
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo“. A citação bíblica que batiza o mais recente álbum de Veigh vai além de um verso de efeito. É uma síntese da caminhada de Thiago Veigh da Silva, o menino da Cohab 1, em Itapevi, que rimou suas dores até transformá-las em triunfo.
Mas “vencer o mundo”, para ele, não é sobre luxo ou fama. É sobre se manter inteiro, mesmo depois de ter tudo. E agora, com a EVOM Tour, esse grito íntimo ganha um palco à altura de sua história.
A trajetória de Veigh tem raízes fundas. Crescido entre prédios humildes na periferia de São Paulo, ele viu na música uma forma de se expressar, mas também de sobreviver. “Minha comunidade me construiu e moldou como pessoa e artista. Os valores que carrego desde lá são os mesmos que eu tenho de passar pra frente na minha arte”, explica ao TMDQA!.
Foi em 2021, ao vencer um concurso promovido pelo produtor Nagalli, que sua carreira deslanchou. Veigh logo virou referência nacional com o álbum Dos Prédios e, depois, com a versão Deluxe, que alcançou o Top 1 Global no Spotify.
Em pouco tempo, o artista acumulou bilhões de plays, furou bolhas, levou o trap aos ouvidos de quem talvez nunca tivesse passado perto da cena e, ainda assim, não se deixou moldar pela indústria. “Eu sempre quis mostrar da onde eu vim. Por isso, todo fim de show, eu passo uma visão para o público sobre a importância de acreditar.”
O peso da vitória
Com o disco Eu Venci o Mundo, lançado em junho de 2025, Veigh dá um passo além. São 16 faixas sem participações, produzidas entre Brasil, Chile e França, onde ele se permite ser vulnerável e confrontar suas próprias contradições.
“Esse disco é sobre vencer as adversidades da vida, sobre as dificuldades financeiras e até em relacionamento. Consegui falar sobre isso em outros tipos de instrumentais”, conta, ao comentar a decisão de abandonar zonas de conforto estéticas.
É por isso que EVOM soa diferente. Ainda que o trap seja a espinha dorsal, há influências de R&B, funk e até de produções internacionais, como a faixa com beat de Timbaland e sample de “Ayo Technology”, clássico de 50 Cent.
“A pessoa pode não gostar da minha música, mas quero que entendam o que estou fazendo. Olha o trabalho que estamos trazendo pra cena, as marcas, a gravadora que eu criei. Que se inspirem também nesse lado empresário.”
Artista genérico?
Nas redes, não é raro o termo “artista genérico” ser atrelado ao nome de Veigh. Mas ele rebate com naturalidade e técnica. “Esse discurso não existe porque eu sei fazer música em qualquer estilo. Me dá qualquer instrumental e eu vou conseguir criar. Eu me provo o tempo todo”, afirma.
E, de fato, se prova. Seja em faixas confessionais como “Filho da Promessa”, com clipe gravado em Portugal, ou nas batidas dançantes que carregam o legado do funk, sua identidade musical tem se expandido sem perder coerência.
Para ele, Eu Venci o Mundo não é disco sobre fama, é uma obra sobre sensibilidade. Sobre os conflitos que não somem com os números. “Esse disco também é bem íntimo. Quando eu fiz Dos Prédios, eu queria mostrar ao mundo onde queria chegar. Agora, eu quero mostrar tudo o que passei, apesar de todas as conquistas. O título do disco foi feito pra ser um grito de guerra pra quem está pedindo socorro.”
A força do palco
Essa catarse agora encontra o palco na EVOM Tour, que estreia no dia 25 de outubro, em São Paulo, no Espaço Unimed, sob realização da 30e. Com quase duas horas de show, cerca de 30 músicas e mais de 100 profissionais envolvidos nos bastidores, a turnê é o maior espetáculo da carreira de Veigh. “O show melhorou muito. A dança, que era algo elogiado, vai chegar com mais força. Quero que as pessoas saiam de lá e se sintam vencedoras.”
A estrutura cênica da turnê promete elevar o padrão de performance no rap nacional, incluindo performances ao vivo no teclado, algo que o próprio artista tem ensaiado, e a participação de todo o selo Supernova, sua gravadora. “No show, vou levar todos os moleques da Supernova para cantarem suas músicas e terem seus momentos, inclusive o próprio Nagalli para discotecar.”
A turnê ainda passará por estados como Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Confira toda a agenda completa no Instagram.
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A coluna que mergulha nas histórias, letras e batidas que estão redefinindo o cenário musical do Rap. Acompanhe de perto os lançamentos e a força das rimas que ecoam pelas ruas.
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