Ágata Cunha
Ágata Cunha

Por Ágata Cunha, sócia e diretora de comunicação da Gira Hub

O público costuma associar o trabalho com o entretenimento ao glamour dos palcos e das capas de revistas, mas quem vive nos bastidores sabe que nada disso acontece por acaso. Muitas vezes, séries e novelas retratam o trabalho do assessor de imprensa de uma maneira tangente à realidade. Por exemplo, quando a inesquecível personagem Samantha Jones, interpretada pela atriz Kim Cattrall, na série Sex and the City, afirma que não existe publicidade ruim.

Entretanto, devo discordar que com relação à imagem, o limite é claro e há sim divulgação ruim. O trabalho de assessoria de imprensa vai muito além do senso comum de produzir releases ou agendar entrevistas. Quando Bartolomeu Meireles, personagem da nova versão de Vale Tudo, interpretado pelo ator Luís Melo diz: “Estou aqui para te preparar para o pior ou para o melhor da imprensa”, resume bem a dualidade do ofício em preparar os clientes tanto para crises quanto para as oportunidades.

A visibilidade de um artista ou de um grande evento é resultado de uma atuação estratégica e contínua traçada pelo assessor de imprensa. Envolve atuação em conjunto com outras áreas, marketing, planejamento de comunicação, construção de reputação e feeling. Exige horas de trabalho com  disciplina diária e visão de longo prazo. É a consistência que sustenta os resultados, apoiada em relacionamentos sólidos capazes de abrir portas no momento certo.

Quando estamos construindo espaço para novos talentos, esse processo se revela com mais clareza, como por exemplo desde que comecei a trajetória com o rapper BK’. Conhecido como uma das referências no Rap, o artista tinha como meta dialogar também com outros públicos. Essa construção foi feita com lançamentos planejados, desde ICARUS (2022), onde casamos uma comunicação geral dentro do cronograma feito pela equipe do artista, até a chegada do novo álbum Diamantes, Lágrimas e Rostos pra Esquecer (2025), aliando pautas certeiras, que permitiu que sua presença fosse ampliada em veículos de maior alcance.

Cada projeto tem própria estratégia e, muitas vezes, as metas de uma carreira vão além do que acontece no palco. É o caso de Rachel Reis. A artista baiana buscava um espaço em que música e moda se encontrassem e todo o trabalho de imprensa foi voltado para esse posicionamento. São dois anos de desenvolvimento, conquistando páginas em veículos como Marie Claire e Glamour, associando sua imagem para além dos lançamentos das músicas. 

Contudo, o trabalho não termina quando a meta é atingida. A manutenção das conquistas exige continuidade, até mesmo nomes consagrados exigem estratégias de comunicação consistentes. Fiz parte da equipe de mais de 15 shows de Paul McCartney pelo Brasil, participei das impressionantes turnês de Madonna e Lady Gaga no Rio de Janeiro, e posso dizer que independente do tamanho do artista, o dia a dia do trabalho se mantém focado na construção, seja de presença, relacionamento, relevância, próximos passos ou o que for. 

Cada um desses eventos e artistas me trouxe desafios específicos, diferentes em escala e abordagem, mas todos sustentados pelo mesmo princípio: nada se consolida sem planejamento consistente. Quando perguntarem o que faz um assessor de imprensa, não pense apenas no momento de crise ou nas reportagens de sucesso. A verdade é que o trabalho é construir histórias que reverberam,  consolidam a credibilidade dos assessorados, e evidenciam anos de trabalho sustentado por paciência, estratégia e confiança.

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