Rodolfo Abrantes diz que salvou a vida de um usuário com um CD do Rodox
Reprodução/YouTube

O cenário musical mundial passou por uma efervescência ao longo dos Anos 90, um período em que o público não se importava em ver os gêneros se misturando.

Para quem acompanhou aquele momento de perto, como Rodolfo Abrantes, que liderava o Raimundos no auge da banda, a explicação para a diversidade da música daquele período vai muito além das paradas de sucesso. Em entrevista ao 89goiania, ele apontou:

“Para mim, os anos 90 foram muito geniais, sabe? Tem uma galera muito saudosista com os anos 70, os anos 80 foi aquele engraçado meio brega, mas tinha bastante coisa legal. Mas eu acho que os anos 90 [tiveram] uma peculiaridade. Eu atribuo isso, por exemplo, aos esportes de prancha. Por exemplo, snowboard, surf, skate. Essa galera que praticava esse tipo de esporte era muito eclética com o som que ouvia.”

Rodolfo comentou sobre como essa mistura cultural acabou refletindo diretamente na música dos Anos 90:

“O cara ouvia hip hop, ouvia metal, ouvia hardcore, ouvia reggae, ouvia tudo misturado. E de repente você começa a ver esses crossovers de estilos. Você começa a ver bandas como Suicidal [Tendencies] misturando hip hop com hardcore. Você vê Rage Against The Machine depois trazendo uma leitura pra isso, Beastie Boys, sempre misturando coisas. Você podia botar Beastie Boys com Pantera, com [Red Hot] Chili Peppers, e Rage Against The Machine, e Nirvana. E nenhuma banda tem nada a ver com a outra, mas agrada todo mundo, sabe?”

Rodolfo Abrantes explica por que os Anos 90 foram únicos na música

O que também foi destacado por Rodolfo Abrantes sobre a cena musical dos Anos 90 foi o fortalecimento do regionalismo musical. Ele explicou:

“Então, uma outra coisa dos Anos 90 muito interessante era a questão do regionalismo. A gente fala muito disso no Brasil, mas isso estava acontecendo no mundo todo. O rock era feito em Seattle, veio até o nome, virou grunge, que era o rock daquela região. O rock da Califórnia tinha a cara da Califórnia. O som de Nova York tinha a cara de Nova York.

E aí, paralelo a isso, sem ninguém combinar nada, no Brasil, Planet Hemp era Rio de Janeiro puro. Racionais, São Paulo puro. Chico Science era Recife puro. Raimundos era Nordeste, apesar de ser em Brasília. Pato Fu era Minas, Skank era Minas. Tinha muito desse negócio de você carregar suas raízes com o som que você está acostumado a ouvir de fora. Aí veio MTV, 89, esses veículos botando bandas novas pra galera ouvir. Os anos 90 foram sem igual, pra mim foram sem igual.”

Rodolfo Abrantes se converteu ao cristianismo e deixou o Raimundos em 2001, após avisar de forma abrupta seus companheiros que não poderia continuar pois a religião havia se tornado o principal pilar de sua vida.

À época, segundo ele, integrantes como o guitarrista (e atual vocalista) Digão ficaram bastante sentidos com a atitude de Rodolfo e foram quase 20 anos até que os músicos voltassem a se falar.

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