
É difícil não dizer que a Brasil Game Show é o evento mais aguardado do ano pelo público fã de jogos no país. Na edição 2025, isso ficou claro: acontecendo pela primeira vez no Distrito Anhembi, em São Paulo, a feira emplacou novas ideias, cometeu erros e acertos e, no âmbito musical, mostrou que valoriza – e muito – a importância das trilhas sonoras para essa experiência.
Não vão faltar relatos sobre a experiência da feira em si em outros portais mais ligados ao assunto central do evento, mas a BGS já vem ganhando fama por abrir espaço para quem curte as músicas de videogames. Neste ano, reforçou isso com a escalação de duas orquestras para se apresentarem 2 vezes cada.
Nos primeiros dias, 9 e 10 de Outubro, os fãs da franquia Final Fantasy foram presenteados com a estreia no Brasil do projeto A New World: Intimate Music from Final Fantasy, liderado por Eric Roth, que conversou com o TMDQA! sobre essa iniciativa que surgiu como um “braço” da já famosa Distant Worlds, que também já veio ao país.
Orquestra de Final Fantasy comandou programação musical na Brasil Game Show 2025
Com versões incríveis para grandes sucessos dos jogos da franquia, A New World vem ganhando cada vez mais força nos últimos anos, estando já em seu terceiro volume de regravações. No papo com o site, o maestro Eric Roth deixou claro que a missão não foi simples e, claro, passou pela aprovação do mestre Nobuo Uematsu, principal compositor da série:
“A ideia de ‘A New World’ veio de quando estávamos pensando em novo material para ‘Distant Worlds’. A gente estava procurando, pensando em quais eram as melhores ideias, mas sabe… tem tanta música que ficaria boa com uma orquestra menor! Então, pensamos: ‘Talvez a gente consiga convencer o Nobuo [Uematsu] e a Square Enix para tentarmos isso’. Era algo bem diferente do que qualquer outra pessoa estava fazendo com as músicas de videogame, sabe. Então, tentamos uma pequena prévia e as pessoas amaram – e o Nobuo gostou, e ele precisa gostar, né?! [risos] Aí, começamos em 2014 e temos seguido em frente desde então.”
Para Roth, também houve o desafio de lidar com os feedbacks de tantos compositores diferentes. Uma das citadas por ele, inclusive, foi Yoko Shimomura, que recebeu o Lifetime Award da BGS e assistiu ao concerto na primeira noite:
“Há uma complexidade no sentido de que é diferente de acordo com cada compositor [das músicas originais]. Nós recebemos feedbacks diferentes de cada compositor, e isso é fascinante! O feedback do [Masayoshi] Soken é diferente do feedback da [Yoko] Shimomura, por exemplo!”
O concerto em si foi um verdadeiro espetáculo, uma prova de que a aclamação mundial de A New World não é à toa. Aliás, com discos de vinil do projeto à venda na loja principal da BGS, foi possível ver muita gente deixando o local com um belo álbum para ouvir em casa – por aqui mesmo, o volume 1 já virou parte da coleção.
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A música como protagonista nos games
Para além de A New World, a programação musical da BGS 2025 ainda contou com a apresentação de Playstation The Concert, focado em hinos de diversos jogos da história do console. Mais do que isso, no entanto, a música também foi tema central de um BGS Talks que se destacou muito.
A já citada Yoko Shimomura passou pelo evento para receber seu Lifetime Award e aproveitou para falar um pouco mais sobre sua carreira, que conta com trilhas sonoras para jogos como Street Fighter II, Super Mario RPG e Kingdom Hearts, entre tantos outros (como o próprio Final Fantasy XV).
A grande presença de fãs, comparável a outros Talks como os de Naoki Hamaguchi, diretor de jogos Final Fantasy e Takashi Iizuka, responsável pela franquia Sonic na Sega, mostra que Yoko tem um trabalho irretocável. Por lá, ela contou, entre outras boas histórias, detalhes sobre o tema de Blanka, personagem brasileiro de Street Fighter.
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Deixando claro que, na época, não tinha qualquer entendimento sobre a música brasileira, Shimomura explicou que encontrou inspiração em um lugar improvável: enquanto estava no trem, no Japão, observou atentamente uma sacola colocada na prateleira acima dos assentos do vagão, que se mexia em um ritmo curioso.
Aquele ritmo ficou marcado na cabeça da compositora, que acabou usando-o para dar o tom à música de Blanka. Dessa forma, surgiu uma das músicas mais subestimadas da trilha de Street Fighter, sempre muito lembrada pelo tema de Guile – também de autoria de Yoko Shimomura, diga-se de passagem.
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Vem mais por aí em 2026?
Para sua próxima edição, ficou claro que a BGS precisa repensar algumas decisões. O primeiro dia de evento, com público reduzido, notavelmente funcionou muito melhor do que os outros dias, que enfrentaram superlotação (especialmente em qualquer coisa que envolvesse o icônico Hideo Kojima).
Por outro lado, a relação com a música é algo que definitivamente não deve mudar. Para além da própria feira, as empresas também estão entendendo que é interessante investir nisso, como ficou provado pelo painel de Battlefield 6, que contou com a presença de dois grandes nomes da música brasileira, Papatinho e Major RD, fazendo a estreia ao vivo de “SQUAD”, música oficial do jogo da EA que ainda teve feats de BK’ e Emicida.
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O painel em si enfrentou algumas dificuldades técnicas, dribladas com a experiência dos artistas em questão, mas tudo isso pode servir de grande aprendizado para que a Brasil Game Show 2026 seja a melhor edição do evento que já é um sucesso há anos.
Basta repensar os erros e seguir investindo no que está dando certo – e ambos os concertos, além da presença surpresa de bons artistas nacionais, são uma receita de sucesso.
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