Karen Jonz
Foto por Pedro Pinho

A skatista, tetracampeã mundial e artista musical Karen Jonz carrega em sua bagagem muito mais do que manobras ousadas.

Sua trajetória sonora começou ainda na adolescência, entre sessões de skate e fitas cassete, quando descobriu que Lauryn Hill poderia ser muito mais que uma referência musical: era também um espelho de identidade e força. “Teve a fase do skate em que eu ouvia bastante Lauryn Hill. Eu e minha irmã fazíamos mixtapes só com mulheres, e a Lauryn era uma das nossas favoritas”, contou Karen em entrevista ao TMDQA! na última semana.

O impacto da cantora norte-americana ultrapassou o gosto musical. Karen recorda que foi justamente a mistura de Rap com melodia – algo que Lauryn Hill fez como pioneira – que a marcou profundamente.

Eu acho que [me inspira] principalmente por ela ser uma mulher preta nesse meio. Ela conseguiu misturar o Rap com a parte melódica, foi uma precursora em fazer isso. Sempre me pegou muito.

Diversidade no skate e carreira

Se no skate Karen enfrentava olhares tortos por levar playlists fora do padrão, hoje ela enxerga uma mudança significativa dentro das pistas.

Esses dias percebi que quem estava colocando a playlist era uma menina, e tocava Billie Eilish, Olivia Rodrigo, Lady Gaga… Antigamente, quando eu colocava minhas músicas, pediam para tirar. Agora vejo uma diversidade que antes não existia. Isso é muito massa.

Essa multiplicidade também aparece em sua carreira musical. Em janeiro, Karen lançou GUIZMO, seu segundo disco, um trabalho independente que reflete seu processo criativo mais orgânico. “Eu tenho feito tudo em um ritmo muito meu, sem a pressa de lançar single a cada dois meses. É mais saudável assim”, disse. O álbum tem se desdobrado em novos projetos, como o clipe da faixa “Traço Tóxico”, parceria com Arthur Mutanen (ex-Bullet Bane), que será lançado em breve.

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Entre os shows planejados, Karen confessa a ansiedade para levar o álbum ao palco.

Como é um disco mais orgânico que o primeiro, acredito que ao vivo ele vai soar até mais legal do que no estúdio. Quero fazer apresentações pontuais, porque não tenho ainda um público consolidado em várias cidades. Mas quando rolar, quero que seja especial.

Trilha sonora da vida de Karen Jonz

A formação sonora de Karen Jonz é uma verdadeira colagem de estilos e fases. Do Rock alternativo dos anos 90, ouvindo Hole, No Doubt e Alanis Morissette, ao Grunge-pop de bandas como Silverchair, passando pelo Emo e Indie dos anos 2000, de My Chemical Romance a The Shins – sua trajetória musical acompanhou os mesmos altos e baixos de sua carreira no skate. “Eu frequentava muito a Hot Topic, e tinha um pouco de vergonha de admitir que gostava de certas coisas, tipo Tokio Hotel. Mas eu era enlouquecida por eles”, lembrou.

As influências também vieram de casa: Djavan, Fábio Jr., Roupa Nova e Marisa Monte eram trilha constante no ambiente familiar.

A coisa que eu mais ouvi na vida foi Djavan, porque meu pai era fã de carteirinha. Minha mãe adorava música brasileira. E ainda tinha minha fase pop: de New Kids on the Block a Backstreet Boys. Fingir que não gostava não adiantava, porque eu gostava mesmo.

Essa pluralidade é o que dá corpo ao trabalho atual de Karen, que se permite transitar entre estilos sem amarras. Seja em cima do skate, enfrentando estereótipos de gênero, ou em frente ao microfone, experimentando sonoridades diversas, ela constrói uma identidade que não cabe em rótulos.

Eu acho maravilhoso ver hoje meninas dominando playlists nas pistas. Isso mostra como a diversidade está cada vez mais presente e como a música pode ser uma forma de ocupar espaços.

Unindo referências que vão de Lauryn Hill e os Fugees à música brasileira, passando pelo Rock, Emo e Pop, Karen Jonz prova que sua identidade artística é tão plural quanto sua trajetória de vida.

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