formato icônico. Como foi a experiência de reviver esse tipo de projeto e quais os maiores desafios criativos e técnicos para trazer a essência do “caráter saudosista” para uma nova geração?

Tito Sabatini: Na verdade, este é o segundo Corona Luau MTV. No ano passado houve o do Marcelo Falcão e do L7nnon, mas como não virou turnê como agora, acredito que tenha sido menos divulgado. Fazer um Luau MTV foi um flashback delicioso. Ali, o maior desafio foi gravar na praia: choveu bastante no dia anterior e também no dia da gravação. Tivemos uma janela de apenas 5 horas de sol, e foi nesse intervalo que precisávamos resolver praticamente tudo, terminar de montar o cenário, montar a banda, passar o som, posicionar câmeras, entrar com a plateia e gravar. Foi com muita emoção!

O que me deixou tranquilo é que nossa equipe trabalha junta há muito tempo. A Sarah é uma baita apresentadora, e o Nando e sua banda são extremamente experientes e estavam super bem ensaiados. Acho que o maior desafio ali foi encaixar tudo em um espaço de tempo muito curto por causa da chuva.

O saudosismo, como o próprio Nando comenta em uma parte do programa, na verdade se refez em forma de presença: a Cássia estava ali com a gente, na música, nas boas lembranças, nos versos.

TMDQA!: O portfólio da Duo2 é extremamente diverso, indo de Planet Hemp a Cyndi Lauper e Ozzy Osbourne. Como vocês abordam a direção artística para capturar a essência e a autenticidade de cada artista, mantendo a identidade visual da produtora?

Tito Sabatini: Quando um artista me convida para criar um novo show, é primordial mergulhar no universo desse artista: estudar sua história, assistir a shows, clipes, ensaios fotográficos, tudo o que puder me alimentar visualmente é bem-vindo. Existem diferentes abordagens, dependendo do que estamos criando: é uma nova turnê? Um show especial para um festival importante? O início de uma nova era do artista? Uma comemoração de uma data marcante? Tudo isso entra no caldo criativo que vai me ajudar a desenvolver um stage design e um conceito para o show.

Pensando assim, acredito que a identidade visual da Duo2 entra mais como um crivo estético, o olhar de alguém que observa palcos há mais de 20 anos e consegue, de alguma forma, decidir o que é mais bonito ou o que funciona melhor para gerar determinado impacto em momentos específicos. Eu brinco com os artistas que, do mesmo jeito que eles têm o “ouvido bom”, eu tenho o “olho bom”. Confia que vai ficar bonito.

TMDQA!: A expansão do estúdio criativo é um dos próximos passos de vocês, né? Qual o papel desse espaço para essa nova fase da Duo2 e como ele fomenta o fluxo entre ideia e execução?

Tito Sabatini: Estamos com planos de negócios voltados para a diversificação do portfólio, não apenas em shows, mas também nos documentários que produzimos. Estamos na fase de finalização do primeiro filme de natureza da Netflix feito fora do eixo britânico; conseguimos furar uma bolha importante, fruto de um trabalho de 15 anos nos posicionando como criadores de conteúdo socioambiental, com histórias de impacto.

Eventos musicais como o Coke Studio, que realizamos, nos fizeram entender que podemos criar experiências além do palco, muito divertidas e envolventes para o público. Com meu portfólio de criação de conteúdo para artistas internacionais, estou agora em busca de um agente internacional de shows. Não é simples, mas o Brazilian Hype está bombando, e essa é a hora certa para esse movimento.

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