
Depois de mais de vinte anos dedicados ao humor, incluindo nove temporadas no Lady Night, uma carreira sólida na roteirização de comédia e presença marcante no fenômeno Improvável, dos Barbixas, Marco Gonçalves, o Marcão, finalmente realiza um sonho de adolescência: lançar suas próprias músicas.
É claro que o humor que o consagrou continua presente, como se ouve em “Era Digital”, música que abre o ciclo de lançamentos do EP de mesmo nome e marca o início dessa trajetória. Na nova proposta, ele une a arte que pratica há anos com a música de raízes populares, trazendo ainda uma crítica social que reflete sobre a vida contemporânea dominada pela tecnologia.
Misturando forró, latinidades, baião, referências nordestinas e camadas de pop moderno, Marcão estreia com um manifesto bem-humorado e ao mesmo tempo incômodo, criando um espaço de observação do mundo onde a reflexão e os sentimentos dividem lugar com o riso e com a melancolia.
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Marcão se inspira em nomes como BaianaSystem e Chico Science no single “Era Digital”
A proposta, de forma geral, surge de uma provocação inicial: e se a piada fosse cantada? A partir dessa pergunta, o artista explora o absurdo da hiperconectividade, a solidão dos tempos digitais e a nostalgia dos períodos analógicos em três músicas, incluindo duas que serão lançadas futuramente.
Na faixa-título, que tem influências de nomes como BaianaSystem e Chico Science, ele cria um forró moderno para falar sobre a saudade dos tempos analógicos, que aparece como resistência ao excesso de tecnologia e à perda da espontaneidade.
Um dos trechos mais chamativos revive justamente a ideia das fitas cassette e justifica sua superioridade em relação a métodos mais modernos de ouvir música, desembocando em uma crítica social que brinca com a cultura do poder e com a idolatria das grandes figuras da tecnologia:
“Dentro da minha caranga / Só toca fita cassette / Não pula e nem arranha / E os arrombado não mexe / Pode me achar antiquado / Eu me guio pelo passado / Aqui não é Hollywood / Você não é Elon Musk / Você não é Donald Trump / Você não é George Bush / Você não é Nelson Piquet”
A canção, que você pode ouvir no player acima ou ao final da matéria pela playlist TMDQA! Brasil, conta ainda com o apoio de um time de peso. Mestrinho é quem comanda a sanfona, enquanto Tó Brandileone cuida da guitarra e engenharia de gravação. Completam a escalação Kaue Caldas na bateria e Vitor Arantes na produção.
A leveza como caminho para falar de temas densos
Era Digital questiona a dependência das redes e celebra o humano em meio ao automatismo dos algoritmos, destacando as tecnologias análogicas como resistência ao excesso e à perda de espontaneidade.
Com humor preciso, ele desmonta o ego inflado dos tempos digitais enquanto denuncia o a falta de personalidade e os ruídos que vêm com o mundo hiperacelerado das telas. Para Marcão, a nostalgia é resistência, ainda que traga consigo um fio de melancolia: por trás do riso, há uma reflexão sobre solidão, identidade e excesso de exposição.
A escolha do ritmo, inclusive, não é por acaso. Retomar a sonoridade do baião e a influência do manguebeat gera um retorno simbólico a tempos mais lentos, mais simples e de mais encontros, revisitando o espírito inventivo da música brasileira.
Vale destacar que Marcão pretende expandir o universo com o EP e clipes que serão lançados no futuro, ampliando a leitura estética das canções. Fique ligado em tudo pelo Instagram!
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