Rudolf Schenker fala ao TMDQA! sobre 60 anos do Scorpions, Beatles, Lemmy e astrologia

O Scorpions resolveu comemorar seus 60 anos com algo que é sua cara: um álbum ao vivo. Os alemães são aquele tipo de banda que se alimenta da energia do palco, tanto que é fácil lembrar deles por discos como o acústico de 2001, o Moment of Glory, com orquestra, e o World Wide Live, de 1985. Agora, a banda lança em 5 de dezembro Coming Home Live, com todos aqueles clássicos que se espera deles.

Pra falar sobre as seis décadas em atividade, o membro fundador e guitarrista do grupo, Rudolf Schenker, bateu um papo virtual com o TMDQA!. Bem-humorado e falante, o alemão de 77 anos mostrou que segue empolgado em levar o rock aos quatro cantos do globo – inclusive já quer retornar ao Brasil -, e falou de como foi ter começado quando os Beatles ainda estavam na ativa, sobre a nova geração de fãs, a indústria musical e até astrologia.

Rudolf ainda verteu algumas lágrimas ao lembrar a amizade com Lemmy Kilmister, do Motörhead.

Confira o papo com o TMDQA! na íntegra logo abaixo!

TMDQA! Entrevista Rudolf Schenker (Scorpions)

TMDQA!: Eu estava pensando que, quando você começou, os Beatles ainda estavam na ativa, lançando “Help”. É louco pensar nisso, não é?

Rudolf Schenker: Quando eu comecei a tocar violão, eu também jogava futebol e havia um sentimento de conjunto. E eu pensava, não quero estar sozinho no palco com meu violão. E as pessoas começaram a conhecer os Beatles em Hamburgo (Alemanha), e trouxeram a notícia de que tinha uma música nova vindo, que eram os Beatles e eram quatro caras tocando. Eu falei: ‘Quatro caras? É isso que eu quero’. Depois vieram os Rolling Stones, que tinham um som mais sujo, mais do jeito que eu tocava, e tudo ficou claro. 

TMDQA!: São 60 anos de banda, em uma trajetória crescente de sucesso. O que o Rudolf adolescente pensaria disso?

Rudolf Schenker: Nossa, essa é uma pergunta muito difícil. Eu sei o que o velho Rudolf diria: estou muito grato que tudo foi do jeito que sonhei. Porque ninguém esperava uma banda de rock and roll vinda da Alemanha. Mas o jovem Rudolf ouvia. Meus pais saíam para dançar e eu ouvia rádio, mas não tocava o que eu queria, que era Little Richard, Elvis Presley, Chuck Berry. Eu queria ser como eles. Aí entraram Beatles e Stones e eu soube que queria ter uma banda e fui encontrar as pessoas certas. Porque o ponto mais importante no futebol e numa banda é ter a química certa. A primeira parte disso foi achar o Klaus, ele era o cantor certo para os Scorpions. E depois vieram o próximo e o próximo.

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O ponto mais importante sempre foi a química certa, porque eu queria tocar música com meus amigos, e não com pessoas que têm um ego enorme. Eu quero me divertir, “Rock Like a Hurricane”, ir para a Rússia, tocar “Wind of Change” na frente do Gorbachev… E trazer esse slogan de paz, amor e rock and roll. Isso é o que o Scorpions é para mim. E nós queríamos mostrar às pessoas ao redor do mundo após a Segunda Guerra Mundial que a Alemanha tinha uma nova geração que não vem com tanques e faz guerra, que vem com guitarras e toca rock and roll. Essa é a minha missão.

TMDQA!: Como foi viajar o mundo divulgando tudo isso?

Rudolf Schenker: Nós tocamos em 83 países, mais países que qualquer banda no mundo. Quando perguntaram ao Metallica em quantos países eles tocaram, eles disseram: ‘Ah, não, pergunte aos Scorpions, eles sempre tocam em um lugar a mais’ (risos). O caminho foi longo e duro, mas foi feliz.

TMDQA!: O formato de álbum está em declínio, mas vocês vêm com um disco ao vivo, que também está mais raro. Como você vê o momento da indústria musical?

Rudolf Schenker: Novas tendências vêm e vão, e o rock sempre volta. Você sabe por quê? Porque as raízes do rock são o blues. Que veio da África, quando os negros tinham que trabalhar no campo como escravos e cantavam para se sentir unidos. Então, eles cantavam juntos e o trabalho ficava mais fácil. Essas são as raízes. Quando o grunge e a música alternativa vieram, todo mundo estava preocupado. Eu disse: ‘Não se preocupe, tudo anda em círculos’. Então, fomos para a Rússia, a Índia, exploramos a Ásia. Depois, na hora certa, fizemos um disco com uma orquestra fenomenal. Um ano depois veio o álbum Unbreakable (2004), que foi grande pra gente. E hoje ainda estamos aqui, tocando na América, no Brasil, que é um lugar que sempre gostamos de ir e esperamos que voltemos em breve.

 TMDQA!: O Rock in Rio foi um dos pontos altos da carreira do Scorpions?

Rudolf Schenker: Sim, claro, o primeiro Rock in Rio, sem dúvida. Porque as pessoas tinham emoções diferentes por ser o primeiro grande festival desse jeito. Os fãs de rock estavam realmente loucos e isso foi fantástico, com todas aquelas outras bandas juntas, foi algo especial.

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 TMDQA!: Vocês chegaram a anunciar uma turnê de despedida, algo que tem rolado muito, mas desistiram. Como se sentem com essa decisão?

Rudolf Schenker: Durante essa turnê de adeus a gente começou a ver uma nova geração na nossa frente. Os fãs estavam mais jovens, e vimos que principalmente por eles verem no YouTube, eles começaram a vir aos nossos shows. E aquilo foi uma nova sensação pra nós. No passado, os fãs eram mais velhos, público que ouvia rádio, e isso mudou. Desse ponto em diante, decidimos que vamos seguir tocando por diversão, porque temos essa química na banda que é única.

TMDQA!: Principalmente com o Klaus, como é essa química de tanto tempo?

Rudolf Schenker: Eu encontrei o parceiro certo, a pessoa certa, por algum sinal especial, ou o que for. Ele nasceu com Sol em Mercúrio e eu nasci com Lua em Mercúrio. E essa é uma combinação perfeita pra compor. Nós nascemos pra fazer música. Nós tivemos meu irmão, o Uli Jon Roth, e depois veio o Matthias Jabs. E, nós três, Matthias é de Escorpião, eu sou de Virgem e o Klaus é de Gêmeos, o que é fantástico, é um time perfeito para o Scorpions. E agora nós temos o Mikkey Dee, que é um baterista fantástico, ele é realmente perfeito, feito para Scorpions.

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TMDQA!: Você era amigo do Lemmy, não?

Rudolf Schenker: Sim, eu era um bom amigo do Lemmy, do Motörhead. Eu o amava e ele me amava, e antes de ele morrer eu estava lá (se emociona). Eu estava lá no aniversário de 40 anos do Motörhead e de 50 anos do Scorpions. É uma pena que ele não está mais aqui…

TMDQA!: Talvez o que falte agora, com o Mikkey Dee, é um disco de thrash então (risos)?

Rudolf Schenker: Hahaha, nunca se sabe. Com o Rock Believer (2022), nós fizemos um álbum que se relaciona com essa situação. Agora estou indo para a Tailândia, tenho um estúdio lá, porque eu preciso de muita tranquilidade para trabalhar, e eu vou começar novamente a escrever músicas. Talvez venha outro álbum por aí!

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